BE THE PERSON YOUR DOG THINKS YOU ARE

dama
Uma vez ouvi uma pessoa dizer, envergonhada, que tinha chorado muito quando o cão tinha morrido. Já me tinham morrido duas cadelas, por isso compreendia o choro e a dor, mas não compreendia a vergonha. Claro que sei o motivo da vergonha: há muita gente que não percebe (ou não quer perceber) que perder um animal de estimação dói. Para mim foi muito difícil, atirou-me completamente para o fundo e ainda hoje não garanto que consiga falar disso sem sentir lágrimas nos olhos.
Durante muito tempo havia sempre perguntas sobre quando arranjaríamos outro cão. Honestamente, era uma resposta que não podia dar. Às vezes achava que estava pronta, outras vezes achava que nunca estaria pronta. Claro que, depois, veio a Lady B e conquistou-nos, mas, quando ainda estávamos de luto, sentia muitas vezes que as pessoas não compreendiam. Já passou uma semana. Já passou um mês. Já passou um ano. Já passaram dois anos.

A Dama foi a minha melhor amiga durante mais de 14 anos e meio. Não tenho vergonha de o dizer. Foi desde que era um bebé tão pequenino que só queria apertá-la para me certificar de que era real. A Lady já é a melhor amiga e a cada dia vejo-a ter mais e mais confiança em nós, gostar mais de nós, fazer coisas que a Dama fazia e coisas que nunca vi fazer. Arranjar um cão não apaga a dor de perder o outro, porque também não apaga as recordações. É por isso que há dois dias no ano em que as saudades da D falam mais alto. Hoje, em que ela faria anos, e em Outubro, quando morreu.

Perder um animal é perder um membro da família. Não é como perder um membro da família. Não. É perder realmente alguém da família. Quem os tem sabe que é assim. E quando eles vão embora há sempre uma parte da família que fica triste, vazia, sem alegria. E ficará sempre. Resta aproveitar cada segundo quando os temos, dar miminhos extra mesmo quando nos dizem que vão ficar demasiado mimados, aceitar que aquele lugar do sofá deixou de ser nosso, dar todos os beijinhos possíveis (com a Lady são poucos), esquecer o cansaço e brincar, sair com frio e até chuva para passear, falar durante horas mesmo sem ter uma resposta, saber que, no fim do dia, eles estão ali para nos amar porque nós também os amamos.

Em dias como hoje lembro-me sempre daquela frase que diz: be the person your dog thinks you are. Seja qual delas for. É que isto de ter membros patudos na família significa que vamos ter sempre alguém que nos ama de forma incondicional, para quem somos espectaculares. E se eles acham que somos assim, por que raio não havemos de o ser realmente?

3 Replies to “BE THE PERSON YOUR DOG THINKS YOU ARE”

  1. Sinto que ainda há muitas pessoas a não compreenderem esta dor, como se fosse algo disparatado. Mas não é. Aliás, nenhuma perda deve ser desvalorizada. E perder um animal que se torna parte da nossa vida magoa imenso! Hoje, convivo melhor com essa perda, mas sei que continuará a magoar recordar o momento em que me despedi do Fofo, da Fany e do Simba. E, honestamente, estou pouco importada que não percebam as feridas que ficam.
    Eles merecem o nosso melhor <3

  2. Entendo-te tão bem! Quem os tem entende a falta que nos fazem e o vazio que deixam quando vão embora. Perdi no ano passado uma gata e sei que vou sentir falta dela para sempre. E o facto de termos outro animal, nunca será substituição, porque eles são diferentes, porque eles nos dão memórias que ficarão para sempre connosco. Perder um animal de estimação dói, é uma companhia que desaparece, é um amor que deixa saudade.

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