Uma Dúzia de Livros: Equador

Na segunda metade de 2019 muitos foram os livros que era para virem para o blog, mas não chegaram cá. O Equador, do Miguel Sousa Tavares, foi um desses livros. Comecei-o no início de Junho, mas só o terminei quase no final do mês seguinte. Esta era a minha escolha para o Uma Dúzia de Livros, mas acabei a conseguir falar dele apenas no Instagram.

O tema de Junho do Uma Dúzia de Livros era um livro passado num sítio que não conhecêssemos. Como não conheço assim tantos sítios foi fácil escolher.

Uma viagem até São Tomé

Equador começa com o rei D. Carlos a chamar Luís Bernardo a Vila Viçosa para lhe oferecer uma oportunidade que mudará a sua vida: o cargo de governador de São Tomé e Príncipe. Luís Bernardo acaba por aceitar, embora não saiba exactamente o que o espera naquela colónia portuguesa… numa altura em que Portugal tentava convencer o resto do mundo, principalmente o Reino Unido, de que a escravatura não existia nas suas colónias. Ao mesmo tempo, David Jamenson e a mulher Ann vivem na Índia e são, posteriormente, enviados para São Tomé para determinar se de facto existe ou não escravatura naquela colónia.

Para mim, o livro divide-se em duas partes iguais. A primeira metade é lenta, por vezes quase aborrecida e sem grandes acontecimentos. A segunda está cheia de coisas a acontecer, quase sem espaço para respirar, e prende os que aguentam até lá chegar.

O livro que pensei que nunca ia terminar

O facto de a primeira parte do livro ser lenta dificultou a minha leitura. Por vezes pensei que não ia terminar o livro, mas fui teimosa e decidi que ia continuar e ainda bem que o fiz. No entanto acredito que haja quem desista graças àquela metade lenta.

Agora que já passou algum tempo que o li, consigo ver esta diferença de ritmos de uma forma que se calhar está totalmente errada, tal como acontece quando nos metemos a adivinhar. A maior parte dos momentos aborrecidos acontecem antes do David Jamenson e a Ann chegarem a São Tomé. Quando Luís Bernardo vai para lá não sabe o que o espera e está sozinho, pelo que os dias custam mais a passar. Daí parecer tudo tão lento.

Depois, com o David e a Ann, começam a acontecer mil e uma coisas e, por isso, o livro ganha outro ritmo. Tal como a vida: há dias lentos e aborrecidos, há dias em que tudo acontece. Claro que isto sou eu a querer adivinhar coisas que podem não ser bem assim, mas agora, ao pensar no Equador, é esta a comparação que me vem sempre à cabeça.

Apanhada desprevenida

Acabei por gostar muito do livro. Nunca tinha lido Miguel Sousa Tavares e não vi a série que deu na TVI há muitos anos, por isso foi uma boa introdução à obra dele. O final apanhou-me desprevenida e, como conclusão de várias páginas que li quase sem parar, fez-me realmente perceber que tinha gostado daquele livro.

Não sei quando (ou se) voltarei à obra de Sousa Tavares, mas fiquei contente por ter escolhido este livro para o Uma Dúzia de Livros. Por vezes acho que deixo a ficção portuguesa de lado e foi bom contrariar essa tendência.

Título original: Equador
Autora: Miguel Sousa Tavares
Ano: 2003

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Esta publicação está inserida no Uma Dúzia de Livros, o clube de leitura criado pela Rita da Nova. Podes saber mais sobre o projecto aqui.

2 Replies to “Uma Dúzia de Livros: Equador”

  1. Tornou-se um dos meus livros favoritos, embora também reconheça que a primeira metade da obra pudesse ser mais ritmada; sinto que teria potencial para. Ainda assim, é fabuloso *-*
    Sou suspeita, porque adoro MST, mas recomendo ler mais dele

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