taylor swift: the eras tour lisbon n1

Acho que este é um dos textos mais entusiasmantes que vou escrever em toda a vida. A miúda de 13 anos que cantava e dançava You Belong With Me pelo quarto não acreditaria que isto aconteceu, a miúda de 18 anos que chorou um coração partido com o Red não acreditaria que isto aconteceu, a miúda de 20 anos que viveu o 1989 durante anos torceria para que isto acontecesse, a miúda de 25 anos que viu o Loverfest ser cancelado na pandemia sabia que isto aconteceria, mas juro que a miúda de 29 anos ainda não consegue acreditar que aconteceu mesmo.

Antes de começar, quero dizer que me sinto mesmo muito agradecida e privilegiada por ter podido ver a Taylor ao vivo, principalmente por a ter podido ver tão perto, por ter vivido tudo como vivi. It’s been a long time coming but…

Pré-Eras Tour

O primeiro passo para ir à The Eras Tour começou quando ainda não havia Eras Tour. Assim que ela anunciou o Midnights, em agosto de 2022, começaram os rumores de uma tour e eu decidi começar a juntar dinheiro. Sabia que os bilhetes seriam mais caros e mais difíceis do que tinham sido na altura em que era suposto ela ter vindo ao NOS Alive portanto quis começar desde logo a poupar dinheiro para bilhetes. Sim, sem saber quando ou se Portugal estaria incluído.

Conseguir bilhetes

O sistema de registo para obter um código foi novo para mim e foi muito chato. Inscrevi-me com dois e-mails (o meu e o da minha mãe) para Lisboa, Madrid e Edimburgo. Não consegui código para nenhum na altura. Do meu grupo, só uma pessoa conseguiu código, portanto teve de ser ele o salvador da pátria.

Para comprar bilhetes, foi uma guerra absoluta também. Só ao fim de duas horas conseguimos entrar no site, já não havia bilhetes para o dia 25 (só VIP acima do nosso orçamento) e fomos para o dia 24. Front Stage Direito. Podia parecer tudo resolvido, mas houve tantos bilhetes cancelados nestes dez meses que acho que tememos sempre um bocadinho.

Acabei por receber código para Madrid quando ela anunciou a segunda data, mas já não consegui comprar bilhete (e sinceramente não teria orçamento) e para Lisboa recebi na manhã de dia 24, estava eu na fila. Infelizmente não havia nenhum barato para o dia 25, caso contrário poderia ter cometido uma pequena loucura. Entretanto, uma amiga conseguiu código para outra cidade europeia e, na verdade, esse foi o primeiro bilhete de Eras Tour que consegui — mas sobre esse falamos na devida altura.

O outfit

Como já estávamos com a Eras a decorrer nos Estados Unidos eu soube, desde o primeiro momento, qual seria a era que queria no meu outfit. Acho que se pode ir com uma roupa normal, mas com tantos meses entre comprar bilhetes e ter o concerto acho que há um efeito de antecipação muito interessante da Eras Tour: assistir a lives, ver as surprise songs, escolher outfits, fazer pulseiras da amizade…

Para a minha primeira vez a ver a Taylor queria ir vestida da era que mais me marcou e que tem um dos álbuns da minha vida: 1989. Podia ter escolhido a era que me tornou fã, mas o 1989 tem uma história mais impactante na minha vida e também foi por lá que decidi fazer a minha primeira tatuagem portanto comecei a procurar ideias e roupas durante o verão. Em setembro tinha todo o outfit em casa: top preto, saia azul, casaco cinzento, tudo a lembrar a 1989 World Tour.

Logísticas de deslocação e alojamento

Com meses de antecedência reservei hotel na zona de Entrecampos, visto que os mais perto já começavam a sofrer do efeito Taylor Swift e estavam caríssimos. A dica principal foi mesmo tentar reservar alojamento com antecedência para ainda ter um preço razoável. Acabei por ficar no VIP Executive Zurique com uma bela promoção do Booking, portanto valeu a pena.

A deslocação comprei apenas um mês antes, porque não sabia bem os meus horários de quinta-feira (o dia em que iria para Lisboa). Fui de comboio, consegui bilhetes com desconto de antecedência, mas no regresso ao Porto lembrei-me do motivo pelo qual a CP me irritou durante anos: cheguei ao Porto 1h05 depois do suposto.

As filas (e a organização horrível da noite 1)

Fomos para a fila às 8 da manhã. Como era zona em pé queríamos ter um lugar decente e ir cedo foi a melhor opção. Comprámos águas, comida, protetor solar e fomos esperar. Até aqui tudo parecia meio organizado. A fila já estava bem formada quando chegámos, mas nada de extraordinário e estava-se bem.

