Diz-lhe Que Não [Helena Magalhães]

Fui ler para a Quinta das Conchas. Passei a manhã a corrigir um trabalho que tinha de entregar hoje e estava sol, aquele sol que me faz amar Lisboa de uma forma quase inexplicável. Peguei no Diz-lhe Que Não, o primeiro livro da Helena Magalhães, e numa garrafa de sumo natural e fui para a Quinta das Conchas, a uns metros de casa. Há uns anos era assim que sonhava que ia conhecer o homem dos meus sonhos: sentada algures a ler um bom livro ou a escrever qualquer coisa. Ele aproximar-se-ia e ia ser o início de uma bela história. Acho que li ou vi uma cena do género algures e achei piada. Nunca aconteceu, mas não deixa de ser engraçado eu estar a dirigir-me a um jardim para ler um livro que fala precisamente sobre homens… e sobre trastes.

Apaixonei-me pelas crónicas da Helena depois de ler esta crónica sobre um homem terminar (ou não) a relação em que está para ficar com a outra da história. Eu e uma amiga estávamos metidas em confusões amorosas às quais aquele texto se aplicava e, sem conhecer a Helena de lado algum, soube que estava ali alguém que compreendia um bocadinho da confusão. Devorei o blog dela e quando soube que ela ia publicar um livro soube que tinha de o ler. Não era querer: era ter. A Ana emprestou-me o exemplar dela e comecei a lê-lo ontem à noite, no comboio entre a casa dela e o Cais do Sodré. E depois no metro para a minha casa. Terminei-o nas três horas que passei à tarde na Quinta das Conchas. E tive logo uma vontade enorme de vir para casa escrever sobre o livro e sobre a vida.

Diz-lhe que não

Devorei o Diz-lhe Que Não a um ritmo alucinante, como quem se apaixona e quer saber tudo sobre a outra pessoa. A certo ponto dei por mim totalmente envolvida na escrita da Helena e naquelas vinte e duas histórias. A cada capítulo lia a descrição quase perfeita de uma data de rapazes que passaram na minha vida e na vida das minhas amigas. Vi o meu primeiro amor naquele capítulo sobre o primeiro amor. Vi no Espanhol um bocadinho de um rapaz que conheci. Ri-me com algumas histórias, fiquei a pensar noutras. Aposto que já viram fotografias do livro pelas redes sociais e deram por vocês a perguntar-se por que raio é que toda a gente quer ler este livro. Bem, o motivo é simples: um bocadinho das nossas vidas está ali, nas palavras e nas histórias da Helena e das amigas dela. Não é uma cabala contra os homens: é só contra os trastes que se cruzam connosco, mulheres, e que nos levam um bocado do coração e da sanidade.

Terminei o livro há poucas horas e carrego em mim uma mistura de coração cheio de quem terminou um livro maravilhoso (o sentido de humor, a escrita em si… muito bom!) com aquele sentimento de nem imagino o que estará por aí reservado para mim. Calma! Não estou em total modo de descrença! Tenho 22 anos, seria preocupante ficar sem esperança no amor, nos homens e nas relações com esta idade. Mas tropeçamos nestes homens e não podemos saber o que vem dali. Ou é o que só quer falar em redes sociais (também sei de um desses, é verdade!); ou o que deixa de responder a mensagens do nada e nunca mais nos fala; ou o que nos apanha numa noite de copos e se envolve connosco… quando tem namorada em casa (este eu conheço muito bem); ou é aquele que não nos diz que sim mas também não diz que não, só nos deixa andar por ali, a fazer tudo por ele, feitas parvas.

O amor é, de facto, outra coisa. E um dia destes essa outra coisa vai cruzar-se connosco. Comigo, com a Helena, com as nossas amigas. Até lá (e até depois disso), eu só quero ler mais textos da Helena. E mais livros dela. E quero acreditar que o amor é outra coisa. Porque é.


Título original: Diz-lhe que não
Autora: Helena Magalhães
Ano: 2017

8 Replies to “Diz-lhe Que Não [Helena Magalhães]”

  1. Sigo a Helena há imenso tempo e a rúbrica dela d'"O amor é outra coisa" é simplesmente fantástica, por isso, estou extremamente curiosa com este livro (:

  2. No blogue da Ana, vi uma referência ao blogue da Helena e logo dei-lhe uma vista de olhos. Umas quantas publicações depois, aleatórias por sinal, senti-me presa à escrita dela. Quero poder sentar-me e devorar tudo o que conseguir no seu blogue e comprar o seu livro. Vi-o, simplesmente, por aí, não sabia do que se tratava, mas mesmo assim comecei por nutrir uma curiosidade. Depois desta tua opinião, como não querer investir??

    LYNE

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