Durante alguns meses de 2020 mencionava tantas vezes a expressão ar nas ventas que cheguei a dizer que devia ser o título do meu podcast. De todas as expressões regionais que certamente terei em mim, nunca pensei que apanhar ar nas ventas fosse aquela que mais acabaria por me definir, mas cá estamos.
Deixei praticamente de fazer caminhadas na Maia. Primeiro veio a preguiça, depois veio a chuva e por fim as obras ocuparam as minhas partes preferidas. Agora, quando ando mais é quando saio da Maia, seja só para ir ao Porto ou para passar dias com a Lady. Sei, claro, que houve algo mais a levar-me a deixar as caminhadas de lado: tenho uma certa tendência ao isolamento quando as coisas começam a correr mal e a tornar-se sufocantes.
Como já me conheço há algum tempo (mais ou menos, vá, não fomos sempre assim tão próximas), sei que chega a um ponto em que tenho de me obrigar a sair de casa, ir fazer coisas, apanhar ar nas ventas e sentir por um bocadinho que não estou em apneia. Normalmente sei que chegou a altura de o fazer quando noto que estou a magoar a minha escrita. As palavras começam a sair a ferros, não soam tão bem, parece que também elas estão a sufocar.
Aqui há dias obriguei-me a sair de casa, apanhar ar nas ventas e ir escrever para uma esplanada. A minha escrita agradeceu com mil e tal palavras a fluírem tão naturalmente que pareciam destinadas a acontecer. Às vezes, o melhor que podemos fazer por nós (e pela nossa escrita) é mesmo sair de casa e apanhar ar nas ventas. Ajuda um bocadinho.
Na qualidade de pessoa que também tende a isolar-se, sempre que precisares de ir apanhar ar nas ventas, é só dizeres! Tenho muitas conversas parvas na algibeira e cadernos a precisarem de ser preenchidos ahahah
E muitas ideias de negócios empreendedores a precisar de serem discutidas, claro!
(Eu sei 🫶)