UM ANO SEM CHESTER

Há um ano, perto do final da tarde, enquanto procrastinava à grande e verificava o feed do Twitter em vez de estar a fazer o projecto final da minha pós-graduação, vi um tweet muito mau. Dizia que o Chester tinha morrido. Ignorei. Ignorei porque não podia ser verdade. Não podia.

Depois vi outro.

E outro.

Gritei de dor e caí no chão a chorar.

Quando a minha mãe chegou à sala eu só conseguia dizer o Chester não, o Chester não. 

Estive mais de duas semanas a dormir mal, a chorar diariamente, a não saber o que fazer, o que dizer, como reagir. Passou um ano. Não sei como, mas passou. E eu continuo sem saber o que fazer, o que dizer, como reagir.

Há dias bons, em que ouvir Linkin Park é bom e me deixa imensamente agradecida por ter feito parte do mesmo mundo que o Chester, por ter tido o privilégio de o ouvir, de o ver ao vivo. Há dias maus, em que só um acorde de uma música me faz desfazer em lágrimas porque dói muito saber que vivo num mundo onde o Chester não voltará.

Aquilo que aconteceu há um ano fez-me questionar muito do mundo e da vida. Quando comecei a ver o esforço dos fãs em dar apoio e alento a outros fãs, o esforço do Mike e do resto da banda em estar presente para os fãs, a força da Talinda e o trabalho dela a tentar promover um mundo mais consciente sobre a saúde mental… soube que também queria fazer alguma coisa, por mais insignificante que fosse. E tenho tentado. Por isso, neste dia em que ainda me faltam palavras, quero aproveitar para vos lembrar que a saúde mental é muito importante e nunca sabemos aquilo que vai na cabeça de outra pessoa, as lutas que trava, as dores que tem. Não é por ser mental que é menos importante, não é por ser mental que não tem de se lidar com ela.

Se a vossa mente está a encher-vos de demónios com os quais não conseguem ou não sabem lutar, por favor, procurem ajuda. Procurem os vossos amigos, a vossa família ou procurem logo um profissional. Não vai ser sempre fácil. Vai haver dias em que sair da cama vai ser uma luta gigante, vai haver dias em que quase vão esquecer-se de que têm demónios a assombrar-vos. Talvez seja uma luta curta, talvez tenham de lutar para sempre. Mas tentem. E parem de assumir coisas sobre saúde mental, sobre depressão, sobre morte por suicídio. Em vez disso, aprendam a reconhecer sinais, aprendam a importância da saúde mental, estejam presentes e tenham noção das coisas que dizem ou que fazem.

Parece impossível que tenha passado um ano, principalmente quando às vezes ainda parece impossível que o Chester já não esteja cá. Talvez ainda esteja. Em cada música, em cada letra, em cada momento que recordamos dele.

#MakeChesterProud

4 Replies to “UM ANO SEM CHESTER”

  1. Acho que sinceramente ainda estou em negação. Custa-me muito ouvir uma musica dos LP e pensar que nunca mais a vou ouvir como deve de ser ao vivo. Hoje de manhã quando liguei o carro estava a tocar a by myself e chorei um bocadinho. E continuo a não querer acreditar.
    Gostei muito do post 🙂
    Ontem estive a preparar um post com um vídeo que filmei no ultimo concerto que eles deram cá, mas não consegui acabar porque meti-me a ver o concerto todo. Tivemos o privilégio de ver os LP com o Chester (espero que não inventem LP sem Chester – sim, eu sou daquelas que não concorda com a continuação da banda :).
    A saúde mental infelizmente ainda é um assunto muito pouco divulgado e as pessoas que têm algum problema têm quase sempre receio em assumir, mas a Talinda está a fazer um trabalho excelente (não sei se teria tanta força como ela…).
    ***

    1. Ai, já temos um ponto de choque: eu aceito se eles não quiserem continuar, mas espero que, daqui a uns anos, queiram reunir-se e fazer algo juntos novamente.

  2. «Não é por ser mental que é menos importante, não é por ser mental que não tem de se lidar com ela», ainda há pessoas que precisam de ler isto em letras maiúsculas, porque a desvalorização que fazem em relação a doenças mentais angustia!
    Como assim já passou um ano? É inacreditável 🙁

  3. 🙂 não se chateamos por isso! Tenho uma amiga minha que tem a mesma opinião que tu, aliás eu não conheço ninguém que tenha a mesma opinião que eu 🙂
    Mas não consigo imaginar a banda sem ele. Também sei que posso estar a ser teimosa mas pronto 🙂

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