Sempre disse que queria trabalhar durante o segundo ano de mestrado. Era um dos meus objectivos de 2022: procurar trabalho para o segundo ano. Na minha cabeça ia demorar muito tempo. Em Abril comecei a ver algumas ofertas de emprego, com calma, só para estudar o mercado. Na minha cabeça também se começou a formar uma ideia do concelho em que queria trabalhar. Desde Abril que sabia que queria vir para a Maia.
A Maia começou a surgir como ideia entre Março e Abril. Aproximei-me de alguém que vive na zona e fiquei curiosa. Queria perceber como era a vida neste concelho. Foi quando percebi, com algumas pesquisas, que há muitas empresas aqui, de pequenas e médias dimensões, nas quais eu me via a trabalhar facilmente. No entanto também me levantava algumas questões: trabalhar na Maia significava mudar-me para lá, ou seja, significava mudar-me para um lugar onde não conheço pessoas. Bem, no meio do medo de ir sozinha para um lugar desconhecido tinha um bocadinho de calma porque conheço uma pessoa que vive na Maia. Não é o suficiente para garantir alguma coisa, mas conhecer alguém fazia-me sentir menos sozinha nesta possibilidade.
No fim de Junho comecei a responder a ofertas de emprego. Em três semanas enviei 50 currículos, 48 deles para empresas situadas na Maia. Um dia fui chamada para uma entrevista. Andei meio perdida entre Pedras Rubras, Guardeiras e Gemunde, gostei da entrevista, mas não fiquei. Sabia que viria para a Maia de qualquer forma, por isso não havia pressa. Só que depois fui chamada para outra entrevista e no espaço de uma semana estava a mudar-me para aqui, com um trabalho novo, uma casa que vou dividir com pelo menos duas pessoas e um medo do caraças, principalmente um medo do caraças.
No último domingo de Julho, depois de trazer metade das minhas coisas de Gaia, quando finalmente parei, estive uma hora a chorar. A chorar de medo: medo de estar a cometer um erro, medo de não me dar bem aqui, medo de falhar. A chorar mil e uma dúvidas, mil e um receios, mil e uma dores, incluindo como a segurança de conhecer alguém aqui se tinha dissipado e eu estava realmente sozinha numa cidade desconhecida, para onde tenho de usar GPS para tudo (mas já sei o caminho de casa até ao trabalho e de casa até ao posto de gasolina), onde não conheço mais ninguém num raio de 20km.
É impossível saber agora o que esta mudança me vai realmente trazer. No entanto, há algo que me diz que comecei aquela que acredito que será uma relação longa e estável entre mim e a Maia. Em duas semanas, já não me sinto tão assustada por estar num lugar novo. Ainda não explorei nada da Maia, nem da zona específica da Maia em que estou a viver, mas sei que com calma hei-de lá chegar.
Quanto ao trabalho… bem, ainda não sei grande coisa sobre o ramo da empresa em que comecei a trabalhar, mas estou a trabalhar em Marketing outra vez e já tinha saudades do equilíbrio entre tarefas técnicas e tarefas criativas, embora muito do trabalho criativo ainda esteja por vir. Apesar de estar a gostar, algum do medo de falhar ou de não ser boa o suficiente ainda por aqui anda. Tenho muito a aprender e muito esforço a mostrar. Não quero falhar, não quero mesmo falhar.
Estou numa empresa com alguma estabilidade histórica e financeira, mas vou estar envolvida num projecto quase novo, uma espécie de começar de novo, algo que me deixou contente e que referi na entrevista como uma oportunidade interessante porque o começar de novo num lugar novo e num projecto novo me fez todo o sentido. Enquanto o projecto se vai criando, tenho investigado como funcionam alguns programas da Adobe, sobre os quais quero aprender mais, e tenho voltado a ler sobre marketing, neste caso B2B, uma vertente na qual nunca tinha trabalhado.
O desafio será maior em Setembro, quando tiver de conjugar trabalho com tese, mas vamos esperar que corra tudo bem (e que eu arranje tema de tese até lá também). Comecei isto e é para terminar, mesmo que exija algum esforço em alguns momentos (mas de forma menos devastadora mentalmente do que foi no 2.º semestre deste ano).
Sinto que está muito a acontecer, com ainda muita instabilidade, mas sabe-se que antes da estabilidade vem a instabilidade, não é? Não está tudo bem e perfeito, longe disso, mas estou a entrar nesta nova fase em que quero que tudo fique melhor, seja melhor, se sinta melhor.
Além de tudo isto, esta semana gravei episódio de Crise de Identidade (sim, leste bem!) onde falei sobre estas mudanças e estes sentimentos, entre outras coisas da vida sobre as quais não quero escrever agora.
Boa sorte para este novo começo, Sofia! Tenho a certeza de que vai correr tudo melhor do que esperas e que a Maia ainda te vai fazer muito feliz.
Beijinhos,
inescm2.blogspot.com