Posso dizer-te que, ao abrir este editor de texto, a primeira coisa que me passou pela cabeça foi: quando é que escrevi pela última vez? Logo a seguir a dúvida: será que ainda sei escrever?
É a primeira vez em Março que me sento ao computador com o intuito de escrever. Têm sido dias particularmente corridos e preenchidos com ansiedade e, desta vez, ouvi o que a mente me dizia e deixei-me estar. Noutros tempos teria entrado ainda mais em parafuso e teria deixado a escrita ainda mais frustrada. Not this time.
Sempre que parava de escrever durante uns tempos questionava-me insistentemente sobre o que isso quereria dizer sobre a minha qualidade e disponibilidade para escrever. Sobre o meu valor enquanto escritora. Hoje sei que não quer dizer o que quer que seja.
Às vezes é preciso parar para reagrupar ideias, outras vezes para refazer ideias e, nesta vez, foi só para respeitar a ansiedade que a minha mente estava a sentir.
O que mudou desta vez foi conseguir perceber e aceitar o motivo pelo qual me sinto ansiosa e compreender que se me está a limitar criativamente é porque talvez precise da pausa. Abracei a pausa e deixei-me estar dividida entre trabalho, sono, algumas leituras e algum tempo a ver séries (até avancei na quarta temporada de The Crown, depois de meses!).
Talvez a forma como vejo a escrita se tenha alterado com o tempo, não por ter deixado de a ter como prioridade mas por aceitar que a minha escrita funciona melhor quando eu funciono melhor.
Estaria a mentir se dissesse que não pensei em escrita nestas semanas. Pensei, aprovei comentários, olhei para a lista de ideias, mas simplesmente não agi, não fiquei horas a obcecar sobre o facto de não escrever.
Quando finalmente comecei a sentir-me disposta a escrever, há umas horas, senti também que a ansiedade estava a dissipar-se e a dar lugar à necessidade de pôr em caracteres algumas coisas que por aqui navegavam. Não sei se estou de volta porque nunca fui embora, mas estou de volta, mais ou menos. As palavras voltam sempre a quem não deixa de as procurar.
É tão importante sabermos parar e respeitar a nossa vontade. Porque é tão válido escrevermos dias a fio, como não escrevermos de todo. Sem cobranças, porque a nossa predisposição tem de valer mais.
Que seria de nós, se elas nunca mais voltassem? Ainda bem que elas já conhecem o caminho para casa.
Também eu vivo um desses momentos, em que tenho muito para dizer, contudo, sem saber ao certo como. Como tal – e como tu -, desta vez não estou a dar em doida. Apenas respeito-me e escrevo quando o coração e a mente concordam entre si.
Por vezes, faz bem descansar e fazer outras coisas!
Besitos,
Lyne, Imperium Blog
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