lí·der
(inglês leader)
substantivo de dois géneros
1. Pessoa que exerce influência sobre o comportamento, pensamento ou opinião dos outros.
2. Pessoa ou entidade que lidera ou dirige.
3. Chefe de um partido ou movimento político.adjectivo de dois géneros e substantivo de dois géneros.
4. Que ou o que lidera determinado sector de actividade ou uma competição.
[in Priberam.org]
Estamos num momento social e político particularmente relevante, principalmente a nível mundial. Não só pelos líderes mundiais, tanto presidentes como primeiro-ministros ou equivalentes, mas também pelos líderes de opinião. Quando, para aí no 10.º ano, falávamos de líderes de opinião nas aulas (de Filosofia?), a definição era a de pessoas especialistas em determinada área que tinham influência e cuja opinião era relevante para um conjunto de pessoas. Hoje em dia não sei se poderíamos limitar o conceito assim. Surgiram os influencers, as redes sociais tornaram-se uma constante para muita gente, os comentadores (seja de que assunto for) passaram de um número limitado para um sem-número de pessoas que têm opiniões e querem dá-las.
Além disso, cada vez mais se tem quase exigido dos artistas e das figuras públicas que se posicionem politicamente. Desde as últimas eleições nos Estados Unidos às mais recentes no Brasil, as pessoas pedem que os artistas de que gostam digam de que lado estão, que valores defendem. Neste tempo que antecedeu a primeira volta das eleições do Brasil, li alguns artigos sobre como os fãs de vários artistas brasileiros estavam a tentar cobrar-lhes um posicionamento político, principalmente por todo o movimento #EleNão. Quando a Anitta seguiu uma conta de Instagram de um apoiante do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, muitos quiseram que dissesse se apoiava os valores dele. Aliás, houve vários momentos em que vi que as pessoas exigiam um posicionamento dos grandes artistas brasileiros em relação às declarações do Bolsonaro.
Também há uns dias, mas nos Estados Unidos, a Taylor Swift fez uma publicação em que dizia em que candidato ia votar nas eleições, posicionando-se em relação a alguns assuntos sensíveis e incentivando os seguidores a registarem-se para votar. Quando o fez houve várias críticas, incluindo de alguém que achou que ela se devia manter fora da política porque não tinha fãs com idade para votar. Sabem o que aconteceu? Houve um pico de registos, principalmente localizado no estado do Tennesee, de onde ela é.
Cada vez mais precisamos de líderes que defendam minorias, que sintamos que nos representam. E, ao mesmo tempo, acho que as pessoas têm procurado ter esses líderes também fora da política. Querem seguir o que os artistas e as pessoas de que gostam dizem e fazem, aquilo que defendem, as opiniões que têm. E já nem é só em artistas, mas nos chamados influenciadores digitais. Bloggers, youtubers, o que for. Procuram ser guiadas por estas pessoas, procuram pessoas com quem se identifiquem. E a responsabilidade destas pessoas, de youtubers a super-estrelas planetárias ao nível da Taylor Swift, é cada vez maior. Já não podem limitar-se a ficar sentados a ver o mundo passar. Se acreditam em determinadas causas são chamados a falar por elas, a lutar por elas.
Não sei que interpretação os outros participantes do 1+3 terão dado ao tema, mas, para mim, era importante falar sobre quem tomamos por líder hoje em dia. Principalmente quando parece que toda a gente se auto-denomina influencer. Influenciam quem a fazer o quê?
Ser influenciador, ser líder, é uma responsabilidade tão grande! As mensagens que os líderes, sejam eles de que área forem, passam hoje em dia são as mensagens de que vão ter influência nos líderes do futuro. Mas não acho que os de hoje tenham sempre noção da responsabilidade que têm e, acima de tudo, da forma como as mensagens que passam são recebidas. É que há muito ruído. Ruído que vem de líderes irresponsáveis, talvez. E com tanto ruído as mensagens claras são cada vez mais importantes. Não é só tirar fotografias com a população, não pode ser partilhar mensagens de exclusão social, não é separar famílias, não é incentivar o ódio. Os líderes de hoje, com tudo aquilo que as redes sociais trouxeram, o bom e o mau, precisam de saber ser líderes. E nem todos o sabem ser.
O post que tenho preparado gira também em torno disto – talvez numa vertente mais política. A verdade é que me assusta a facilidade com que o populismo conquista a simpatia das massas e ajuda a intolerância e o ódio a ganhar terreno. Acabo por entender que seja cobrado a quem tem uma voz que tome uma posição – num clima tão agreste a nível mundial como temos, e com tanta informação a circular, acho que é quase impossível para qualquer ser racional ser neutro. E ainda ontem discutia isto: se alguém tem alcance – influencers, digam-se – a minha opinião é que deve de facto pelo menos ter cuidado com o que diz. Se quiser dar a sua opinião, óptimo, mas com noção das consequências que a sua influência tem (como foi o caso que falaste da Taylor Swift).
Jiji
Vou estar atenta para ler o teu assim que sair porque sei que dás sempre opiniões excelentes e fundamentadas, principalmente numa altura em que o cenário político mundial está… assustador!
Já tive a oportunidade de abordar o tema e uma das ideias que lancei foi a de haver uma responsabilidade repartida. Porque os líderes de hoje – seja da área que for – somos nós que escolhemos. Por isso, se dermos espaço a alguém cujos valores não são sérios, as consequências somos nós que as sofremos.
Tem que haver consciência de parte a parte. Enquanto líder, a pessoa tem que ter noção da influência que exerce sobre os outros. Mas eu, enquanto membro ativo da sociedade, também tenho de escolher bem; tenho que deixar que sejam as pessoas certas a exercer influência sobre mim. No entanto, não podemos agir só em função de ou, então, achar que só há uma verdade absoluta
Excelente participação! Acho que focaste um caminho muito pertinente
Não podia estar mais de acordo! Obrigada! 🙂