No sábado, tive a minha Bênção de Finalistas. Só quem sabe o quanto custou chegar à ESCS e o quanto os primeiros tempos aqui foram difíceis consegue perceber como dizer que tive a minha Bênção de Finalistas é importante e especial.
O último mês foi complicado de digerir. Até ter percebido que só faltava um mês, estava tudo bem. A certo ponto eu até queria que o semestre acabasse rápido! Criança inocente!
Depois veio tudo. As últimas três semanas foram emocionalmente trágicas, de chorar com coisas pequenas, de aproveitar cada bocadinho na ESCS (incluindo ficar 14 horas a trabalhar por lá), de dar os abraços que posso não voltar a dar, de pedir abraços a quem me diz que não é de os dar (e que, ainda assim, os dá), de confessar sentimentos, de ter crises de ansiedade como nunca, de sentir as pernas fraquejar, de o ver naqueles corredores pela última vez, de o ver trajar pela última vez, de desejar não ter de o ver pela última vez, de ler fitas que me encheram o coração, de perceber o quanto só fazia sentido estar na ESCS se fosse com estas pessoas, de perdoar as maiores desilusões escsianas, de preparar o adeus a esta que se tornou a minha segunda casa.
O meu percurso na ESCS não foi, de todo, aquele que eu esperava. No 10.º ano, eu já sabia que era na ESCS que queria estudar, fosse Jornalismo ou fosse Publicidade e Marketing (o Marketing era o meu backup). Em 2010, aliás, disse ao Raminhos (ex-aluno desta casa, caso não saibas) que ia estudar lá. Talvez ninguém me tenha levado a sério de início, mas a forma vincada como estudei o plano de estudos, como decorei médias e como insisti na ESCS deve ter provado o contrário.
Em 2012, no entanto, a vida trocou-me as voltas. Entrei na Covilhã na 1.ª fase e não quis ir. Não entrei em lado algum na 2.ª fase e tive o meu gap year forçado. E nunca, por um minuto sequer, desisti da ESCS. Para alguns, passei de falhada a exemplo numa noite. Talvez por ter insistido tanto nesta escola seja difícil explicar o porquê de o primeiro semestre ter sido aquilo que foi. Eu não sei fazer amigos, mas, mais do que isso, eu não sabia se queria fazer amigos nem sabia quanto tempo ia demorar a lidar com o estar longe de casa. Mas depois vieram as pessoas.
Veio o pessoal de AM, os primeiros de quem fiquei amiga, veio aquele abraço inesperado no meu aniversário (sim, Ruben!), veio a partilha de dúvidas com alguém que acabou a mudar de curso, começou a partilha de dramas amorosos com aquela que se tornou a minha amiga especializada em dramas amorosos nos três anos seguintes (oi, Inês!), vieram as aulas de Laboratório ao pé da açoriana com a pronúncia mais complicada de perceber, veio a pessoa que me ajudou a começar a lidar com complexos (oi, Chris!); vieram aquelas pessoas que, no meio de confusões, me ensinaram algo sobre mim (oi, Varzim; oi, Ruben; oi, Bárbara; oi, Zézé; oi, pessoa-cujo-nome-não-vale-a-pena-ser-mencionado!).
O Ruben dizia, no discurso da bênção, que a ESCS revela-se grande nas pequenas coisas. Eu diria que as pessoas contribuem para isso. Foi pelas pessoas que estiveram lá que eu não desisti no primeiro semestre; que aguentei uma crise de choro antes de uma frequência no segundo semestre; que curei um coração há muito partido; que passei a aguentar 2, 3, 4 ou 6 semanas (como agora) sem ir a casa; que descobri que quando deixas pessoas num sítio consegues encontrar famílias melhores noutro.
Foi na ESCS que terminei a maior parte dos capítulos do meu segundo livro, que voltei à rádio; que me desafiei, que descobri o tipo de pessoa que sou, e que cresci — pelo menos é o que me dizem nas fitas. Foi lá que me apaixonei (embora tenha demorado meses a admiti-lo), que conheci uma das minhas melhores amigas, que tive crises de ansiedade como nunca, que passei a saber os melhores horários para ter mesas livres no -1, que dei sangue pela primeira vez (e tive a bela experiência de acabar no chão do auditório!!! Oh, memories!), que aprendi a escapar-me de baratas (ok, não foi na ESCS, foi na residência da ESCS).
