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Aproximamo-nos do final do Desengatados à mesma velocidade a que eu desinstalei o Tinder em 2017 depois de me aparecerem quatro ex-colegas de faculdade seguidos. Rápido, caso não tenha ficado claro.
Escrever sobre sentimentos e relações era algo que eu adorava fazer entre o final da adolescência e o início dos 20, no entanto fui abandonando. Nem sempre havia histórias interessantes para contar e, quando havia, não me apetecia contá-las (ou não podia). Só que estes sempre foram temas sobre os quais adoro escrever. E são temas que sinto que trazem compreensão. Quando eu falo sobre sentimentos, relações ou até sobre o Tinder há sempre alguém que vem falar comigo e me diz que se sente compreendido.
Quando eu comecei a falar das experiências de Tinder no Instagram isto aconteceu de uma forma mais impactante: de repente já não era só compreensão. Era ter pessoas a agradecer porque ninguém que conhecem fala de Tinder ou porque não têm amigos com quem falar do assunto ou simplesmente porque estão na mesma situação e é bom saber que não somos os únicos a sentir-nos assim.
Também foi por isto que eu comecei a pensar o Desengatados. E, novamente, todas as semanas, a cada episódio, tinha partilhas constantes — histórias semelhantes, personagens idênticas. Nunca conseguiria falar de coisas destas se estivessem a acontecer no momento, mas foi bom poder contar esta seleção de histórias.
Ao longo destas doze semanas, fiz um exercício de escrita que nunca antes tinha feito: misturar géneros, brincar com a realidade, editar histórias de forma a deixar coisas de fora, mas com bom conteúdo dentro. Ficou muita coisa de fora, mas acho que o que está dentro resultou.
Como estamos perto do fim e eu sou pessoa de retrospetivas, gostava de aproveitar este penúltimo episódio para olhar para os episódios anteriores e pensar naquilo que algumas personagens trouxeram à minha vida.
Como a interação foi importante para mim, pedi, há uns tempos, algumas perguntas ou sugestões no Instagram. Uma das perguntas que me fizeram foi o que é que cada personagem trouxe à minha vida. Foi uma pergunta interessante porque nem todas as personagens trouxeram algo à minha vida. Houve personagens tão passageiras que não trouxeram nada além da história, mas algumas trouxeram mais do que histórias, claro.
O que as personagens trouxeram à minha vida
Dos que trouxeram algo mais, acho que vou começar pelo Mitch. Foi numa conversa de fim de noite com o Mitch que eu lhe disse que até gostava de fazer caminhadas, mas aqui não fazia porque estava habituada a que caminhadas existissem só com a Lady. Ele desafiou-me a incluir caminhadas no meu dia-a-dia aqui e eu fiz isso. Não fiz todos os dias, nem faço, mas ter incluído aqui algo que me faz bem e que fazia noutro contexto foi uma ajuda preciosa.
Apesar de ele ser infinitamente mais disciplinado do que alguma vez eu serei, ter alguém a incentivar-nos a voltar a hábitos saudáveis e a torcer pelas versões de nós mesmos em que por vezes não acreditamos é bom, é muito bom.
Apesar de todas as coisas más que trouxe, o Carlitos também trouxe algo positivo à minha vida. O Carlitos fez-me repensar várias ideias pré-concebidas que eu tinha em relação a… muita coisa e até a ganhar um certo à-vontade em questões que, antes, me deixavam desconfortável. Além disso, trouxe-me também uma visão muito clara daquilo que não quero na vida — o que, sinceramente, é uma bênção.
Os restantes… não acho que tenham trazido algo específico. Talvez tenham, em conjunto, transmitido alguma lição, mas disso falamos no próximo episódio. Não vou falar sobre o que o Franquito trouxe à minha vida, porque ainda não chegou a hora de fazer um balanço do lado dele.
Além desta pergunta e de outras a que vou responder no último episódio, deixaram-me dois desafios interessantes (e difíceis) a que vou responder hoje.
Música para as personagens
O primeiro desafio que me lançaram foi: Atribui uma música a cada personagem.
Isto é um desafio mesmo, por isso é que vou começar por este, com as personagens por ordem de aparecimento nos episódios.
