No sábado, tive a minha Bênção de Finalistas. Só quem sabe o quanto custou chegar à ESCS e o quanto os primeiros tempos aqui foram difíceis consegue perceber como dizer que tive a minha Bênção de Finalistas é importante e especial.
Em 2012, no entanto, a vida trocou-me as voltas. Entrei na Covilhã na 1.ª fase e não quis ir. Não entrei em lado algum na 2.ª fase e tive o meu gap year forçado (podem ler sobre isso aqui). E nunca, por um minuto sequer, desisti da ESCS. Para alguns, passei de falhada a exemplo numa noite. Talvez por ter insistido tanto nesta escola seja difícil explicar o porquê de o primeiro semestre ter sido aquilo que foi. Eu não sei fazer amigos mas, mais do que isso, eu não sabia se queria fazer amigos nem sabia quanto tempo ia demorar a lidar com o estar longe de casa. Mas depois vieram as pessoas.
Veio o pessoal de AM, os primeiros de quem fiquei amiga (foi assim que conheci a Patrícia, do The Brunette Lingerie), veio aquele abraço inesperado no meu aniversário (sim, Ruben!), veio a partilha de dúvidas com alguém que acabou a mudar de curso, começou a partilha de dramas amorosos com aquela que se tornou a minha amiga especializada em dramas amorosos nos três anos seguintes (oi, Inês!), vieram as aulas de Laboratório ao pé da açoriana com a pronúncia mais complicada de perceber, veio a pessoa que me ajudou a começar a lidar com complexos (oi, Chris!); vieram aquelas pessoas que, no meio de confusões, me ensinaram algo sobre mim (oi, Varzim; oi, Ruben; oi, Bárbara; oi, Zézé; oi, pessoa-cujo-nome-não-vale-a-pena-ser-mencionado!).
O Ruben dizia, no discurso da bênção, que a ESCS revela-se grande nas pequenas coisas. Eu diria que as pessoas contribuem para isso. Foi pelas pessoas que estiveram lá que eu não desisti no primeiro semestre; que aguentei uma crise de choro antes de uma frequência no segundo semestre; que curei um coração há muito partido; que passei a aguentar 2, 3, 4 ou 6 semanas (como agora) sem ir a casa; que descobri que quando deixas pessoas num sítio consegues encontrar famílias melhores noutro.
Foi na ESCS que terminei a maior parte dos capítulos do meu segundo livro, que voltei à rádio; que me desafiei, que descobri o tipo de pessoa que sou, e que cresci — pelo menos é o que me dizem nas fitas. Foi lá que me apaixonei (embora tenha demorado meses a admiti-lo), que conheci uma das minhas melhores amigas, que tive crises de ansiedade como nunca, que passei a saber os melhores horários para ter mesas livres no -1, que dei sangue pela primeira vez (e tive a bela experiência de acabar no chão do auditório!!! Oh, memories!), que aprendi a escapar-me de baratas (ok, não foi na ESCS, foi na residência da ESCS).
Não gosto especialmente da Sofia de 2013 mas posso garantir-vos que dava tudo para voltar a ter um bocadinho dela, daquela ingenuidade. Sempre que achei que estava a seguir o caminho errado, provaram-me que os pontinhos se unem todos. A Sofia de 2013 iria ficar orgulhosa da Sofia de hoje.
Obrigada a quem me disse podes contar comigo. menos para abraços, já sabes que não sou muito disso; a quem pediu o favor de seres feliz; a quem tão bem representou os meus sete anos de blogosfera nas minhas fitas (Ju e Jota, obrigada!!!!); a quem me disse ainda bem que ficaste; a quem disse és uma inspiração para mim; a quem disse foste das melhores coisas que a ESCS me deu; a quem achou fixe escrever uma fita num comboio, com a letra mais horrível de sempre e com menção às minhas mamas pelo meio (tenho o melhor amigo mais parvo do mundo, eu sei); a quem disse tenho imenso orgulho em ti; a quem mencionou e bem a geração de 94 e achou que eu cresci (confirma-se: meio centímetro em três anos, q’orgulhe!); a quem achou fixe dizer que se fosses trajada, de certeza que serias uma das minhas madrinhas; a quem acha que vou ser diva; a quem fez deste percurso e deste dia algo especial.
10 Comentários
Ju
07/06/2016 at 23:03não sei lidar com textos assim! a sério! vem-me a lágrima ao olho. parece que sinto o que escreves, sem ainda sequer ter chegado essa minha altura.
Sofia
09/06/2016 at 23:03Tenho a certeza de que, quando for a tua altura, terás estes e outros milhares de sentimentos! Aproveita 🙂
Leonor
07/06/2016 at 23:03Que texto emocionante! Muitos parabens Sofia!
Sofia
09/06/2016 at 23:04Muito obrigada, Leonor!
Patrícia
08/06/2016 at 00:58Falta-me um ano para terminar o curso. Falta-me um ano e já ando a sofrer por antecipação porque metade dos meus amigos acabam este ano.
Ler o teu texto foi deixar uma lagrimita ao canto do olho e o pensamento de "só falta um ano".
PARABÉNS!!!
Sofia
09/06/2016 at 23:05Vai ser um ano incrível, tenho a certeza! Não te foques no "só falta um ano"; tenta ver que tens um ano para criar memórias incríveis, que te irão deixar também uma lágrima no canto do olho e o coração cheio quando for a tua vez de as recordar 🙂
Obrigada! 😀
Carolayne R.
14/06/2016 at 00:15Mas que bom ler relatos destes! Por muito nostálgico que seja ler textos desta índole, a blogosfera anda a presenciar fases de finalização tão bonitas e tão sinceras! Gostei imenso de ler o que partilhaste connosco, e desejo-te a MAIOR sorte do mundo com a tua carreira! És uma mulher espetacular e mereces muito amor, sucesso, bons momentos e tudo do bom e do melhor! Posso conhecer-te há pouco tempo, mas estou muito orgulhosa que poder estar aqui a acompanhar uma fase tão importante para ti!
Beijinhos!
A Vida de Lyne
Sofia
14/06/2016 at 18:52Beeeem, o teu comentário deixou-me de coração cheio!!! Muito, muito, muito obrigada!!!!
João Costa
03/07/2016 at 01:21E reitero tudo o que te disse na tua fita.
Não desapareças, porca.
J
Raquel Dias da Silva
06/06/2017 at 19:40Gosto muito da forma como escreves Sofia. Agora quero (ainda mais) ler os teus livros!