Há algum tempo que tinha curiosidade em descobrir a escrita da Ana Bárbara Pedrosa, no entanto fui sempre deixando para trás. Como ela era uma das autoras do mês do Alma Lusitana encontrei a oportunidade certa para a ler e pedi à Andreia que me emprestasse Lisboa, Chão Sagrado, o primeiro livro da autora.
Lisboa, Chão Sagrado traz cinco personagens: Eduarda, Mariana, Noé, Matias e Dulcineia. Inicialmente, parece que Eduarda e Mariana serão o foco da história, um amor entre duas mulheres com uma grande diferença de idades, mas rapidamente Noé se envolve, e depois Matias e ainda Dulcineia, mostrando que as ligações entre si são mais fortes do que podia parecer. Entre Portugal e o Brasil — e um saltinho à Palestina —, é um livro em que estas personagens navegam entre o amor e o desamor, a tristeza, o luto e até a decadência.
— Em Lisboa, você pode decidir ficar um dia em casa lendo, assistindo tevê. No Rio, não dá. A cidade te puxa para fora, a vida é voltada para a rua. Você dorme e quase sente culpa disso, parece que tá virando as costas à vida.
É um livro cru, arrojado, com uma certa animalidade que parece ultrapassar até as cenas mais sexuais de todo o livro e as tão comuns dificuldades de comunicação — umas vezes vindas pela língua, outras pelo facto de serem humanos. No entanto é também um livro em que temos a simplicidade do desejo de quem tenta encontrar-se nos outros sem saber onde mais se procurar.
Confesso que, apesar do feedback que a Andreia partilhou, não contava com um livro com tanto conteúdo sexual. Não me incomodou, mas surpreendeu-me: é realmente arrojado uma autora portuguesa se estrear assim. Não acho que este vá ser um daqueles livros que me vai marcar durante muito tempo, mas abriu-me as portas à obra da Ana Bárbara, onde acredito que regressarei no futuro.
Título original: Lisboa, Chão Sagrado
Autora: Ana Bárbara Pedrosa
Ano: 2019
Lido em: 17 de novembro de 2024
Gatilhos: conteúdo sexual explícito