taylor swift: 1989 (taylor’s version)

Tenho de começar esta publicação com uma pequena declaração de interesses. O 1989 é um dos álbuns da minha vida. Nunca hei-de conseguir falar sobre ele sendo totalmente isenta. Mas também quem é que quer ler opiniões isentas sobre um dos maiores álbuns da música pop?

Desde que a Taylor anunciou que ia regravar os seus primeiros seis álbuns, além do entusiasmo natural à volta do acontecimento, surgiu-me uma questão em relação à forma como seriam regravados: seriam só pormenores ou haveria grandes mudanças? O Fearless TV respondeu a essas questões: haveria sempre mudanças de produção porque assim o era exigido, mas tudo o resto estava lá. Ainda assim, havia algo que eu sabia que precisava de fazer para o 1989 (e acho que o mundo devia fazer para o reputation também): gerir expectativas.

O 1989 original é um álbum com uma produção incrível, por isso melhorá-la seria um desafio. Aquilo que me entusiasmava mais, na realidade, era a voz. A voz da Taylor melhorou muito do 1989 para o reputation, tornou-se mais segura, e queria ouvir o 1989 com essa voz segura. Depois havia a questão do vault tracks. Sabia-se que ela tinha escrito muita coisa para o álbum original, mas ninguém sabia ao certo o que esperar destas músicas from the vault, mas todos pareciam ter expectativas de que fosse o melhor vault ou de que fosse perfeição pop.

Assumi de início que ia amar o 1989 TV com todo o meu coração, mas decidi que não ia esperar que mudasse a minha vida ou que fosse tudo na vida. Não que achasse que ela o ia estragar, até porque estamos há meses a ouvir Taylor’s Version na Eras Tour portanto sabíamos um bocadinho do que aí vinha, mas porque quando gostamos muito de algo por vezes não conseguimos ser isentos. Eu ouvi o 1989 centenas e centenas de vezes ao longo de nove anos. Tive uma versão pirateada no computador e no telemóvel durante todo o tempo em que não esteve no Spotify. Ainda é comum que músicas do álbum estejam nas minhas mais ouvidas do ano. Sempre que conduzo para casa ou para aqui adoro ouvir o álbum em altos berros. Seria possível fazer-lhe mesmo justiça?

1989 never goes out of style

Decidi deixar passar uns dias depois do lançamento para escrever sobre o 1989 (Taylor’s Version) porque queria ter tempo para absorver esta nova versão e poder escrever sobre ela sem estar em modo reativo em relação a outras opiniões com que me cruzei.

Em primeiro lugar, nota-se claramente que este álbum é um dos favoritos da Taylor a partir do momento em que ela vira capitalista e traz quatro capas diferentes.

Em segundo lugar, amo, amo, amo que se note mesmo a voz mais segura e madura. A voz faz uma diferença gigante em algumas das minhas músicas preferidas, tipo I Know Places ou Wonderland.

Em terceiro lugar, vamos falar da produção. Honestamente, acho que a música em que senti menos a energia da versão original foi a Shake It Off. A bridge original tem um certo tom que acho que não chegou completamente a esta versão, mas tudo bem. Em tudo o resto, claro que se notam detalhes de produção, principalmente em Style ou New Romantics, mas — e isto vai ser polémico — estão melhor assim. New Romantics é uma das minhas músicas preferidas e acho que está ainda melhor agora, com aquela introdução a parecer ainda mais o início de um hino nacional.

Tendo em conta que é uma regravação, logo não é nem pode ser exatamente igual ao original, achei algumas críticas de fãs um bocadinho despropositadas nesse sentido. Claro que ia haver pormenores diferentes — tem sido assim em todas as regravações.

Estou ainda a torcer para que Sweeter Than Fiction vá para o streaming porque adoro a música e acho criminoso não a poder ouvir. Também acho criminosa esta mania de ter músicas que não vão para CD, Taylor. Para com essas coisas.

From The Vault

Desde que passámos umas boas horas a resolver puzzles no Google para ter títulos de músicas from the vault não consegui criar grandes expectativas sobre o que seriam estas músicas. A única que deixava uma certa ideia no ar era “Slut!” porque assumimos (sim, sim, isto foi coletivo) que ia ser ali uma espécie de versão reputation em 1989, meio zangada. Acho que ninguém esperava uma música calminha. Gostei particularmente do facto de ser uma música com vibes sonhadoras que, depois, revela várias camadas com várias críticas à forma como ela era tratada nos media na altura: a ideia de que ela era uma serial-dater e que isso manchava a sua imagem (I’ll pay the price, you won’t) ou de que o slut-shaming de que era vítima a definia nas suas relações (And if they call me a slut / You know it might be worth it for once).

