O assunto é sensível, mas sabia que chegaria o dia em que me iria dedicar a ele — quando o From Zero saísse seria altura de falar dos novos Linkin Park.
Depois da morte do Chester, nunca percebi muito bem o que queria que acontecesse aos Linkin Park. Não me parecia que aquilo fosse o fim, mas também não sabia se queria que fosse o início de uma nova versão da banda. Por um lado, queria que um dia, quando se sentissem prontos para isso, fizessem uma tour, queria que continuassem a lançar raridades e, quem sabe, se juntassem para tentar fazer música sem o Chester, mas nunca quis bem que houvesse outro vocalista ali para algo novo. Imaginava que aquilo não seria o fim, mas talvez pudesse haver tours tipo as dos Queen com o Adam Lambert — alguém para cantar as partes do Chester, se assim fosse necessário. Percebi recentemente que afinal não queria outra pessoa a cantar as partes do Chester.
Sete anos após a morte do Chester, os Linkin Park decidiram regressar com música efetivamente nova e com algumas alterações na banda. Não sou tão purista ao ponto de dizer que, sem o Rob na bateria, com a Emily na voz e com o Brad a participar apenas em estúdio, deviam ter mudado de nome. No entanto senti alguma resistência inicial — não às músicas novas que iriam apresentar, mas às músicas antigas que continuariam a tocar. Continuo a sentir essa resistência e ainda me causa estranheza ouvir as músicas de sempre na voz da Emily. Tudo o que é novo me parece encaixar na perfeição na voz dela, tudo o que é anterior me parece fazer parte de outro universo ao qual ela não pertence.
From Zero é um álbum à Linkin Park, sim. As letras, as melodias… tudo me soa a Linkin Park. O círculo perfeito de um álbum curto que começa com uma introdução que liga na perfeição à última música é algo muito ao estilo da banda e é impossível dizer que a voz da Emily não encaixa aqui na perfeição. O rock de sempre, os raps do Mike, a bateria enérgica… From Zero pode muito bem ser o álbum rock do ano e merece-o. «The Emptiness Machine» foi uma ótima introdução, «Over Each Other» e «Two Faced» são quase perfeitas e, no conjunto, estas músicas parecem levar-nos mesmo ao ponto zero e não deixar espaço a outros géneros musicais: From Zero parece devolver os Linkin Park ao rock, mas diria que não será uma devolução total. Afinal, os Linkin Park que conhecemos nunca foram de ficar num só lugar.
A banda andará em tour no próximo ano e, para já, não há datas em Portugal. Gostava de os voltar a ver ao vivo, mas será que ao vivo se dissipa a minha resistência? É que adoro o novo álbum, mas gosto mais quando é o público a ocupar a voz do Chester. Mas, bem, estes são os novos Linkin Park. É seguir com eles.
Não costumo acompanhar de perto da banda, confesso.