três [valérie perrin]

No início do ano fiz um exercício de adivinhação e, dos livros que tinha por ler, escolhi aqueles que achava que seriam favoritos do ano. Um desses livros era Três, da Valérie Perrin. Depois de Breve Vida das Flores, este era o livro da Valérie sobre o qual mais ouvia elogios e, por isso, esperava que fosse uma leitura soberba. Felizmente, antes deste li *Os Esquecidos de Domingo* e correu tão bem que sabia que já tinha o meu favorito da Valérie. Só por causa disso é que custou menos Três não ter sido o livro que eu esperava que fosse.

Três traz-nos três amigos: Adrien, Étienne e Nina. O grupo conheceu-se aos dez anos e tornou-se desde logo família. Trinta anos depois é encontrado um carro no fundo do lago da cidade pequena em que os três cresceram. A cobertura jornalística do caso fica a cargo de Virginie, que vai descobrindo também o que aproximou os três amigos e as pessoas em que eles se tornaram.

Beeeeem, por onde começo? A escrita da Valérie é boa e, sobre isso, nunca tive dúvidas. No entanto senti que em Três se arrastou e, por vezes, me afastava da história. Esperava envolver-me mais, agarrar-me ao livro como me agarrei aos anteriores, mas tal não aconteceu. Apesar de até ter gostado do geral da narrativa, gostava de ter lido algo mais polido.

Em contrapartida gostei da maneira como a personagem de Virginie nos é explicada, apesar de ter sido relativamente simples perceber que aquele seria o caminho da história. Adorei as referências musicais de toda o livro e, apesar de tudo, achei interessante ver o crescimento destas personagens desde crianças até à idade adulta, principalmente porque havia traços em criança que acabaram por se tornar ponto central das suas versões em adultos.

Não quero que penses que é um livro mau, porque não é, mas é o tipo de livro em que temos de ter paciência para o tempo que muitas coisas nos demoram a ser contadas, sempre conscientes de que isso pode significar sentir que a história está a engonhar ou a demorar demasiado a chegar onde achamos que vai chegar. Mas, ainda assim, é a Valérie Perrin a engonhar e lê-la é sempre um gosto.