daylight

Quando escrevi sobre Suar do Bigode, que vi online, escrevi que torcia para que a Bumba na Fofinha regressasse aos palcos para tentar a sorte e ir vê-la ao vivo. Não esperava que fosse realmente preciso sorte para conseguir bilhetes, mas houve alguma envolvida no processo de compra de bilhetes para este novo espetáculo: Sombra.

O novo solo da dona Bumbs pretende ser um confessionário de ruindades sobre o nosso lado mais sombrio, mesquinhozinho e egomaníaco no papel de mães, filhas, amigas e amantes. Todos estes papéis ligam na perfeição ao longo do espetáculo, com transições bem estruturadas e histórias bem contadas.

Mais uma vez, à semelhança de Suar do Bigode, a Bumba faz um espetáculo que não se fica só por um bom texto e usa os meios que tem à disposição para dar um toque extra: desde ter um carrossel em palco ao uso da música e até àquilo que passa nos ecrãs. Além disso, ainda consegue trazer lágrimas para a comédia.

Tenho gostado cada vez mais destes formatos de stand up que vão além da comédia e do storytelling e trazem temas mais difíceis ou que seriam quase considerados intocáveis para a comédia. Sinto que dão uma leveza aos assuntos pesados e mostram realmente que é preciso aprender a rir na sombra e neste solo, com a luz e com a sombra, acredita que é na sombra que as gargalhadas parecem ter mais força.

Sombra liga-se em pequenas histórias sem perder ritmo e consegue que temas e abordagens diferentes convivam na perfeição de mostrar as várias facetas da Bumba. Não sei compará-lo com Suar do Bigode, mas reitero aquilo que o primeiro solo me fez sentir: temos aqui uma das melhores da atualidade. É aproveitá-la sempre que se quiser aventurar num solo.