Ao longo do dia acho que falharam algumas coisas, a começar pela quantidade de casas-de-banho disponíveis. Estamos a falar de milhares de pessoas, principalmente mulheres, portanto haver poucas casas-de-banho é chato. Piorou quando começou a chegar a hora de entrar. Só começaram a deixar entrar mais de meia hora depois do suposto. Na zona onde estava, mandaram tirar a tampa da garrafa de água e, como ia com a mala aberta, viram o protetor solar (de spray) e disseram que tinha de o deixar ali. Não revistaram mais nada, por isso se soubesse o que sei hoje tinha metido o protetor no fundo da mala e seguia contente.

A fila para passar bilhetes foi uma confusão. Aliás, chamar fila àquilo é um exagero porque foi um amontoado de gente que não se pode dizer que estava em fila. Nessa parte, deram copos a todos para podermos despejar as garrafas. Confesso que a desorganização me surpreendeu porque tinha muito boas opiniões da organização do Estádio da Luz tanto em dias de jogo como em concertos. E se me estou a queixar das filas de acesso ao relvado e front stage, não imagino as bancadas — que estiveram meio vazias durante os Paramore porque a organização do evento foi tudo menos organizada. Vergonhoso.

Menos vergonhoso foi o sistema de água. Havia pontos de refill gratuito de água a meio do espaço e os seguranças junto às grades tinham garrafas também para distribuir água gratuitamente. É um dia em que, infelizmente, muita gente acaba por comer mal e beber pouco com medo de ter de ir à casa-de-banho e perder lugares e pelo menos assim sempre se garante qualquer coisa. Eu comi bem e bebi 1,5 l de água durante o dia, pedi duas vezes água lá dentro e foi muito tranquilo. Apanhei tanto calor, dancei tanto, suei tanto que tudo o que bebi não se notou.

A minha parte preferida da espera: trocar pulseiras

Adorei fazer pulseiras da amizade. Achava que ia ser chato, só comecei a fazer dois meses antes, quando já muita gente andava a fazer, mas acabei por me divertir a fazê-las e foi meio relaxante para mim poder fazer as pulseiras. Mas queria mesmo era trocá-las. Tinha algum receio de o pessoal não ter aderido, mas levei 113 pulseiras e a meio da manhã fomos pela fila trocar pulseiras e demos também algumas a pessoas que não tinham pulseiras ou que tinham poucas.

Sinceramente, foi um dos momentos mais bonitos entre fãs que já vivi. Trocar pulseiras foi tão especial. Ver as pessoas escolher a que lhes dizia mais, escolher a que nos dizia mais, conversar sobre o concerto, receber elogios ao outfit, ver a cara das pessoas que não tinham pulseiras quando lhes dizíamos para escolherem uma na mesma. Numa época em que muitas vezes vemos o fandom abusar, ver os fãs numa experiência de troca tão bonita foi algo muito especial. Distribuímos na fila, tive algumas meninas a chamar-me para trocar e mesmo dentro do estádio dei pulseiras a uma menina que teve ali o seu primeiro concerto de sempre (DE SEMPRE!) e dei também à mãe dela. Curiosamente, no sábado, quando andava por Lisboa acabei por trocar mais duas vezes pulseiras. Acho que nunca vou esquecer esta sensação. 🫶

Ver Paramore ao vivo

paramore the eras tour Lisbon

A memória de quando comecei a ouvir Paramore está um bocadinho mais viva do que a memória de quando comecei a ouvir Taylor… o que é estranho porque os Paramore vieram primeiro. O ano era 2007, a música rock e rock alternativo enchia o meu mp3 (!!!) e a irmã mais velha de uma das minhas melhores amigas da altura sugeriu-me Paramore e passou-me o primeiro álbum. Semanas mais tarde passou-me o segundo álbum. Cresci a ouvir Paramore e a amar — ter uma banda rock com uma vocalista tão poderosa quanto a Hayley era o melhor de dois mundos. Quando foram anunciados como a primeira parte dos concertos na Europa fiquei muito feliz! Ia finalmente poder vê-los ao vivo! Apesar de não ter gostado tanto do último álbum, continuo a gostar muito deles e a Still Into You e Misery Business tocam frequentemente nas minhas playlists.

Tenho pena de que, por causa da organização, eles não tenham tido o estádio cheio na primeira noite, mas, ainda assim, sinto que o concerto deles foi incrível na mesma e que o público retribuiu muito bem a energia. A Hayley continua a ter uma presença de palco absurda, um vozeirão do caraças e acho que a setlist, mesmo curta, consegue mostrar muito bem quem é a banda ao mesmo tempo que começa a preparar os ânimos para quem vem a seguir.

