folklore [taylor swift]

No dia em que comprei a versão física de folklore, fiz aquilo que faço sempre ouço um álbum novo: peguei no livrinho que acompanha o CD e comecei a folheá-lo. Foi uma sensação diferente. Cheirou-me a livro. Aquele cheiro que vem das páginas dos livros novos, sabes? Senti esse cheiro exacto. Achei que era um dos momentos mais bonitos que podia ter com este álbum.

folklore: a salvação de 2020

2020 foi, colectivamente, um ano de calibragem, de recentrar e repensar. Para uns terá sido um ano de grande criatividade, para outros um ano de grandes frustrações. Para a Taylor Swift talvez tenha sido o maior ano profissional de sempre, com um álbum que, para mim, entrou automaticamente no top 3 de trabalhos dela.

No dia em que saiu, escrevi que este álbum tinha um trabalho de escrita e vocal absurdamente bons. Pode faltar-me formação para avaliar e escrutinar cada acorde, mas na escrita… Gosto sempre de ler as letras das músicas como se de simples poemas se tratassem. Aprendi muito inglês assim e, ao ler estes dezassete poemas, senti aquilo que só grandes obras literárias conseguem: criei imagens mentais para cada poema, para cada música.

Acredito que folklore colocou a Taylor num patamar diferente. A nível de escrita, as letras dela sempre foram fortes e importantes, mas com folklore e, posteriormente, com evermore, acho que ela se elevou e se superou. Já não é uma artista country, não é uma artista pop, é mais do que tudo isso, maior do que tudo isso.

folklore é um álbum diferente de todos os que a Taylor editou anteriormente, mas não é muito diferente do tipo de música que eu gosto de ouvir e encaixou-se na minha vida e na minha rotina de forma perfeita, como a peça do puzzle que faltava para completar a banda sonora da minha vida. Desde aí, acredito que tenha ouvido o álbum todas as semanas, por vezes mais do que uma vez por semana, por vezes mais do que uma vez por dia.

Entre histórias musicais absolutamente belas e palavras que me fizeram ir ao dicionário várias vezes, folklore tem a beleza da tristeza e a maravilha da genialidade. Desde Julho de 2020, todos os meses acho que finalmente tenho uma música preferida e todos os meses percebo que não consigo escolher apenas uma. Cada uma vai entrando pela minha vida de forma mais ou menos intensa e vai ficando. Uns dias sinto mais a this is me trying, noutros quero viver um amor como invisible string, por vezes tenho vontade de escrever fanfiction com cardigan, betty e august, e por aí vamos.

The Long Pond Studio Sessions

A experiência com o álbum não se fica por aqui e acredito que ficou muito mais completa quando, no final do ano, a Taylor se juntou à Disney+ para apresentar folklore: the long pond studio sessions.

Eu sou uma eterna curiosa com tudo o que envolve processos criativos. Odiava analisar textos e poemas nas aulas de Português, mas se me tivessem dado a oportunidade de conversar com os autores para tentar descobrir o que os tinha inspirado ou incentivado teria sido muito feliz. Foi isso que the long pond studio sessions trouxe à minha vida: a oportunidade de ver a curiosidade satisfeita enquanto a Taylor, o Jack Antonoff e o Aaron Dressner conversam sobre o processo criativo que levou ao folklore.

Como bónus, vão interpretando cada tema sempre que falam sobre ele. A roupagem não muda totalmente, mas dá um toque ainda mais intimista a cada música e fez-me querer um concerto da Taylor numa sala pequenina, só mesmo para interpretar músicas à guitarra e ao piano.

O documentário-concerto tem uns curtos uma hora e quarenta e seis minutos de duração e a única coisa que deixa a desejar é filmes do género para todos os álbuns. Pode ser, Taylor? Por favor?

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