A Sofia que chegou à ESCS em Setembro de 2013, com medos, com inseguranças, com complexos, com dúvidas e sem vontade de conhecer pessoas, não é a Sofia que sai da ESCS agora. Comecei este percurso sentada sozinha a ler aquela mítica frase de Se formos mais uma escola, seremos uma escola a mais. Passei a bênção a lembrar-me disso.
Enquanto controlava lágrimas, enquanto já não conseguia controlar lágrimas com os discursos dos representantes de curso. Estive na bênção no sítio onde devia estar. Só assim fazia sentido. Recebi um abração do Ruben, como não podia deixar de ser. Não me despedi de pessoas, porque não o conseguia fazer e não me fazia sentido fazê-lo. O meu momento simbólico de fim de curso terminou comigo sozinha, sentada no chão ao pé da igreja, a ver alguém de quem gosto muito fazer uma enorme sessão de fotografias em família, e a pensar nestes três anos.
Não gosto especialmente da Sofia de 2013 mas posso garantir-te que dava tudo para voltar a ter um bocadinho dela, daquela ingenuidade. Sempre que achei que estava a seguir o caminho errado, provaram-me que os pontinhos se unem todos. A Sofia de 2013 iria ficar orgulhosa da Sofia de hoje.
Obrigada a quem me disse podes contar comigo. menos para abraços, já sabes que não sou muito disso; a quem pediu o favor de seres feliz; a quem tão bem representou os meus sete anos de blogosfera nas minhas fitas (Ju e Jota, obrigada!!!!); a quem me disse ainda bem que ficaste; a quem disse és uma inspiração para mim; a quem disse foste das melhores coisas que a ESCS me deu; a quem achou fixe escrever uma fita num comboio, com a letra mais horrível de sempre e com menção às minhas mamas pelo meio; a quem disse tenho imenso orgulho em ti; a quem mencionou e bem a geração de 94 e achou que eu cresci (confirma-se: meio centímetro em três anos, q’orgulhe!); a quem achou fixe dizer que se fosses trajada, de certeza que serias uma das minhas madrinhas; a quem acha que vou ser diva; a quem fez deste percurso e deste dia algo especial.
…do que a ESCS esquecer!
não sei lidar com textos assim! a sério! vem-me a lágrima ao olho. parece que sinto o que escreves, sem ainda sequer ter chegado essa minha altura.
Tenho a certeza de que, quando for a tua altura, terás estes e outros milhares de sentimentos! Aproveita 🙂
Que texto emocionante! Muitos parabens Sofia!
Muito obrigada, Leonor!
Falta-me um ano para terminar o curso. Falta-me um ano e já ando a sofrer por antecipação porque metade dos meus amigos acabam este ano.
Ler o teu texto foi deixar uma lagrimita ao canto do olho e o pensamento de "só falta um ano".
PARABÉNS!!!
Vai ser um ano incrível, tenho a certeza! Não te foques no "só falta um ano"; tenta ver que tens um ano para criar memórias incríveis, que te irão deixar também uma lágrima no canto do olho e o coração cheio quando for a tua vez de as recordar 🙂
Obrigada! 😀
Mas que bom ler relatos destes! Por muito nostálgico que seja ler textos desta índole, a blogosfera anda a presenciar fases de finalização tão bonitas e tão sinceras! Gostei imenso de ler o que partilhaste connosco, e desejo-te a MAIOR sorte do mundo com a tua carreira! És uma mulher espetacular e mereces muito amor, sucesso, bons momentos e tudo do bom e do melhor! Posso conhecer-te há pouco tempo, mas estou muito orgulhosa que poder estar aqui a acompanhar uma fase tão importante para ti!
Beijinhos!
A Vida de Lyne
Beeeem, o teu comentário deixou-me de coração cheio!!! Muito, muito, muito obrigada!!!!
E reitero tudo o que te disse na tua fita.
Não desapareças, porca.
J
Gosto muito da forma como escreves Sofia. Agora quero (ainda mais) ler os teus livros!