Quando sei o que quero escrever mas não sei como escrever ou como colocar em palavras a imagem que quero recriar, costumo usar um post-it (se escrever à mão) ou adicionar uma chamada no word, com todos os pormenores que sei que quero incluir ali. Normalmente, não gosto desta técnica de passar à frente quando fico encalhada numa cena, mas uso-a porque só assim evito parar por completo, mesmo que saiba que tudo o que escrever posteriormente vai sair fragmentado.
Hoje consegui finalmente desenvolver as duas cenas que tinha marcadas e consegui fazê-lo com tanta facilidade que ninguém diria que, algures no tempo, tinha tido dificuldade em escrevê-las.
Apesar de ter continuado a escrever quando não conseguia desenvolver estas cenas, havia sempre algo que me prendia e me deixava a pensar nas cenas que faltavam. É certo que tinha seguido em frente, mas nunca seguimos realmente em frente quando deixamos coisas por resolver no passado, não é?
Quando as resolvi, tudo o resto que tenho já escrito e pensado tornou-se mais simples e vieram mais ideias: acontecimentos, o percurso das personagens, personagens que quero cortar, referências culturais, etc., etc. É engraçado como quando resolvemos algo parece que tudo o resto se resolve também! E é engraçado como isto soa a metáfora para a vida, mesmo sem ser de propósito.
É como gravar um filme
Acho que seguir em frente é mesmo o melhor conselho a seguir quando ficamos encalhados na escrita. Quando escrevi, no ano passado, uma espécie de guia para quem quer escrever um livro, falei-te da teoria de que escrever um livro é como gravar um filme e acho que esta é a melhor dica que posso dar aos outros porque é a que resulta melhor comigo.
Nos filmes nem tudo o que é gravado fica incluído no resultado final e, claro, as cenas não são gravadas pela ordem que vemos no final. Na escrita às vezes as coisas têm de funcionar da mesma forma. Às vezes não sabemos bem o que escrever e escrevemos coisas aleatórias até encontrarmos o caminho certo. Às vezes escrevemos algo que parece incrível e depois acabamos por cortar quando estamos na fase de revisão. E às vezes temos de passar à frente de uma cena à qual só vamos voltar mais tarde.
Odeio sentir que não consigo avançar numa história ou numa cena específica da história. Tenho sempre receio de que, de facto, nunca consiga avançar. E confesso que, desta vez, ter conseguido escrever depois de encalhar numa cena e ter continuado a escrever me deixou feliz, como se fosse uma forma de perceber que eu e esta história ainda temos muito caminho para percorrer. E ainda bem.
Não se compara à dimensão de escrever um livro, mas por vezes sinto a mesma frustração na hora de compor uma publicação. E nessas alturas opto pela mesma estratégia: escrever todas as minhas ideias sobre o assunto e, mais tarde, quando a inspiração para aquela temática for maior, então retomo a publicação. Beijinhos e boa escrita 😉
A dimensão é diferente, mas a frustração é igual! A publicação que escrevi sobre o Museu dos Coches demorou muito a sair porque eu não sabia como escrever aquilo que queria escrever, por exemplo! O importante é tentarmos sempre escrever qualquer coisa. Se não se aproveitar, paciência! Pelo menos escrevemos! 🙂
Reflicto muito neste lema de vida quando estou a responder a um teste. Penso sempre: Joaninha, se não conseguires ir até ao fim de uma resolução, avança para a próxima pergunta e voltas a esta mais tarde! Vá, tu consegues, só precisas de ver outras coisas.
O problema disto é que, como dizes, nem sempre é fácil deixar algo para trás, mesmo que por meros minutos, ficamos com aquela sensação de insatisfação à espera de uma certa realização que sabemos vir a alcançar assim que finalizarmos o inacabado.
Porém, tento mesmo levar este conselho em diante, pois, acho que pode dar bons frutos seguirmos em frente durante algum tempo. Positividade acima de tudo, ou assim devia ser!
Como te percebo :X quantas vezes fico a olhar para o rascunho e de repente escrevo pedaços e fico a pensar… falta aqui alguma coisa mas não estou inspirada
Percebo-te bem! Até mesmo quando estudava jornalismo e tinha peças para escrever isso também me acontecia! Parece que ficamos com as ideias "presas" e não conseguimos passá-las para o papel… Acho que é ótimo fazer como tu fazes: colocar post-its para não esquecer o assunto, uma vez que o normal é a inspiração regressar depois 😉
Uaaau!! Que gozo me deu ao ler isto, de verdade! Adoro este tipo de publicações, onde os artistas decidem partilhar dicas de qualquer área, tendo as experiências como algo fucral! Já me tinhas falado deste projeto, contudo, deixa-me que te diga que estás a seguir pelo melhor caminho!
Continua!! 😛
novo blogue: IMPERIUM