Conta-me Histórias: Talvez

Este conto aconteceu sem querer. Sabia o tema que queria abordar, sabia o dia em que tinha de publicar, mas a história estava presa. Quando o comecei a escrever percebi que estava a relatar algo passado com uma personagem específica e confesso que isso dificultou e facilitou a situação. Mas, antes de avançarmos nos bastidores, se ainda não o fizeste podes:

O Tema e a Data

Quando anunciei, no último conto, que o próximo saía dia 20 de Março, houve alguém que percebeu logo que a data era importante. E é. Hoje faz anos o meu futebolista preferido, o Torres, e faria anos o Chester. Por isso mesmo, queria publicar no dia 20 de Março e queria que o conto falasse sobre saúde mental, queria algo que mostrasse como o Chester me ajudou tanto e tantas vezes. Foi o primeiro tema que decidi quando apresentei o projecto, mas não foi isso que ajudou a escrevê-lo.

A Primeira Ideia

Tinha esta cena pensada para começar: alguém (ainda não sabia o género da personagem) estava no supermercado, no corredor das bebidas, e comprava algumas, para depois ir beber para casa. Era aqui que queria começar, mas não sabia para onde ia. Escrevi umas trezentas palavras e percebi que estava a cruzar este conto com outra coisa escrita por mim: o famigerado livro Vinte e Um. Quando percebi isso também percebi quem era a personagem que estava ali. Podia facilitar, mas dificultou um bocadinho o trabalho nesse momento porque criou uma questão: em que parte da história é que o conto se insere? No antes do antes, no antes, no meio, no fim? Ai, decisões, decisões!

Honestamente, estava reticente. Ainda pensei começar de novo, com outra personagem qualquer, mas havia algo que me dizia que tinha de ser esta personagem, esta história. Ainda não houve motivos para o contar, mas o Vinte e Um foi criado com um propósito, com uma mensagem, e isso cruza-se com o Chester e com o dia de hoje. Acho que foi isso que me fez manter este conto. Apesar de ter a história do livro há muito tempo na minha cabeça, foi depois da morte do Chester que a comecei a desenvolver e quando decidi dar-lhe um propósito maior soube que precisava de falar de saúde mental ali e soube que precisava de terminar aquele livro por esse motivo.

A História

Decidi que este conto iria passar-se mais ou menos dois meses antes daquilo que tenho como início de livro. Havia algumas coisas que eu já tinha escrito que teriam acontecido nesse espaço de tempo, mas precisei de decidir o estado de espírito certo e quais as pistas certas para tudo o que está no livro. O conto não entrega nada do livro, mas funciona um bocadinho como prólogo. E enquanto não sei quando ou se o livro alguma vez sairá do meu computador para o mundo, este conto permite-te ter acesso a um bocadinho daquilo que têm sido muitos meses de trabalho.

Este conto é relatado na primeira pessoa por uma personagem masculina, cujo nome não revelei, mas que, desde o momento em que foi criada, tem como aniversário o dia 20 de Março. É uma personagem que passou por várias coisas complicadas e que encontrou na bebida uma forma de fugir a elas. Depois conheceu a Mariana e houve algo ali que o fez querer ser melhor. O livro é relatado maioritariamente pela Mariana, mas este conto tinha de ser com esta personagem. Caso estejam a perguntar-se, a influência do Chester e dos Linkin Park no livro é muito forte. Neste conto só mais para o fim é que se percebe, mas na história completa acho que funciona como eu pretendo.

Acredito que as palavras têm poder para nos ajudar e escrever sobre saúde mental é algo que me custa muito mas que considero necessário para mim e para os outros. No entanto, sei que é uma responsabilidade grande e, por isso, lembro que a saúde mental é muito importante e que devem procurar ajuda.

Playlist

É uma coisa que tem surgido naturalmente em todo o universo Vinte e Um e este conto não podia ser excepção. Se tiverem curiosidade, há uma playlist curta a servir de banda sonora a todo o conto.

Podes descobrir mais sobre o projecto Conta-me Histórias aqui.

6 Replies to “Conta-me Histórias: Talvez”

  1. É o meu conto preferido até agora! Por ter uma mensagem tão forte e por estar tão bem escrito.
    Gostei de saber todos os pormenores acerca dele e a playlist (com músicas top!) é a cereja no topo do bolo.
    Mais uma vez a surpreender, Sofia! Genial!

  2. Ter acesso a estes bastidores é precioso, porque nos deixa com outra predisposição para ler o conto *-*
    Estou mesmo curiosa com este, mal posso esperar para ter um tempinho para o ler

  3. Mais um conto bonito e bem escrito. Interessante como as histórias dos contos têm sido tão diferentes umas das outras, mas de de todas é possível retirar uma lição ou qualquer coisa para além do texto. Parabéns, Sofia. Aguardo o próximo! Bjs 🙂

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