O Porto sempre viveu no meu imaginário de uma forma diferente. Lisboa era-me familiar, resultado de vários anos a passar férias por lá, mas o Porto não. O Porto era algo que eu via na televisão, era o lugar dos melhores músicos portugueses, a cidade da pronúncia diferente. Diziam que era sombria, sem cor, sem brilho.
Em 2010, fomos ao Porto numa visita de estudo e senti que me tinham enganado a vida toda: o Porto tinha mais luz e cor do que alguma vez tinha visto. Apaixonei-me naquele momento. Cinco anos depois, ao entrar no último ano de curso, a viver em Benfica, decidi que depois de Lisboa o meu caminho tinha de ir dar a norte. Demorou. A bússola não apontava para norte.
No entanto, houve algo que aprendi há oito anos, enquanto esperava resultados da candidatura à universidade: se quiseres muito algo pelas razões certas e se lutares por isso, o universo vai ajudar-te na luta. Há oito anos, essa luta era entrar em Jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social. Nos últimos três anos a luta foi chegar ao Porto.
Aqui há dias, ouvi um episódio do podcast do Jay Shetty, On Purpose, em que ele partilhava uma analogia que fez todo o sentido para mim. Ele não o disse assim, mas a minha mente interpretou-o desta forma: imagina que precisas de ir do ponto A ao ponto B e não conheces o caminho. Vais ao GPS e escolhes o percurso que este te indica como mais rápido, porque, obviamente, não tens tempo para dar a volta maior. No entanto, a meio do percurso há um acidente aparatoso à tua frente e ficas ali parado durante horas e horas e horas. Já terias chegado ao ponto B há horas, mas escolheste o caminho rápido e revelou-se o caminho mais demorado. Sinto que foi isso que me aconteceu. Algures no meu percurso houve acidentes e o caminho que podia ter sido rápido tornou-se muito mais demorado.
Entre currículos enviados que ficaram pelo caminho e que renderam muitas lágrimas e uma conta bancária vazia de possibilidades, houve um dia, no meio de lágrimas, em que proferi as palavras que mais me doeram: já sei que não vou sair daqui. O aqui era um lugar físico, mas também figurado. Era o fundo do poço e o fundo das hipóteses. As portas estavam fechadas, não havia janelas por onde saltar.
Depois, no final do Verão do ano passado, a cantar folklore e a sonhar com manhãs de nevoeiro no Douro, a pensar num futuro que começava a achar impossível, cruzei-me com a resposta à pergunta que me fizera anos antes: se um dia fizer um mestrado faço um mestrado em quê? A resposta era simples: seria sempre em algo que me apaixonasse.
Foi isso que aquele plano de estudos me fez sentir. Foi isso que disse aos professores responsáveis na entrevista, antes de ter dito que a língua italiana me apaixonava e muito antes de nos termos rido porque me esqueci de que pela webcam se via o meu cachecol do FC Porto. Não sou de intrigas, mas acho que foi aquele cachecol que ditou o resultado.
Depois de onze meses a trabalhar numa clínica veterinária, a colocar 90% do meu ordenado de parte todos os meses, chegou a hora de abraçar novas vistas, novos ares, novas expressões, novas pessoas. A seu tempo, hei-de partilhar contigo mais desta nova etapa, mas, para já, quero só assinalar esta nova luz que por aqui entra.
Se te perguntarem para onde fui: diz-lhes que fui para casa.
Gosto tanto de ler estas palavras. Que bom é estares a ir para casa e a seguir o caminho com que tens sonhado! Espero que tudo te corra bem!
Ps. Obrigada pela motivação que este texto também me serviu *-*
Obrigada, querida Marisa! 🙏
Não sei em que aspecto precisas de motivação: mas vai com tudo! 💪
Até estou arrepiada! Bem-vinda a casa 💙💙💙
💛💙
Muitas felicidades, Sofia. Que esta nova etapa seja tudo aquilo com que sempre sonhaste – ou ainda melhor!