- Quando: 24 e 25 de outubro de 2023
- Gatilhos: famílias de merda; aborto; relacionamentos abusivos; saúde mental
Quando era pequena, as artistas pop de que mais gostava eram a Shakira e a Britney. O fenómeno Britney fazia-me passar horas a ver o vídeo da Oops… I Did It Again até acertar com a coreografia. Seria ela a próxima Madonna? Iria ela conquistar o mundo? Quase. É inegável o estatuto que atingiu, mas também é inegável que a vida pessoal não lhe permitiu ir mais além.
Acho que desde que as notícias sobre o conservatorship se tornaram mais comuns e as reportagens começaram a mostrar que talvez as coisas não fossem como tinham sido pintadas se começou a criar o cenário perfeito para que a Britney não só pudesse ser livre, mas pudesse falar livremente sobre tudo o que lhe aconteceu ao longo dos anos. The Woman in Me prometia ser esse livro.
There have been so many times when I was scared to speak up because I was afraid somebody would think I was crazy. But I’ve learned that lesson now, the hard way. You have to speak the thing that you’re feeling, even if it scares you. You have to tell your story. You have to raise your voice.
Vou começar pelas partes boas e importantes do livro. Há claramente um apontar de dedos merecido à imprensa americana e aos paparazzi pela forma como sempre trataram (e retrataram) a Britney, desde o início de carreira. Há várias reflexões feministas, tanto à volta do fim do relacionamento com o Justin Timberlake como, claro, em relação ao casamento com o Kevin Federline e à maternidade. Acho importante e interessante poder ter a perspetiva da Britney, porque bem sabemos que durante anos não a tínhamos e ela parecia não ter direito de resposta em relação ao que era dito sobre ela.
Precisamente por haver tantas coisas da história que valia a pena retratar tenho pena de que o livro seja tão curto e de que a escrita seja tão simplista, por vezes quase ingénua. Sinto que o livro precisava de ser trabalhado de melhor forma porque há ali muitas experiências traumáticas e dolorosas.
Aquilo que mais passa da Britney no The Woman in Me é o amor pelos filhos — motivo pelo qual ela compactua com todas as restrições que lhe vão sendo impostas. Isso, para mim, foi a parte mais bonita e valiosa, sem sombra de dúvidas.
Título original: The Woman in Me
Título em português: A Mulher Que Há Em Mim
Autora: Britney Spears
Ano: 2023