Uma das minhas memórias mais antigas é a da carrinha da Biblioteca Itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian ir à minha escola primária. Esta biblioteca e, posteriormente, as bibliotecas da escola básica e da escola secundária foram alimentando o meu gosto pela leitura. Tenho a sorte de ter havido sempre incentivos à leitura em casa, mesmo quando não havia dinheiro para comprar livros, pelo que as bibliotecas e os livros emprestados fizeram sempre parte dos meus hábitos. Depois, durante o secundário, comecei a comprar alguns livros e foi preciso começar o mestrado para me inscrever novamente numa biblioteca, desta vez na do Porto. No entanto, fora leituras do mestrado, acabei por não lhe dar o uso devido. Até posso pedir livros emprestados a amigos, mas ir à biblioteca parece exigir uma logística que, admito, nem sempre me apetece agilizar.
No entanto, acho que tudo o que nos permita ler mais por menos dinheiro é um excelente negócio. O Kobo Plus é uma dessas opções, claro, mas poder ler gratuitamente através das bibliotecas é ainda melhor. E é aqui que entra a Biblioled.
Quando se começou a falar desta plataforma de empréstimo de ebooks fiquei logo entusiasmada. O empréstimo de ebooks prometia ser a forma certa de me fazer voltar à biblioteca. Com quase um mês de Biblioled disponível na Área Metropolitana do Porto, achei por bem falar um pouco sobre a experiência até ao momento. Já requisitei cinco livros, por isso deixo algumas considerações.
Pontos fortes
- Os processos de requisição e de devolução são simples e intuitivos;
- O catálogo, para início, é interessante, variado e apelativo. Alguns livros estão disponíveis no Kobo Plus, mas há muitos outros que não estão (principalmente da Penguin e chancelas) e acho que será uma excelente oportunidade para poder explorar alguns autores de forma gratuita.
- Muitas reservas ficam disponíveis mais cedo do que o esperado, pelo que os tempos de espera podem parecer assustadores, mas também nos fazem tornar um pouco mais conscientes daquilo que queremos ler.
Pontos fracos
- Muitas editoras ainda não sabem configurar devidamente os seus ebooks, pelo que pode acontecer que só dê para ler alguns livros pelo computador sob pena de estarem totalmente desformatados (sim, estou a falar de ti, Companhia das Letras!);
- O catálogo precisará de se manter atualizado e em constante crescimento, até porque faltam alguns autores importantes e só com um catálogo atualizado se conseguirá manter relevante.
Até ao momento requisitei cinco livros: Amigos (Marisa G. Franco), Limpa (Alia Trabucco Zerán), Comer/Beber (Filipe Melo & Juan Cavia), Cor-de-margarida (Capicua) e Conversas Com Escritores (Isabel Lucas). O primeiro estava disponível de imediato e os restantes foram por reserva, sendo que só o Conversas Com Escritores não ficou disponível antes da data prevista. Infelizmente, Comer/Beber e Cor-de-margarida tive de ler no computador, porque a configuração dos ebooks não permitia ler no Kobo. Conversas com Escritores também não estava formatado de forma completamente correta, mas deu para ler.
Ainda assim, tenho na lista de leitura uns quarenta livros e acho que serei utilizadora mais ou menos regular, porque é uma excelente oportunidade para poder ler alguns livros que me interessam, mas que não quero comprar. Acredito, honestamente, que a Biblioled vai ser uma solução excelente para quem quer ler mais e gastar menos, sem ter de recorrer a meios ilegais. E espero mesmo que o catálogo vá crescendo. Prevejo uma bela amizade entre nós.