Carlitos — Mean (Taylor’s Version), Taylor Swift
Esta escolha deu-me luta, muita luta, porque eu sabia que queria escolher uma música da Taylor. Ele odeia a Taylor. Mas havia tantas boas opções que decidi que ele não merecia as melhores músicas e escolhi aquela que tem uma descrição muito adequada dele: All you are is mean // And a liar, and pathetic // And alone in life, and mean // And mean, and mean, and mean…
Miguel, o do perfil falso — Quem és tu, miúda, Azeitonas
Como eu não sei quem ele é, achei que uma música em que se canta para uma miúda que também não sabem bem quem é era adequada. Não é? Paciência.
Cristiano, o melhor jogador do mundo (pelo menos é o que ele pensa) — Shake if Off, Taylor Swift
Que música melhor sobre um jogador do que a música que diz que players gonna play? I’m just gonna shake, shake, shake, I shake it off.
Warren, o da não-monogamia — 13 mulheres, Expensive Soul
Mas haveria algo melhor para o amigo da não-monogamia do que uma música sobre ter 13 mulheres? Peço desculpa, foi o melhor de que me lembrei.
Ruizinho — Shut Up, Black Eyed Peas
Mas há melhor música para alguém que não se cala?
Mitch — Breaking the Habit, Linkin Park
Foi difícil resistir à tentação de incluir a banda sonora do Bay Watch, mas… ele é fã de Linkin Park como eu, por isso merecia uma música boa, sobre quebrar hábitos… já que ele é a pessoa mais disciplinada que conheço.
Gasparzinho, o que desapareceu — Disappear, Beyoncé
É muito fácil escolher músicas para quem desaparece, apesar de eu ter pensado que não. Entre músicas sobre fantasmas, bandas sonoras de filmes e séries sobrenaturais e coisas do género, a minha escolha foi para o óbvio: Disappear, porque foi isso que ele fez.
Jorginho, o que queria trair a mulher — Sorry, Beyoncé
Podia simplesmente escolher uma qualquer música do Lemonade, o álbum que a Beyoncé escreveu sobre ser traída, não é?
Franquito — New Romantics, Taylor Swift
Só porque gosto muito da música e porque fala de novas formas de encarar a vida, as relações, os sentimentos e adequa-se nessa parte das novas formas de encarar a vida.
E mais algumas questões...
Agora… se escolher músicas foi difícil, isto não foi muito mais fácil:
Personagem de quem ficaria bestie: do Mitch! O que não é impossível, porque ele tem maturidade para isso. É o mais interessante e quem mais vejo como pessoa capaz de ser confidente apesar de (ou por causa de) tudo o que partilhámos juntos.
Personagem favorita: o Franquito. E acho que foi a personagem favorita de mais pessoas. Como não partilhei muito sobre ele, percebo que não seja fácil perceber porquê, mas também não é preciso.
Personagem com quem achas que falhaste: com o Franquito.
Personagem com quem sairias novamente: o Franquito. O Mitch também, mas dependeria do contexto.
Personagem que gostavas de ter na tua vida mais tempo: Franquito. Tenho um fraquinho por ele, ele é o meu ponto fraco, pronto, e odeio-o um bocadinho por isso… 🤣
Personagem que é mais boyfriend material: talvez o Mitch, mas nunca o vi como candidato a tal — é boyfriend material no geral.
Personagem que não é boyfriend material, mas que aceitavas como boyfriend: Obviamente, o… não vou dizer, claro. 🤫 Na verdade não sei se aceitava alguma das personagens como tal.
História mais editada: a do Carlitos — porque deixei de lado muita coisa que não interessava para aqui… não precisam de saber os níveis todos de manipulação e estupidez. 🤣
Personagem com quem aprendeste mais: Carlitos. O que não é necessariamente bom.
Pior personagem: do I really have to say his name again???
Personagem a quem darias uma nova oportunidade: acho que só o Mitch e o Franquito é que merecem oportunidades, sinceramente. Dos outros, ou não ia valer a pena por uma série de motivos ou simplesmente não sinto que mereçam novas oportunidades.
Depois… tive várias perguntas sobre o que aprendi e sobre histórias específicas… e como ligam com aquilo que sempre imaginei que seria o último episódio… ficam para o último episódio.
Estou zero preparada para o final do desengatados, mas adorei a dinâmica deste episódio. Ainda que tenha um toque mais descontraído, não deixa de revelar várias coisas da tua experiência, o que é mesmo fixe 😀