A primeira coisa em que pensei quando li a sinopse de Esquecido foi: como é que seria perder a memória dos últimos quatro anos? Isto porque essa é a premissa do mais recente livro do Diogo Simões: Duarte tem um acidente de carro e, quando acorda, perdeu a memória dos últimos quatro anos, pelo que acha que ainda tem 15 anos e não faz ideia de como a vida dele mudou nos anos que, agora, parecem perdidos.
O meu primeiro contacto com a escrita do Diogo aconteceu em Março, tal como vos contei na altura, e a primeira coisa que posso dizer-vos é que se nota alguma evolução na forma como a história é construída. Este livro é narrado por duas personagens, alternadamente: o Duarte, que tem o acidente, e a Ana, a mãe do Duarte. Por um lado, acompanhamos o Duarte nos primeiros dias a seguir ao acidente, sem memória e a esforçar-se por se recordar de quem é no presente. Por outro, temos a mãe do Duarte e a forma como ela lida com o acidente e com as consequências do mesmo.
Além do Duarte e da Ana, temos a Filipa (namorada do Duarte) e a Catarina (melhor amiga), a Cátia, que é a irmã, o Olívio, o Pedro, o pai do Duarte, o Ricardo, mais um amigo do Duarte. Gostei da dinâmica Duarte – Ricardo, que só se nota mais para o final da história. Confesso que, ali a certo ponto, quase torci para que no final houvesse um grande plot twist e eles ficassem juntos. Não houve, não há aqui nenhum spoiler. Aquilo que vai acontecendo, isso sim, é percebermos que o acidente é apenas uma pequena parte daquilo em que Duarte está envolvido
O Diogo tem uma boa capacidade de criar mistério e de deixar os leitores a imaginar o que virá, o que dá logo vontade de continuar a ler, página após página. Em contrapartida, não gostei tanto de ler as partes narradas pela Ana. Senti que, muitas vezes, não acrescentavam muito à narrativa ou serviam apenas para nos contar alguma informação à qual íamos ter acesso depois. Fora isto, o Diogo faz parte de uma nova geração de escritores portugueses e, como é óbvio, para esta nova geração há muitas coisas que são diferentes e muitos escritores não têm propriamente tempo de antena para ver os seus trabalhos promovidos por isso, para mim, é muito importante poder dar-vos a conhecer um livro destes, do qual se calhar não ouviram falar antes, mas que merece a vossa atenção. Agora digam-me: o que fariam se perdessem quatro anos de memórias?
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O livro foi-me enviado pelo autor.
As opiniões são exclusivamente minhas.
Só de imaginar, fico logo com uma sensação angustiante. Perder 4 anos (ou os que forem) de memórias é doloroso, porque há uma quebra na nossa história. E acredito que todo o processo de as recuperar seja exigente e, por vezes, inglório.
Muito obrigada pela partilha! Não conhecia o livro, mas já o adicionei à minha lista 🙂
Fiquei curiosa e já anotei!
Sinceramente não sei o que faria, mas perder assim quatro anos da nossa história deve deixar-nos perdidos e um tanto vazios, afinal as coisas deixam de fazer sentido na nossa cabeça, não conhecemos as pessoas, nem sequer sabemos a nossa idade. É triste vermos pedaços nossos algures perdidos pela nossa mente, sem um local de encaixe :
Fiquei com muita vontade de ler 🙂
Um beijinho ♥