Quando era pequena, achava que fazer 27 anos devia ser a cena mais fixe de sempre. Não sei onde fui buscar esta ideia, mas imaginava sempre que, aos 27 anos, uma pessoa já era adulta, com a vida decidida e sem dúvidas sobre o mundo.
À medida que me aproximo dos ditos 27 anos percebo cada vez mais o quanto estava enganada sobre… tudo. Claro que as dúvidas surgiram quando comecei a ouvir falar do Clube dos 27, mas, agora, vejo os 27 ao longe e dou por mim a perguntar-me: que raio de ideia era aquela de os 27 anos serem um marco significante da vida adulta?
Mas aquilo que mais me tem impressionado nestes anos é como crescer é algo curioso. Há quem sinta que vamos perdendo amigos, sonhos e hobbies. E eu também sinto parte disto, claro.
Já não parece haver tempo para tudo, o tempo parece andar cada vez mais depressa e começas a deixar de lado séries, podcasts ou personagens que antes acompanhavas sem hesitar. Mas ganhas amigos enquanto perdes pessoas pelo caminho. Ganhas vontades novas enquanto te desfazes das antigas. Ganhas confiança enquanto te vais apercebendo de que nem tudo o que fazia sentido aos 19 anos era saudável.
Claro que sentes as costas doer ao fim de um dia de trabalho mais difícil, que fazes mais contas a cada mês que passa, que também perdeste sonhos que nunca realizaste, que é preciso um esforço cada vez maior para manteres o equilíbrio entre trabalhar 8, 9 ou 10 horas por dia, dormir horas suficientes e continuar a fazer aquilo que realmente te apaixona. Mas pelo menos já sabes respeitar as horas de sono.
Já não cresces em altura e de certeza que por vezes cresces em largura, mas um dia destes tens 27 anos e uma vida pela frente para perceberes que talvez nunca tenhas a vida decidida.
Gostei muito dos meus 27 [se calhar, porque também gosto do número em si]. E sinto que há tantas aprendizagens no caminho, que é isso que torna a viagem fascinante, mesmo quando nos pesa.