Tive a sorte de assistir ao concerto junto a um grupo de espanhóis que adoram Paramore, então foi muito divertido ver as reações deles e até berrarmos em conjunto quando a Misery Business começou. Além disso… aconteceu-me algo surpreendente, com que não contava mesmo: emocionei-me MUITO na The Only Exception. É uma música de que gosto muito e que acho muito bonita, mas não contava com lágrimas e elas vieram, oh, se vieram.

The Eras Tour: sim, as pessoas querem ver concertos de 3 horas dos seus artistas preferidos

Are you ready for it?

Não vou dizer que não tinha as expectativas muito elevadas. Já vi dezenas de livestreams, embora veja mais as partes das músicas surpresa, vi o filme no cinema e já revi em casa algumas vezes, mas sabia perfeitamente que ao vivo seria outra experiência — e acredita que ao vivo tudo tem um impacto diferente. Conseguimos ficar entre a 4.ª e a 5.ª filas, mais ou menos dois metros acima do pico do diamante, portanto tínhamos visão privilegiada e tivemos a Taylor bem à nossa frente muitas vezes. Não sei sequer como estou viva depois de ela ter cantado we are never ever ever getting back together a olhar na minha direção.

Mas vamos com calma, um era de cada vez.

Senti-me logo emocionada assim que começou a introdução e achei tão bonito ver tudo ao vivo, as cores, o movimento dos bailarinos. Tudo tão bonito! A surpresa e o encanto continuava sempre que havia transições entre eras. Não havia momentos parados e as transições eram tão detalhadas e bonitas. Acho que olhei para todas as transições com o ar mais embasbacado da vida, mas realmente estava completamente fascinada.

Lover

Adorei de início que Miss Americana fosse a primeira música e acho que é mesmo a maneira certa de começar a Eras: foi mesmo a long time coming. Neste ato, acho que o ponto alto é Cruel Summer e aquele momento em que ela acaba a música e percebemos que estamos todos com a mesma energia e essa energia passa para a Taylor é soberbo. Também gostei muito de cantar The Man em plenos pulmões e até You Need To Calm Down, que não adoro, funciona muito bem ao vivo.

Fearless

A era Fearless é uma das minhas favoritas e além de me ter emocionado assim que ela sai da porta aos saltos, posso dizer que chorei que nem um bebé na Love Story, algo que não esperava. É um ato muito especial e acho que se sente muito isso no público. Ainda por cima tivemos muito Fearless na primeira noite, mas já lá vamos.

Red

O momento de entregar o chapéu de 22 é sempre bonito e adorei assistir. Adoro também a dinâmica de, na We Are Never Ever Getting Back Together, o Kam ter uma parte para dizer like ever adaptado a cada local. Na noite 1 foi nunca mais, na 2 foi muito cómico com o nem que a vaca tussa, algo que nunca esperaria.

Um dos pontos altos do concerto foi a All Too Well, que acho que empata com reputation a nível de gritaria. São dez minutos de música e ainda assim não perde força em nenhum momento, do primeiro ao último verso. Foi muito bonito cantá-la com milhares de pessoas.

Speak Now

Amei, amei, amei a introdução com as bailarinas. Que momento bonito! Confesso que apesar de adorar a Enchanted foi uma das músicas que me cansou quando viralizou nas redes, mas foi muito bonito cantá-la ali, ainda por cima estava ao lado de um espanhol que ama a era Speak Now, então ele sentiu muito a música.

Reputation

A energia que se sentiu neste ato, nem tenho palavras! Fiquei com a sensação de que foi a era que levou muita gente à minha volta a tornar-se fã ou que seria a era preferida. Adorei cantar e dançar tudo, mas tenho de ser sincera e admitir que Don’t Blame Me e Look What You Made Me Do foram os pontos altos, ainda por cima com tanto de Don’t Blame Me a acontecer à minha frente.

Folklore/Evermore

Foi a grande mudança da setlist pré-TTPD e acho que resulta muito bem em conjunto, uma vez que não quebra tanto o ritmo do espetáculo. Aqui tenho de realçar champagne problems (onde chorei) e a incrível ovação que lhe sucedeu, com direito a luzes do estádio acesas para a Taylor poder ver os fãs. Que momento soberbo! Foi simplesmente magnífico!

Também gostei muito de august x illicit affairs, mas foi marjorie, como esperava, que voltou a roubar-me lágrimas. É uma música muito especial e o momento ao vivo foi ainda mais especial.

1989

It’s my era and I’ll scream if I want to.

