As cores. O cheiro das especiarias. As castanhas assadas. As velas. O som das folhas a serem pisadas. Os cappuccinos. Os chás. A música lofi, blues, jazz.
Acho que li este livro da mesma maneira que o outono funciona: fui entrando devagar, com calma, sem pressa de ter os dias frios aqui, mas depois, de repente, “Novembro de novo. É mais inverno do que outono.” E vai meio livro em dois dias.
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Trigger warning:
luto; brexit.
Depois de muito tempo a ouvir a Rita da Nova falar do Autumn — e do quarteto —, da Ali Smith, decidi que ia aproveitar o início desta estação do ano para me iniciar neste conjunto de livros, seguindo a ordem de publicação para passar um ano (ou quase) na companhia da Ali Smith. Foi assim que, no início do outono, comprei o Outono. Este livro foi-me acompanhando durante várias semanas, num ritmo de leitura nada regular. Sinto que o li da mesma maneira que o outono funciona: fui entrando devagar, com calma, sem pressa de ter os dias frios aqui, mas depois, de repente, “Novembro de novo. É mais inverno do que outono.” E vai meio livro em dois dias.
Outono é um livro passado no pós-Brexit e este cenário acompanha todo o livro, com o descontentamento e a ansiedade que também acompanhava as pessoas, mas não é o foco principal desta história. A história centra-se em Elisabeth, uma millennial nascida em 1984, e Daniel, que tem, mais coisa menos coisa, 100 anos. Entre eles existe uma relação de amizade diferente. Daniel era o vizinho estranho de Elisabeth quando ela era pequena e, como tomava conta dela várias vezes, acabou por influenciar muitas das decisões tomadas por ela.
a viver o sonho, diz a mãe, e vive, se o sonho equivaler a não ter qualquer estabilidade profissional e quase tudo ser demasiado caro para se fazer e se continuar no mesmo apartamento arrendado em que se vivia nos tempos de estudante mais de uma década atrás.
Não achei a escrita de Outono uma escrita simples. Acredito que o facto de o livro ser narrado da forma que é, com avanços e recuos, ali entre o sonho e a realidade, também não ajuda quando a escrita está tão cheia de detalhes. Acho que foi por isso que, no início, me fui perdendo lentamente nas páginas do livro. Demorei a entrar naquela forma de escrever, mas depois parece que o livro passou num sopro.
Apesar de poder ser complicado entrar no ritmo do livro, é preciso dizer que é uma escrita muito bonita, quase poética. Vale ainda mais pelo facto de num livro sobre uma relação bonita entre duas pessoas de gerações completamente diferentes conseguir incluir uma certa crítica social, sobre temas atuais, desde o Brexit ao descontentamento da geração millennial, sem que pareça forçado ou desajustado.
Outros livros do autor
Seguimos para o Inverno!
Título original: Autumn
Título em português: Outono
Autora: Ali Smith
Ano: 2016 (PT: 2017)
Comprar*: Wook – em português // Wook – em inglês
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Já li o Inverno da autora e confesso que ainda agora não sei bem se gostei ou não… Sinto que me foi mesmo dificil entrar na escrita da autora e apesar de ter percebido as linhas gerais da história, não sei bem se a compreendi em toda a dimensão que a autora pretendia transmitir. Posto isto, não sei se tenciono ler o restante do quarteto.
Quero muito arriscar neste livro! Quando li Inverno, confesso que não fiquei arrebatada com a história, mas adorei a escrita.