poesia [eugénio de andrade]

Pronto, se calhar para este ano já chega de calhamaços de poesia, não é? Comecei o ano com a Obra Poética da Sophia e agora venho falar de outra antologia poética, desta vez Poesia, de Eugénio de Andrade. 672 páginas de poesia. Não sei, amigos, não sei. Quer dizer, até sei. Agora que tenho lido mais poesia começo cada vez mais a pensar que a forma como nos incutem a poesia na escola pode estragar tudo. Cada vez mais acredito que, para gostarmos de poesia, temos primeiro de nos deixar envolver por ela e só depois pensar nas entrelinhas. Se não tivermos de estar primeiro a tentar decifrar os significados escondidos dos versos que lemos vamos certamente tornar-nos mais disponíveis para os poemas. Digo isto com o conhecimento de quem leu três livros de poesia este ano.

Eugénio de Andrade não fazia parte da minha lista de poetas a descobrir, mas decidi que o facto de ele ser o autor homenageado da Feira do Livro do Porto de 2024 era um pretexto interessante para o conhecer e, também, para criar uma ligação diferente à Feira. Sem saber muito bem para onde me virar, escolhi Poesia e, por sorte, uns dias antes de a Feira começar uma promoção jeitosinha permitiu-me comprar o livro a um preço muito simpático.

Tu já tinhas um nome, e eu não sei
se eras fonte ou brisa ou mar ou flor.
Nos meus versos chamar-te-ei amor.

Há na poesia de Eugénio de Andrade uma simplicidade e beleza nas quais não tinha reparado quando era obrigada a analisá-lo. Muitos dos seus poemas falam sobre natureza e sobre amor — por vezes sobre ambos —, mas parece-me mesmo que muitos deles não pretendem ser muito mais do que são: pequenos repositórios de sentimentos.

Mantenho aquilo que já disse várias vezes: para mim, a poesia tem sido um belo reencontro, sem me sentir obrigada a analisá-la como se a minha média de fim de ano dependesse disso. Agora não tenho nenhum calhamaço poético em vista, mas é ficar atento. Nunca se sabe o que me apetece ler a seguir.

Título original: Poesia
Autor: Eugénio de Andrade
Ano: 2000
Lido entre: 21 de agosto e 8 de setembro de 2024

poesia Eugénio de andrade

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