os homens que odeiam as mulheres [stieg larsson]

Há anos que dizia que queria ler a trilogia Millennium do Stieg Larsson, mas nunca se proporcionava. Acho que, a certo ponto, já dizia que o queria fazer apenas por algum fear of missing out. Depois aconteceu que, em 2019, saiu um livro do Jan Stocklassa sobre a investigação que o Stieg Larsson tinha feito sobre a morte de Olaf Palme, primeiro-ministro sueco. Enquanto preparava um artigo para o blog da Bertrand acabei por mim perdida em pesquisas sobre a vida do Stieg Larsson. Sabia mais da vida do que da obra e foi assim que fiquei até ao final de 2023, quando finalmente li o primeiro volume desta saga, Os Homens Que Odeiam as Mulheres.

Pouco antes de morrer, Stieg Larsson entregou para publicação os três primeiros volumes da saga Millennium. Supostamente, teria já apontamentos para dez volumes. Com o êxito da trilogia, a editora acabou por contratar outro autor para escrever os três volumes seguintes e, posteriormente, uma autora para continuar a partir do volume 7. É estranho pensar que o autor de uma saga com tanto êxito no seu país de origem quanto fora morreu antes de aqueles manuscritos se tornarem livros.

Também é estranho conhecer tanto da vida de Stieg Larsson e partir para Os Homens Que Odeiam as Mulheres sem estabelecer comparações entre o autor e a personagem masculina, Mikael Blomkvist, também ele jornalista para uma revista importante (a Millennium). Blomkvist acabou de sair de um julgamento em que foi sentenciado por difamação depois de publicar uma reportagem a denunciar crimes financeiros de um dos homens mais importantes da Suécia. Claramente algo correu mal.

Depois do resultado do julgamento, Blomkvist é contratado por Henrik Vanger para o ajudar a compreender o que aconteceu realmente à sobrinha, Harriet, que desapareceu trinta anos antes. Ao mesmo tempo vamos conhecendo Lisbeth Salander, a personagem feminina, que faz investigação numa empresa e que tem um passado de muita violência. Quando a investigação de Blomkvist exige reforços, Lisbeth junta-se a ele para estudar este caso.

Passei trinta anos da minha vida a desculpar pessoas como o Harald, por serem da família. Então descobri que o parentesco não é garantia de amor e que tinha muito poucas razões para continuar a defendê-lo.

A minha experiência de leitura com este livro foi de quase imersão. É um livro em que se entra facilmente e com um ritmo de leitura até bastante elevado. Também é um livro com muita violência e momentos em que é preciso parar para respirar fundo depois de algumas descrições mais fortes. O tema da violência contra as mulheres está aqui bem retratado e, sinceramente, custa lê-lo, principalmente sabendo que está longe de estar resolvido.

Algumas partes do desfecho são mais óbvias, mas gostei muito do livro como um todo. Senti que está também coberto de uma certa crítica social à Suécia do início do século — e que nem em tudo melhorou — e há ali alguns momentos em que me questionei sobre quanto daquilo terá vindo de casos reais que o próprio Stieg Larsson conhecia enquanto jornalista. Sei que, no futuro, vou querer ler o segundo volume e continuar a acompanhar a Lisbeth e o Blomkvist.

Título original: Män som hatar kvinnor
Título em português: Os Homens Que Odeiam as Mulheres
Autor: Stieg Larsson
Ano: 2005 (PT: 2008 – li a edição de 2011)

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One Reply to “os homens que odeiam as mulheres [stieg larsson]”

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