- Quando: 1 de junho de 2023
Ninguém Escreve ao Coronel foi o segundo livro que li do García Márquez — curiosamente, foi o segundo livro que ele publicou. Foi na primavera de 2014, penso eu. Sei que estava em casa do meu tio e ele disse que podia sentar-me ali a lê-lo porque de certeza que o lia todo durante a tarde. No ano passado, na minha missão de reunir todos os livros dele, comprei o meu exemplar.
Este livro tem duas das minhas coisas preferidas da escrita da García Márquez: a simplicidade das histórias e a economia de palavras. Ninguém Escreve ao Coronel é a história do Coronel. O Coronel foi um dos oficiais da revolução colombiana e, depois de se reformar, passa os dias à espera da carta que lhe dará a pensão destinada aos veteranos de guerra.
— Parecem sapatos de órfão — protestou. — Sempre que os calço, sinto-me fugido de um asilo.
— Nós somos órfãos do nosso filho — disse a mulher.
A carta nunca mais chega e tudo o que Coronel tem é uma mulher doente e o galo de luta que o filho deixou quando morreu. A família é extremamente pobre e é constantemente obrigada a vender bens para conseguir alimentar-se e, acima de tudo, alimentar o galo — que, juntamente com a pensão de guerra, traz esperança, uma vez que é suposto ser tão bom na luta que vão conseguir ganhar algum dinheiro.
É uma história simples, mas marcante. A esperança do Coronel é notável: todas as sextas-feiras vai esperar o barco que traz o correio sempre à espera de uma carta que não chega e nem por um momento pensa na hipótese de o galo não ganhar a luta em que vai participar.
Ninguém Escreve ao Coronel é uma das minhas histórias preferidas de García Márquez. Não tem grandes artefactos e, no entanto, consegue ter uma escrita tão bonita e apelativa.
Título original: El coronel no tiene quien le escriba
Título em português: Ninguém Escreve ao Coronel
Autor: Gabriel García Márquez
Ano: 1961 (PT: 2006)
Quero muito ler este *-*