#RRSP17: A VIDA É SÓ FUMAÇA

Já perdi conta ao número de vezes que li este livro. O Goodreads diz que foram cinco, mas não posso ter a certeza. Comprei-o em 2011, no 11.º ano. Na altura tinha poucos livros, não chegavam a vinte. Hoje, tenho noventa. São muitos mas, de vez em quando, gosto de voltar a este livro. Não o leio há dois ou três anos, não sei bem, mas continuo a saber alguns textos de cor. Aliás, sempre que começo o primeiro texto tenho aquela sensação de que sei perfeitamente o que vai acontecer a seguir… e adoro!

Escolhi este livro para começar o Re-Reading Season Project porque já o queria reler há uns tempos. Às vezes pego nele e leio um ou dois textos aleatórios. Já o abri tantas vezes que as primeiras quatro folhas já não estão sequer coladas ao resto do livro. Lembro-me de que o quis comprar quando via muito o 5 para a meia-noite e queria descobrir a faceta de escritor do Luís Filipe Borges. Na altura, a maior parte dos livros que tinha eram-me oferecidos e, quando perguntei à minha mãe se me podia comprar aquele livro e outro, ela respondeu com a frase que acho que sentenciou o facto de eu agora ter tantos livros: não me importo de te pagar livros, se calhar às vezes gasta-se dinheiro com coisas bem menos úteis. E foi assim que A Vida é Só Fumaça veio parar cá a casa.

O amor — sobre o qual tantos artistas já escreveram, pintaram, compuseram, esculpiram, morreram, etc. — estará sempre disponível num sítio enigmático qualquer onde, misteriosamente, os bilhetes já esgotaram mas ainda há lugares VIP e para felizes contemplados com acesso aos bastidores. O importante é partir e fazer por merecê-lo. Acho.

A Vida é Só Fumaça é um livro sobre tudo e nada. Digo sobre tudo e nada porque não há um fio condutor concreto, mas o Luís Filipe Borges consegue falar de tantas coisas ao longo dos seus textos que a leitura se faz de forma linear, quase sem parar… ao ponto de ter relido este livro todo no mesmo dia.

O livro está dividido em cinco partes: confissões, confissões curtas, confissões curtas (e cómicas), crónica da guerra dos sexos e contos. A minha parte preferida é, de facto, a dos contos. Mas gosto muito da escrita do Luís Filipe Borges, tal como disse quando falei do Destinos em falta para o passageiro distraído, aqui. Aquilo que mais me agrada na escrita do Borges é a capacidade de tanto escrever com piada como escrever coisas mais sentimentais (não lamechas) com o mesmo talento e com o mesmo apego do leitor.

Tal como já disse, o livro é composto por vários textos, várias crónicas, mais ou menos longas, e acaba por ser uma leitura descontraída, fácil e simples, mas com alguns valores que importa reter. E com o coração apertadinho num dos contos, o Catarina, o meu preferido por ser tão real e tão forte.

Título: A Vida é só Fumaça
Autor: Luís Filipe Borges
Editora: Verso da Kapa
Ano: 2011
Nota ASW: 8/10

Este livro faz parte do Re-Reading Season Project 2017. Podem descobrir mais sobre o projecto e aderir aqui. Podem acompanhar os livros que vou reler aqui ou na shelf que criei no Goodreads. Saibam o que a Lyne anda a reler aqui.

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