os blogs morreram, longa vida aos blogs!

Comecei a ter contacto com o mundo dos blogs na época áurea. Em 2008/2009 parecia que toda a gente ou tinha um blog ou queria ter um blog. Facilmente conseguias acompanhar dezenas de blogs e ter algo novo para ler todos os dias. Cada publicação que fazias chegava rapidamente às centenas (e por vezes milhares) de visualizações.

Com o tempo, o Youtube tornou-se mais popular e apetecível e depois o Instagram e agora o TikTok. Há mais de dez anos que ouvimos que os blogs morreram, mas é agosto de 2023 e eu estou a escrever um blog e tu estás a lê-lo. É agosto de 2023 e o meu blog acabou de atingir o maior número de visualizações mensais desde junho de 2019. É agosto de 2023 e eu ainda sigo os blogs de pessoas que adoro. É agosto de 2023 e podes encontrar o Cemitério Dos Blogs facilmente, mas há tantos que não morreram e estão mais vivos do que os girassóis do jardim da minha mãe.

Os blogs morreram

Quando o Youtube começou a crescer, muitos bloggers que queriam comunicar mais do que escrever passaram para o Youtube. Não abandonaram logo os blogs; fizeram-nos gradualmente. O mesmo aconteceu quando surgiu o Instagram ou o TikTok: foi uma migração natural, adaptada, mas que não matou as plataformas anteriores.

Enquanto Instagram e TikTok são as plataformas privilegiadas para conteúdo rápido, o Youtube e os blogs ficaram responsáveis pelo conteúdo lento. E se, há uns anos, parecia que já ninguém tinha paciência para conteúdo lento, a verdade é que se nota cada vez mais que, com tanto conteúdo rápido, há quem peça conteúdo lento.

Na natureza nada se perde tudo se transforma e o mesmo tem acontecido nos blogs e nas pessoas que os escrevem. Felizmente, os blogs não morreram.

Longa vida aos blogs

Aquilo que noto nas pessoas cujos blogs ainda leio é que crescemos juntos. Andámos lado a lado, afastámo-nos e voltámos. Os nossos blogs cresceram connosco, adaptaram-se. Muitos acompanharam-nos enquanto passávamos do ciclo para o secundário, do secundário para a universidade e para longe de casa, da universidade para o trabalho. Acompanharam-nos enquanto nos apaixonávamos e desapaixonávamos, quando nos partiram o coração, quando nos sentimos perdidos, quando nos encontrámos. É bom acompanhar as nossas imagens bonitas no Instagram, mas haverá sempre pessoas cujas palavras nos importam ainda mais.

Os blogs continuam vivos. Entramos em dezenas e nem damos conta. Porque queríamos a receita perfeita de bacalhau com natas, porque não sabemos como tirar uma nódoa ou porque queremos comprar algo e queremos opiniões reais. Os blogs continuam a ter respostas para muitas das nossas perguntas. Continuam a ser a resposta para muitas das nossas perguntas.

Hoje, dia 31 de agosto, assinala-se o Dia do Blog e até podia deixar passar a data, como deixei noutros anos, mas este ano sinto ainda mais vontade de celebrar os blogs e as coisas boas que eles nos deram: as amizades, as companhias para concertos, os grupos para partilhar leituras, o lugar seguro para depositarmos as nossas ideias. Feliz Dia do Blog!

3 Replies to “os blogs morreram, longa vida aos blogs!”

  1. QUE PUBLICAÇÃO MAIS LINDA 💙
    Gostava de ter presente o momento em que me cruzei com o teu blogue, mas, independentemente disso, ainda bem que aconteceu. Obrigada por seres sempre uma inspiração

  2. Tenho muita pena que já hajam poucos blogs ativos, não vou mentir. Por outro lado, sobreviveram os que – como este – são alimentados por gosto e com gosto. E sim, ainda hoje tenho várias amizades que vieram dos tempos áureos dos blogs. Isso ninguém nos tira, não é verdade?

    Espero que continues por cá durante muitos mais anos, Sofia. 😁

  3. Lindo texto, Sofia! Eu amei ler! Amei principalmente esse trechinho: “(…) Porque queríamos a receita perfeita de bacalhau com natas, porque não sabemos como tirar uma nódoa ou porque queremos comprar algo e queremos opiniões reais. (…)”
    Obrigada postagem e pela homenagem aos blogueiros pelo Dia do Blog! 💝💐🎈

    ~Cartas da Gleize. 💌💕

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