QUANDO A LEITURA ABRANDA…

fretes literários
Sempre disse que não faço fretes com livros. Se não estou a gostar não me obrigo a ler até ao fim com esperança de que melhore. Para mim, a vida é demasiado curta para me obrigar a ler algo de que não gosto. Mas claro que, apesar de isto soar radical, não é algo que me aconteça assim com tanta frequência. Primeiro, porque normalmente se compro um livro é porque quero muito lê-lo logo é preciso me desiludir muito logo no início. Depois, porque há poucos livros que eu tenha detestado logo de início. Até consigo dizer o último em que percebi, ao fim de poucas páginas, que não ia terminar: After, da Anna Todd. Li para aí uns cinco capítulos e desisti dele. Há pouco tempo comprei vários ebooks gratuitos e também só li o início antes de perceber que não tinham a ver comigo e com o meu gosto.
Mas isto são excepções e são livros de que realmente não gostei. Há outros casos: aqueles livros em que custa mais entrar no ritmo. Sempre que começo a ler um livro assim acontecem duas coisas: começo a querer ler muitos livros ao mesmo tempo e depois desmotivo completamente com a leitura e começo a ler muito pouco. Aconteceu em Setembro quando estava com dificuldades em entrar na história do Little Fires Everywhere, da Celeste Ng, de que até gostei, aconteceu agora, em que estou com dificuldades em entrar no Hopeless, da Colleen Hoover. O resultado? Andei uns dias sem vontade de ler, mas já terminei um dos livros e comecei outro. Quanto ao da Colleen… está parado. Vou voltar a ele, sim, mas não para já. Porque não me apetece e não me vou obrigar a ler um livro só para não o deixar.

Mas esta semana partilhei no Instagram que, no Goodreads, estava com livros em atraso para o desafio e, para algumas pessoas, essa partilha significa que vivo obcecada com o número de livros que leio e que me cobro quando não leio. Ora, não podia estar mais longe da verdade na parte de viver obcecada com o número, mas cobro-me, sim. E não acho que isso seja necessariamente negativo. A mim não me chateia demorar a terminar um livro, mas chateia-me perceber que passo dias sem ler porque estou desmotivada com um livro e isso afecta a minha vontade de ler. Portanto, nesses casos, claro que me cobro e obrigo-me a começar qualquer coisa que me dê um novo ritmo e me faça esquecer o quanto está a custar ler o outro livro.

Nem todos encaramos a leitura (e a vida) da mesma forma. Para mim, passar muitos dias sem ler não é o meu normal e faz-me sentir mal comigo. Não é por me obrigar a ler, mas é porque ler é uma das actividades de bem-estar de que mais gosto e que mais me ajuda. Eu até posso demorar um mês a terminar um livro que isso não me chateia desde que eu sinta que o meu ritmo de leitura não está mais baixo do que o meu normal. Não significa que esteja obcecada com a quantidade de livros que leio, não significa que seja algo negativo. É a minha forma de ler.

3 Replies to “QUANDO A LEITURA ABRANDA…”

  1. E quanto mais respeitarmos a nossa maneira de fazer as coisas, mais facilmente saímos desses maus momentos. Percebo perfeitamente o teu lado, também eu sou assim com muitas áreas da minha vida e, por muito doloroso, por vezes temos mesmo de ir fazer outras coisas, até se nos reacender aquela chama maravilhosa, no que toca aos nossos momentos de lazer! Tu consegues, Sofia! ??

    LYNE, IMPERIUM BLOG

  2. Essa cobrança, para mim, até é saudável, porque é sinal que temos consciência do nosso ritmo e da nossa personalidade enquanto leitores. E, lá está, não se relaciona com o número, relaciona-se sim com a qualidade da nossa leitura; ou, melhor, com a qualidade do tempo que dedicamos a esta atividade tão especial!

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