conversations on love [natasha lunn] (e um monólogo sobre amor)

Nem nos meus wildest dreams pensava que em 2022 ia pensar tanto e aprender tanto sobre amor. Este ano trouxe-me várias perspectivas sobre amor, vários tipos de amor, e quanto mais tenho aprendido mais quero falar sobre isso. Este ano foi muito sobre o amor romântico, é certo, mas também foi muito sobre o amor que existe nas amizades e, de forma inesperada, sinto que foi maioritariamente sobre o amor entre pais e filhos. À medida que fui aprendendo sobre amor, conversando sobre amor, tive uma grande necessidade de ler sobre amor. Foi assim que o Conversations on Loveda Natasha Lunn, surgiu na minha vida.

 

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amor; luto; aborto.

 

Conversations on Love: sobre como o amor é o sentimento mais bonito do mundo

Não sei explicar esta vontade de ler sobre amor numa altura em que um tipo de amor está a sair da minha vida, mas pareceu-me a altura certa. Como disse, este ano tem sido um ano em que o amor se tornou um tema central na minha vida. Nos últimos meses sinto que aprendi e desaprendi muito sobre os vários tipos de amor que enchem a nossa vida.

Esquecemo-nos muitas vezes disso, mas o amor está em mil e um lugares, mesmo quando um desses lugares falha há tantos outros onde encontramos amor. Acima de tudo, esta ode ao amor é a génese de Conversations on Love, um livro em que Natasha Lunn conversa com outras pessoas sobre os vários tipos de amor e sobre as várias fases do amor, tudo isto enquanto ela própria reflecte sobre amor e sobre a fase em que se encontra.

Conversations on Love é um livro muito rico pelas perspectivas que partilha, pelas vozes que nos dá, mas também porque, no final, depois de dezenas de excertos sublinhados, é impossível não pensarmos nos vários tipos de amor que temos na nossa vida e sentirmo-nos profundamente agradecidos. Dei-lhe 5 estrelas sem qualquer hesitação, talvez de forma emocional, porque sei que é um livro ao qual voltarei muitas vezes, principalmente quando comprar uma versão física para sublinhar e encher de post-its.

Acredito que nem sempre temos uma clareza real sobre o amor, porque o vemos desaparecer muitas vezes ou porque de repente somos confrontados com um luto inesperado, com as dores da vida, mas enquanto lia este livro senti que, quando conversamos com os outros sobre amor, também vamos melhorando os amores da nossa vida.

All of love requires a risk, a moment where we have to decide to say, ‘I’m all in’, even if we’ve been hurt before. I watch the people I love take these leaps of faith every day: to find the vulnerability to say ‘I love you’ for the first time, to adopt a child, to make difficult decisions about a parent’s health, to end an engagement because they still believe in love this isn’t it.

Monólogos sobre amor

Quando penso em tudo o que aprendi sobre amor este ano percebo o quão pouco sabia e o quanto ainda irei aprender ao longo da vida. Começou pelo amor-próprio, aquele que achei que iria perder (ou ver destruído) se uma pessoa entrasse na minha vida. É certo que a idade ajuda, mas, noutros tempos, o amor que tinha por mim desaparecia ou era destruído quando alguém chegava. Aprender a lidar com isso foi um processo demorado e doloroso, mas desta vez foi diferente, o que me permitiu ir muito além deste tipo de amor.

Enquanto via um tipo de amor entrar na minha vida, apercebia-me do quanto o amor vindo das amizades é importante para mim. Tentei perceber que tipo de novas amizades podia e queria ter na minha vida, mas também o quanto as pessoas que estão na minha vida há uns anos continuam a ter um papel fundamental mesmo enquanto navegamos fases diferentes da vida. Por vezes mais afastados, por vezes a falar todos os dias. Os amigos — novos e velhos — são uma das demonstrações mais bonitas de amor.

Dizer que vi um tipo de amor entrar na minha vida parece meio exagerado, mas eu explico-o facilmente. Podes discordar, mas há algo de amor quando partilhamos várias vezes uma cama com alguém, quando nos permitimos ser vulneráveis com alguém, quando permitimos conhecer e ser conhecidos, quando simplesmente vamos decorando as pequenas trivialidades de outra pessoa, como o facto de não gostar de iogurtes com pedaços, ou os pequenos pormenores da linguagem corporal, como a forma de colocar as mãos nas tuas costas. É um amor muito semelhante ao das amizades, mas com uma intimidade diferente. Chamar-lhe-ia amor romântico? Não sei bem, mas acho que teria sempre de o incluir nos amores, porque também me fez pensar muito noutro tipo de amor: o amor parental.

Sinto que com os anos amo mais a minha mãe, mas também a vejo de uma forma diferente, muito além de ser mãe. Com a minha idade, a minha mãe tinha uma filha de 6 anos, quase 7. Vejo constantemente tudo aquilo de que ela abdicou, mas também todas as batalhas que ela teve de travar por minha causa e questiono-me como foi possível, como conseguiu. Sei que é uma coisa de amor de mãe, mas não consigo compreender totalmente porque não sou mãe e há um nível de compreensão que nos é limitado. No entanto, por compreender cada vez melhor a relação com a minha mãe também consigo ver outras relações entre pais e filhos de uma forma meio privilegiada.

Este foi o ano em que, pela primeira vez, alguém na minha vida tinha de pensar num bebé em todas as decisões que toma. Embora consciente de que a minha mãe tinha feito isso durante a vida toda, nunca tinha visto, ao vivo, alguém cuja vida gira à volta de um bebé e para quem todas as decisões de vida têm, obviamente, de incluir esse bebé. Pensar neste tipo de amor, em paralelo com o amor que me une à minha mãe, tornou-me mais consciente em relação a este amor na minha vida e na vida daquele bebé. De certa forma, fez-me até amar este bebé só pela forma como via outra pessoa amá-lo.

Todos os tipos de amor nos mudam um bocadinho, mas o amor que une pais e filhos? É difícil amar alguém que já ama outro ser humano mais do que tudo na vida porque nós, por muito que possamos amar também esse ser humano, nunca vamos amá-lo da mesma forma porque não é nosso. E, claro, somos confrontados com uma realidade em que sabemos que também nós temos de colocar esse ser humano em primeiro lugar porque só assim conseguimos compreender as decisões e acções do outro. No entanto, ver este amor é provavelmente uma das coisas mais bonitas do mundo.

O amor não é sempre fácil, exige muitas vezes um trabalho contínuo, um conhecer constantemente a outra pessoa. Por vezes falha-nos um tipo de amor, mas dificilmente nos falharão todos. E mesmo numa altura em que um tipo de amor parece estar a desaparecer, eu olho para todos os outros, especialmente, para o parental, e sinto que é realmente um privilégio vê-lo, tê-lo, senti-lo.

No ano em que mais pensei de forma consciente e aberta sobre amor, posso dizer-te que só consigo realmente sentir-me agradecida por testemunhar tantos tipos de amor e por saber que mesmo os momentos mais complicados um dia farão sentido.

Título original: Conversations on Love
Título em português: Conversas sobre Amor
Autora: Natasha Lunn
Ano: 2021 (PT: 2022)

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4 Replies to “conversations on love [natasha lunn] (e um monólogo sobre amor)”

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