o curso de jornalismo

Este ano, pelo terceiro ano consecutivo, recebi e-mails sobre o curso de Jornalismo na ESCS. Desde o segundo ano que respondo a perguntas sobre médias, cadeiras, ambiente, praxes (a estas é fácil responder). Não mantenho contacto com a maior parte destas pessoas, mas este ano, por exemplo, uma rapariga com quem eu falava sobre a ESCS algumas vezes conseguiu entrar e eu fiquei realmente emocionada por ver alguém concretizar o sonho. Ao que parece, estudar Jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social é o sonho de muita gente. A diferença é que uns lutam para o concretizar e outros nem por isso. Mas, afinal, o que é que o raio do curso de Jornalismo (jornalismo mesmo, ok?) tem?

Não vou falar sobre como o Jornalismo e a ESCS surgiram na minha vida, porque expliquei tudinho aqui,mas achei que fazia sentido falar-vos do curso, já que tenho de responder tantas vezes a perguntas sobre o mesmo.

Começa tudo pelo nome do curso: Jornalismo. Não é Comunicação, não é Comunicação Social, não é Ciências da Comunicação. É Jornalismo. Ora, isso, só por isso, já faz a diferença porque já não é algo tão aberto a opções e caminhos quanto Ciências da Comunicação é, uma vez que o curso de CC tem vertentes de várias áreas e não apenas de Jornalismo. Repitam comigo: Jornalismo e Ciências da Comunicação são coisas diferentes. Percebido? Agora que estabelecemos isto, podemos avançar.

O plano de estudos mudou quando eu já estava no 2.º ano, por isso eu fiz tudo pelo Plano Antigo. O Plano Novo, no entanto, é bastante semelhante ao atual, apenas há umas cadeiras que mudaram de nome e alguns pontos que vou referir. O plano de estudos, na verdade, foi aquilo que me fez decidir que queria estudar ali. É maioritariamente prático, apesar de ter realmente muitas cadeiras teóricas (e outras cujo interesse é questionável), e, por isso, escolhi a ESCS consciente de que ia aprender a fazer coisas. E aprendi.

O primeiro choque ao chegar ali foi o de perceber que, afinal, não sabia escrever. Durante o primeiro mês quase evitava escrever porque tinha medo de estar a escrever bacoradas. Depois, claro, senti que me faltavam bases do Ensino Secundário. Não por ter tido maus professores mas porque nem sempre eles souberam transmitir conhecimentos da melhor forma e porque a minha cultura geral parecia insuficiente. Na verdade, não era assim tão mau, eu é que me assustei demasiado com tudo. Eu tinha sete cadeiras por semestre; agora são apenas seis, cada uma a valer 5 ECTS.

Há cadeiras para todos os gostos: entre teóricas e práticas, se bem que algumas cadeiras teóricas tentam incluir trabalhos nas avaliações para parecerem um bocadinho menos teóricas. Felizmente, algumas das cadeiras mais chatas já não existem no plano novo, mas os três primeiros semestres são os mais chatinhos e os mais teóricos. Vão levar com Teorias da Comunicação, Estatística e Análise Económica de qualquer forma, não há como escapar. Mas nem tudo é mau. Já não faz parte do programa, mas a cadeira de Contemporaneidade e Produção Cultural foi das minhas preferidas, principalmente pelo trabalho final, que me permitiu desenvolver algo relacionado com música (e que me deu muita vontade de um dia fazer disso tese).

A grande mais valia do novo plano de estudos está no facto de, agora, todos os alunos irem ter ateliês de rádio e de televisão, assim como Jornalismo Multiplataforma (eu tive Jornalismo Digital) e, claro, o Jornalismo de Imprensa Escrita. Antes, estas quatro modalidades faziam parte de opcionais, em que escolhíamos apenas duas, e acho muito melhor ter-se bases de todas as opções. Eu, por exemplo, não fiz cadeiras de Rádio, só num seminário, e há várias bases que me fazem falta agora (estou a tratar de as aprender de outra forma).

Com esta mudança, o curso de Jornalismo torna-se ainda mais importante para quem, de facto, quer ser jornalista porque dá bases para um bocadinho de tudo: e os jornalistas têm cada vez mais de saber fazer um bocadinho de tudo. Há também um Ateliê novo, que junta dois seminários que tive: Captação e Edição Audiovisual. Abençoados seminários de Edição Áudio! Se não fossem essas aulas tinha sido muito mais complicado perceber como se funciona com o programa de edição que uso no trabalho.

Sinceramente, em jeito de quase conclusão, o curso de Jornalismo é um bocadinho ambivalente: aprendemos várias competências que nos são úteis enquanto futuros profissionais de Jornalismo mas vamos sempre ter cadeiras teóricas, o que não é necessariamente mau. Se o objectivo é serem, de facto, jornalistas: o curso a tirar é o de Jornalismo, meus caros! Ganham todas as competências de que precisam e é isso que se quer, não é?Não esquecer também uma coisa muito boa da ESCS: os núcleos, que se tornam uma outra forma de aprender a praticar. Se entraram em Jornalismo este ano: boa sorte! Tentem não desesperar com Teorias da Comunicação, Análise Social, Análise Económica (e outras que mais). Aproveitem os núcleos e os ateliês e arranjem forma de dar a volta ao facto de não haver estágio incluído.

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