2024, não nos f****!

Chega o final do ano e uma pessoa começa a pensar em favoritos, retrospetivas e objetivos. Às vezes estas publicações vêm em modo quase automático, outras vezes vêm em modo ultra-retrospetiva. Às vezes vêm a encarar o ano novo com esperança, entusiasmo e positivismo, outras vezes vêm a encarar o ano novo com apreensão, desconfiança e algum negativismo. E depois vêm os anos bissextos.

2020 é uma espécie de trauma partilhado entre todos. De repente todos deixámos de saber com o que contar, todos nos vimos envolvidos numa realidade alternativa que parecia vinda de uma distopia estranha em que não podíamos sair de casa por causa de um vírus e o que fazíamos em casa era treinar pelo Instagram, experimentar receitas de pão caseiro e enviar o emoji do arco-íris só porque ia ficar tudo bem.

Falando sobre mim, sinto que os anos bissextos costumam sempre ter alguma porrada reservada para mim e não gosto. Nisso, acho que 2020 até foi um ano bissexto fofinho porque como parou tudo eu também não me pude sentir mal por não estar a conseguir arranjar trabalho — ninguém estava a conseguir arranjar trabalho. E depois até consegui. Mas os outros… 2016 ainda me causa suores frios e pesadelos ocasionais.

No entanto cá estamos à beira de um novo ano bissexto com alguma cautela e apreensão, mas também algum positivismo e entusiasmo (que mais não seja porque tenho bilhetes para a Eras Tour). Não há emojis de arco-íris, mas esta preparação psicológica para um shitshow de ano bissexto permite uma certa tranquilidade.

Se não fosse pedir muito, queria só pedir algo: 2024, não nos fodas! Já chega dessas brincadeiras de pandemias e confinamentos. Já chega desses jogos de kickboxing. Sim, houve uma altura em que quis experimentar, mas claramente não é preciso levar tanta porrada. Não nos fodas, é só isso. Dá-nos um ano normal, tranquilo. Custa assim tanto? É que já nos deste eleições legislativas, portanto já estamos todos aqui a sofrer do chamado medinho-daqueles-anormais, é suficiente para marcar o ano — aliás, vai marcar quatro anos. Não chega bem no ano em que se comemoram 50 anos do 25 de abril estarmos com medo de ditadores outra vez?

Acho que não te custa muito trazeres coisas decentes para o resto das áreas. Já sabemos que a política é o que é, a crise habitacional vai continuar, os professores vão continuar a fazer greves, assim como os profissionais de saúde e os maquinistas da CP. Não vale a pena pedir-te o fim das obras na linha da Beira Alta, que já sabemos que é para 2024+1 ou +20, sabe-se lá. Portanto acho que podias trazer coisas decentes para compensar isto. Sei lá, traz mais orgasmos e bons beijos, menos machistas e mais conversas revigorantes, traz mais terapia para quem precisa, livros bons e concertos que nos marcam para sempre, um trabalho decente e um ordenado que te faça sair do limiar da pobreza.

Não parece muito, pois não? Não nos fodas, 2024.

2 Replies to “2024, não nos f****!”

partilha a tua teoria...