Chegámos finalmente à parte divertida de qualquer história: a escrita! É sempre a melhor parte, mesmo que por vezes possa dar dores de cabeça. Ver a história que temos na nossa mente ganhar vida é absolutamente mágico, por isso é que escrever é tão maravilhoso. No entanto há que ter atenção a uma coisa: escrever contos é diferente de escrever um livro. Logo na primeira parte desta série falei-vos de tamanhos e o facto de um conto ter, normalmente, até 7500 palavras pode parecer uma limitação muito complicada. Mas não é bem assim.
Ser uma história curta é uma das grandes vantagens que vejo em contos. Primeiro: não precisamos de nos preocupar demasiado com descrições. As descrições podem ser uma dor de cabeça para muita gente e, nos contos, podemos limitá-las ao indispensável, o que eu acho uma excelente vantagem. Deixemos as descrições longas do ambiente, das casas e do Ramalhete para o Eça de Queirós. Segundo: embora possam parecer poucas palavras para contar uma história, muitas vezes não precisamos assim de tanto para contar uma história. O segredo está em não engonhar e não nos obrigarmos a escrever mais cenas só para encher ou para dar mais subplots ao plot principal. Foquem-se na história principal e deixem os subplots para outra altura.
Agora, há outra coisa importante. Na publicação passada incentivei-vos a começar logo a escrever, mas não é necessário escrever tudo de rajada. Há algumas coisas que acho melhor fazerem-se antes de avançar demasiado na escrita: pesquisa e organização da mesma, construção das personagens e definição de cenários. Em contos, a pesquisa não tem de ser tão exaustiva porque não têm espaço para a desenvolver por completo, mas convém terem os pontos mais importantes para conseguirem fazer a vossa história de acordo com o que pesquisaram.
Sobre construção de personagens, já falei numa publicação e até vos deixei uma ficha para poderem criar a vossa personagem. Mesmo em contos, acho que quase todas as características das personagens são necessárias para conhecermos quem estamos a criar e sabermos como as apresentar no conto. Terem boas personagens vai ajudar muito o vosso conto, por isso não descurem esse facto.
Sobre os cenários: se for passado num local real, anotem isso e algumas características simples que faça sentido mencionar no conto e deixem presente no imaginário o sítio onde a acção se passa. Se for passado num local que não existe há duas opções: se o local não é totalmente importante, então não se preocupem demasiado em criar uma imagem mental de como é. Meia dúzia de pontos chegam para saberem como é. Mas se o local é imaginário, como em fantasia ou distopias, talvez queiram fazer um bocadinho de world building antes de escrever. Não sou especialista em world building, nunca fiz. Mas basicamente consiste em criarem o mundo em que se passa o conto e todas as suas regras, como, por exemplo, a J.K. Rowling faz em Harry Potter, com o mundo da magia. Como é um conto, não precisam de tantos pormenores, mas o básico do mundo tem de estar lá: há muggles e mágicos. Há um ministério da magia. Há uma escola de magia. Os feitiços principais são X, Y, Z. Percebem a ideia? O necessário para os leitores compreenderem o mundo tem de lá estar e quem escreve tem de saber um bocadinho mais do que o que está escrito.
Feito tudo isto. Comecem a escrever, desta vez até ao fim. Vejam o vosso brainstorming, a pesquisa, as fichas de personagens e voltem lá sempre que acharem necessário. Experimentem coisas diferentes e não fiquem obcecados com o número de palavras ou com correcções enquanto escrevem. Se houver algo muito importante a acrescentar ou retirar podem apontar e fazer no fim. Sobre a parte de escrita propriamente dita não há assim tanto a dizer. É escrever. É fazer a história ganhar vida. Em livros, muitas vezes vou fazendo alguma revisão a meio, mas em contos opto por escrever tudo de uma vez e depois é que me preocupo com revisão. E é só sobre revisão que vamos falar na próxima semana.
Estou a aprender tanto contigo, nesta série de como construir um conto! Por favor, continua com o excelente trabalho ♥
Aiiiiiiiiiiii, isso é tão bom!!!! A sério!! Obrigada!! ?
Gosto de escrever contos, nada demais, mas gosto. Aliás na minha secundária fazia-se concursos.
Na minha nunca fizeram… que eu saiba.