Embora a setlist de 1989 não inclua os meus favoritos, à exceção de Wildest Dreams, acho que é outro ponto alto do concerto. Não há palavras que cheguem para explicar o sentimento fixe que é cantar e dançar Shake it Off num estádio cheio. Claro que o momento mais especial e emotivo para mim foi Wildest Dreams, como não podia deixar de ser, e, curiosamente, gostei muito da energia de Bad Blood. É uma das músicas de que menos gosto no álbum, mas ao vivo foi de incendiar — literalmente há fogo.

The Tortured Poets Department

Vi a estreia deste ato num stream da primeira noite de Paris e estava muito entusiasmada para ver ao vivo porque é excelente e acho mesmo que é o melhor ato da setlist. Os meus momentos favoritos são Who’s Afraid Of Little Old Me e a bridge de The Smallest Man Who Ever Lived, que é tão, mas tão poderosa ao vivo que tenho visto o vídeo várias vezes porque amo.

Deste ato, admito que me emocionei um bocadinho com a música mais improvável: So High School, porque é uma música que me diz muito neste momento da vida. E adorei I Can Do It With A Broken Heart, o instrumental dá ares mais disco/dance e adorei, adorei, adorei.

Músicas Surpresa

Honestamente, começava a achar que havia uma música que nunca seria tocada ou que seria deixada para o último concerto da tour ou algo do género: The Way I Loved You. Era esperada e pedida por todos e nunca vinha, por isso juro que pensei que não ia acontecer nunca. Eis que a Taylor começa a tocar Come Back… Be Here e estamos bem, gosto muito da música, e de repente o mashup traz The Way I Loved You e eu não sei como sobrevivemos porque foi épico. E como não há duas sem três, ainda terminou a juntar The Other Side Of The Door. Ganhámos muito, Lisboa!

No piano tivemos mais um mashup meio improvável, com Fresh Out The Slammer e High Infidelity, e fiquei muito contente porque amo High Infidelity e nunca esperei ouvi-la (pensei que ficava só para os dias 29 de abril 🤣). Já Fresh Out The Slammer é uma música que acho que gostei mais de ouvir ao piano do que na versão do álbum, porque gosto da letra, mas a concretização da versão de estúdio, na parte em que passa para a bridge, não me convence totalmente.

Midnights

O último ato da noite tem um dos momentos mais espetaculares do concerto, que é Vigilante Shit. Acho incontornável e gostei mesmo desta parte. Adorei cantar Anti-Hero, foi muito giro ver toda a gente fazer a coreografia de Bejeweled, continuo a achar que Mastermind ao vivo resulta muito melhor (de onde estava a performance perde um bocadinho porque não vemos o tabuleiro de xadrez, mas é espetacular na mesma) e acho mesmo que Karma é uma excelente música de despedida.

Poder ver a Taylor ao vivo era algo que queria há muitos anos. Já contei que a ouço há dezasseis anos, portanto foi uma vida à espera deste momento. Foi muito especial poder vê-la pela primeira vez num lugar bastante bom, ainda por cima acompanhada do Jotinha. Sinto mesmo que a música dela foi algo que impulsionou muito a nossa amizade, lá no ido ano de 2015, e poder ouvir 1989 ali, com ele, foi muito especial, mais ainda sendo na zona de Lisboa onde passei mais tempo naquela altura.

Foi uma experiência única, desde a partilha de pulseiras ao concerto em si. Acho que, apesar de a setlist ser igual de noite para noite, cada concerto será sempre uma experiência diferente, tanto pelo lugar do estádio em que se está como pelas pessoas à nossa volta ou até pela nossa companhia. Aquilo que senti foi que havia um espírito muito diferente neste concerto. Sentia-nos mais livres, mais à-vontade. Chorámos, cantámos, berrámos, dançámos e acho que nem por um segundo nos sentimos incomodados ou autoconscientes. Não é em todos os concertos que isso acontece e foi mesmo bonito sentir que era um espaço seguro.

Toda a produção é ainda mais impressionante ao vivo e juro que ver a Taylor de perto está no topo de melhores coisas que já me aconteceram na vida. Assistir a concertos é, por si só, um momento marcante e muito bonito, mas assistir à The Eras Tour supera qualquer experiência de concerto. São quase três horas e meia sem perder o ritmo, sem parar de cantar, sem parar de sentir a música. A produção do palco é absurda, os bailarinos são extraordinários, a banda tem sempre um sorriso na cara e a Taylor é uma força da natureza. Eu vi-a à minha frente e continuo a não acreditar que ela é real porque é impossível aquela mulher fazer tudo aquilo sem perder uma batida, mesmo quando teve de pedir ajuda em português. Tê-la-ia ovacionado de luzes acesas em todas as músicas porque ela merecia. Foi muito, muito, muito bonito. Mal posso esperar por viver tudo outra vez!

One Reply to “taylor swift: the eras tour lisbon n1”

partilha a tua teoria...