No episódio desta semana do Crise de Identidade falo sobre a história de como a Lady veio cá para casa, despesas caninas e outras histórias com patudos. Pelo meio ainda converso com a Lady, porque gravei o episódio com ela ao colo.
Antes da Lady tive duas cadelas. A primeira veio para casa quando eu tinha uns 4 anos e pouco e tivemo-la durante uns 6 ou 7 anos. Chamava-se Polly, porque na altura no Batatoon davam uns desenhos animados da cinderela e o cão dela chamava-se Poli. A Polly teve uma ninhada em 2002 e foi assim que ficámos com a Dama. A Dama era mesmo minha, ou seja, o boletim dela estava em meu nome. Chamei-a Dama porque o meu filme preferido da Disney é a Dama e o Vagabundo.
A Dama viveu connosco durante 14 anos e meio. No início de 2016 teve de fazer uma operação difícil, porque tinha quistos mamários. Ninguém sabia se ela ia aguentar, por causa da idade. Mas ela aguentou a cirurgia e o pós-cirurgia. Infelizmente, no outono os rins dela começaram a falhar e ela não aguentou.
Durante muito tempo nenhuma de nós queria pensar em arranjar outro cão. Depois eu comecei a querer outro cão. A minha mãe ainda não estava convencida.
Durante meses uma utente do centro do dia onde a minha mãe trabalha começou a pedir-lhe que ficasse com a cadela dela. A minha mãe foi recusando e dizia-lhe que pedisse a alguém da família. Mas a senhora foi insistindo e, no final do Verão, depois de eu ter insistido, ela levou-me a conhecer a Lady.
Quando fui não sabíamos o nome dela e falámos na possibilidade de mudar o nome dela caso não gostássemos do original. A ideia era chamar-se Blue. Quando a vi adorei-a logo, mas eu adoro todos os cães portanto não era certo. Depois a senhora disse que ela se chamava Lady. Os meus olhos encheram-se de lágrimas e eu soube que ela tinha de ser nossa.
A Lady veio para nossa casa no dia 30 de outubro de 2018, com 2 anos. Não foi uma transição fácil. Nos primeiros dias ela tornou-se meio possessiva com a cama da minha mãe e rosnava se nos aproximávamos. Houve um momento em que achei que ela não gostava de mim e não foi bonito.
Depois ela deixou de comer com apetite. Tinha ficado marcado que ela seria castrada duas semanas depois de ir para nossa casa e quando chegámos lá nesse dia ela tinha perdido mais de 1 quilo. As análises estavam bem… o problema era uma infecção grave do útero. Se ela não tivesse sido operada teria vivido apenas mais uns dias.
Quando ela voltou a casa, tivemos de a ensinar a brincar de forma a não nos magoar e fomo-nos apercebendo de algumas coisas do feitio dela.
Não é que ela fosse mal tratada, mas não tinha a liberdade e o tratamento que tem connosco e isso foi-se notando.
O processo de adoptar um cão que já tem dono e microchip envolve apenas assinar uma cedência e pedir a um veterinário que faça o processo, de forma a que o microchip passe a estar no nome do dono novo.
Depois de papel assinado, meses da senhora a pedir à minha mãe para ficar com a Lady… a senhora arrependeu-se. Dizia que não devia ter dado a Lady porque já se sentia melhor… não foi uma atitude boa. A senhora acabou a adoptar outra cadela uns meses depois.
A Lady até se habituou facilmente a nós. No início ia acordar-me às 8h em ponto. Parecia mesmo que tinha um despertador dentro dela. Habituou-se aos nossos passeios e a andar de carro – algo que agora adora. Claro que, nos entretantos, percebemos que ela sofre de ansiedade e o método que nos tem ajudado, quando ela tem crises, é o das feromonas. Não vou dizer marcas… porque não me pagam, mas usámos uma coleira e um difusor e funcionam bem com ela. São coisas que um veterinário pode aconselhar e aí importa confiar no veterinário que escolhemos.
Este processo de adopção é um bocadinho diferente do processo de ir a um canil. No caso de ires a um canil o microchip tem de ser feito também e têm de te entregar o boletim do cão, com a prova das vacinas que já lhe foram feitas. A anti-rábica é obrigatória. A polivalente, que faz quatro doenças, é opcional, mas recomendada. Depois há outras vacinas que podes fazer: a da leishmaniose, a da tosse do canil, etc. Com a Lady fazemos a anti-rábica e a polivalente.
Nos custos… bem, adopção é adopção, não envolve custos além do chip e das vacinas que possas ter de fazer. Depois a desparasitação: a interna é feita a cada 3 meses, com um comprimido. A externa é feita todos os meses ou então podes optar por uma coleira – algo que fazemos com a Lady.
Também pode ser importante castrar… e aí a cirurgia é um investimento, mas vale a pena. No caso das cadelas, além de não teres de te preocupar com cios, reduz o risco de cancro da mama e afasta a possibilidade de infecções uterinas… que podem ser fatais.
Além da disponibilidade financeira, acho que mais importante ainda é disponibilidade emocional e horária. Um cão precisa de brincar e fazer exercício, precisa de ir à rua, precisa de atenção e tempo de dedicação. No fim do dia, garanto que o amor que ele te dá faz tudo valer a pena… até as molhas que apanhas quando o levas à rua em dias de chuva.
Quando a minha cadela faleceu, também estivemos vários anos sem acolher animais, porque estabelecemos vínculos muito especiais com eles e a despedida custa horrores. É um processo de luto que não pode ser acelerado.
Identifiquei-me muito com partes deste episódio e adorei ficar a conhecer melhor a história da Lady