22 coisas que aprendi aos 22

São 20h30. Menos uma hora nos Açores. A hora a que nasci. A única hora a que todos os anos, sem excepção, a minha mãe me dá os parabéns. Não antes, não depois: às 20h30 em ponto é a hora a que ela me dá os parabéns. Acho que, simbolicamente, publicar esta reflexão às 20h30 é a melhor forma de dizer adeus aos 22. Custa muito mais dizer adeus aos 22 do que custou dizer aos 21 — provavelmente porque os 21 foram muito difíceis. Gostei dos 22. Gostei de cantar a música da Taylor Swift no meu aniversário (e em muitos outros dias) só porque sim. Não foi um ano excepcionalmente memorável, mas foi um ano muito melhor comparado com o ano anterior. Aprendi algumas coisas importantes este ano, desde a conjugação do verbo estar a editar vídeo, e quero falar-vos um bocadinho sobre isso. Ora, vamos lá a uma tour pelos meus 22.

Este ano aprendi muito sobre pessoas. Sobre as pessoas que nos dão colo quando perdemos o chão, sobre as pessoas que ficam, sobre os motivos pelos quais algumas pessoas se aproximam de nós, sobre a humildade que falta a muita gente e sobre como as pessoas pensam que relacionarem-se connosco durante os meses faz com que, mais de um ano depois, achem que nos conhecem (bambis inocentes!), como se nós não mudássemos. No ano passado, comecei a publicação do que aprendi aos 21 a dizer que a vida nos dá muita porrada. Este ano aprendi que é preciso uma força quase sobrenatural para nos levantarmos depois de tanta porrada. E aprendi também que é um bocadinho mais fácil quando temos pessoas que nos tentam ajudar.

Aprendi que há sempre tempo, nós é que nem sempre o queremos ter. Aprendi que, também por isso, já devia ter feito tempo para ver Seinfeld muito antes de Dezembro do ano passado, quando finalmente vi a série. Aprendi a fazer mais tempo para ler e aprendi que o Kindle é das melhores coisinhas deste mundo. Aprendi que sou muito feliz a viajar, que o Porto é uma cidade maravilhosa, que nos conhecemos também enquanto conhecemos novos sítios.

Aprendi que os olhos demoram sempre um bocadinho a adaptar-se à escuridão, mas quando se adaptam conseguem encontrar um ponto de luz. Aprendi a respeitar o meu luto e a afastar-me do que é tóxico para mim. Aprendi que o mundo é um lugar cada vez mais estranho, que às vezes nos dá vontade de fugir dele.

Aprendi que sei escolher os meus caminhos, mesmo quando mais ninguém parece acreditar neles. Também aprendi que vou sempre querer aprender mais, tal como a minha bisavó dizia. Aprendi que não devemos ter medo de partilhar aquilo que sabemos, porque assim podemos ajudar quem não sabe. Aprendi que nascem amizades incríveis vindas da blogosfera. Aprendi a acreditar mais em mim e na minha escrita.

Aprendi que sou muito feliz a ver ténis ao vivo, que nada paga aquela felicidade de ver alguns dos nossos tenistas preferidos jogar mesmo à nossa frente, que o silêncio nos pontos e a euforia que se segue são momentos que me definem também. Aprendi que o dinheiro compra muita coisa, mas não compra carácter. Aprendi que a minha característica preferida nos outros é a humildade e respeito-a cada vez mais, tal como respeito cada vez mais as promessas. Aprendi que há lugares parados no tempo, com mentalidades cada vez mais pequeninas, com problemas em aceitar o poder da democracia, as opiniões divergentes e a opção de escolha. Aprendi que nunca vou deixar que me calem, que vou lutar sempre por algo melhor, que nunca vou ter medo de quem vive com uma ilusão de poder, que há-de, eventualmente, acabar. Aprendi a conjugar o verbo estar. Bem, na verdade, aprendemos todos.

Aprendi, acima de tudo, que temos sempre milhares de opções à nossa frente; que ainda acredito que, mesmo nos dias mais negros, vai haver um raio de sol; que a vida vale a pena por todas as pequenas coisas sobre as quais não conseguiria contar-vos agora; que, mesmo quando me assusto com o facto de chegar aos 23, tenho já um percurso de vida do qual me posso orgulhar. Aprendi que, mesmo quando me afasto, este espaço onde escrevo é a verdadeira paixão da minha vida porque me permite fazer aquilo que me deixa realmente feliz. E só espero daqui a um ano estar aqui a contar-vos tudo sobre os 23. Porra. 23. Nem acredito.

Olá, 23!

7 Replies to “22 coisas que aprendi aos 22”

  1. Que reflexão maravilhosa acerca dos teus 22. Muitos parabéns, Sofia 🙂 E espero que os 23 te tragam ainda mais aprendizagem e mais felicidade!
    Beijinhos

  2. Parabéns pelo aniversário e pela mulher bonita e completa em que te estás a tornar – estás, porque estamos sempre em mudança 🙂 que os 23 sejam do caraças, tu mereces!

    Jiji

  3. Já tinha noção que eras uma pessoa que conseguia retirar boas aprendizagens das diversas situações da vida… agora tenho a certeza! A verdade é que o expões de forma breve e decidida, sendo isso muito bonito e elegante. Aprendi a respeitar o meu luto e a afastar-me do que é tóxico para mim. Não o poria melhor e fico muito feliz que encares assim tais aspectos.
    De facto, estás preparada para os 23 e para todos os outros que se seguem. Tens reunidas todas as condições para ser feliz, porque estás a viver. Desejo-te o melhor, mesmo!
    Beijo enorme.

  4. Espero que tenha sido um aniversário muito feliz! Venho com alguns dias de atraso, mas desejo-te tudo de bom! Fizeste uma óptima reflexão dos teus 22, com excelentes aprendizagens e bons momentos. Que os 23 sejam repletos de alegrias e novos caminhos! 🙂

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