Como podes ver no TikTok que fiz, à primeira as músicas de que mais gostei foram Say Don’t Go e Is It Over Now?, algo que não mudou. Adorei que Say Don’t Go parecesse um prelúdio de Clean: é aquela fase em que sabemos que acabou, mas ainda não conseguimos mesmo despedir-nos porque ainda resta alguma esperança (Halfway out the door, but it won’t close / I’m holdin’ out hope for you to) e depois finalmente fechamos a porta e vem Clean.

Is It Over Now? é claramente uma das melhores músicas from the vault e funciona muito bem como final de álbum (se esquecermos as versões extra). É a terceira irmã de Out Of The Woods e I Wish You Would e só por isso já merece todo o meu amor. Além de estar obcecada com a bridge (quem não?) amo profundamente aqueles but no! que surgem lá pelo meio. Já disse que é uma das melhores músicas from the vault? Já?

Now That We Don’t Talk tem um ritmo ótimo, adorei logo, mas o facto de terminar tão abruptamente é desarmante. Vi alguém no TikTok comentar que a música termina tão abruptamente como uma relação às vezes termina e gostei dessa associação, por isso adotei-a também.

Por fim, a música de que menos gostei neste vault foi mesmo Suburban Legends. Soou-me a Mastermind e acho que é propositado. Já disse várias vezes que encontro, no Midnights, muitas ligações a outros trabalhos da Taylor (tem um bocado de Red, de reputation, de 1989) e, conhecendo a Taylor como conhecemos, sei que é propositado. Honestamente, adoro que ela ligue músicas de várias eras. Acho que é muito interessante quando há essas referências. Só não consegui gostar tanto de Suburban Legends.

We sing it proudly

Há álbuns que nos marcam de tal forma que não conseguimos imaginar a nossa vida sem eles. O 1989 é um desses álbuns. Não foi o álbum que me tornou fã da Taylor, mas é o álbum dela que incluo sempre na lista de álbuns da minha vida.

Não tinha Nova Iorque, mas tinha Lisboa, chegada há um ano. Estava prestes a entrar nos 20. Estava a tentar viver a minha vida depois de um coração partido devastador. A tentar aprender a escrever quando todos pareciam dizer que era mau alguém se dar comigo porque eu escrevia sobre a minha vida. A tentar perceber como é que, sem namorado e sem ninguém saber nada da minha vida amorosa em Lisboa, eu tinha de levar com slut shaming louco na caixa de comentários do meu blog — e fora dele.

A Taylor consegue sempre unir-nos num fio invisível porque, depois de um coração partido, eu também queria ter um grupo só de amigas — e isso era visto como algo duvidoso —; eu também levava com comentários maus por escrever sobre a minha vida; eu também levava com slut shaming; eu também não estava em paz comigo e com o meu corpo.

O 1989 foi o meu melhor amigo. O que me compreendia. O que sabia exatamente o que se estava a passar na minha vida. Desde que entrou nunca mais saiu e fez muito sentido em tantos momentos. Ainda hoje faz.

Poder voltar a ele agora, a entrar na última parte dos 20, é especial. Tentei ao máximo baixar expectativas e sinto que foi por isso que passei o primeiro dia a ouvir o álbum e a maravilhar-me com pormenores como se fosse a primeira vez.

Acho que o melhor destas regravações é podermos vivê-las com uma certa leveza e com mais companhia. Ter o 1989 de volta à sua mãe é um momento especial. Ter o 1989 de volta à minha vida com mais músicas é algo muito especial. Sei que na verdade não volto sempre a ele porque nunca o deixo. E não quero deixar.

One Reply to “taylor swift: 1989 (taylor’s version)”

  1. 1989 foi, sem dúvida, o álbum da Taylor que eu mais ouvi quando saiu e continua a ser o meu queridinho.
    Tal como tu, também notei a diminuição de ritmo da “Shake It Off”, mas não me chocou. A “Is It Over Now?” e a “Say Don’t Go” entraram para o meu top de favoritas dela. Estou viciada, socorrooo! Ahah

    É incrível como uma música, um álbum e uma artista conseguem ocupar um lugar tão especial na nossa vida e e nas nossas memórias 🥰

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