Heavy: Sobre Mudança e Inovação

Foram quase três anos de espera. Ontem, os Linkin Park lançaram, finalmente, um novo single, o primeiro do álbum que sairá a 19 de Maio (três meses de espera, socorro!), One More Light. A banda já tinha avisado, em alguns dos vídeos de promoção que foi partilhando, que a música era diferente de tudo o que já tinham feito. É inegável: é diferente. O que não significa que não seja boa.

Desde 2010, quando o álbum A Thousand Suns foi editado, que as críticas ao estilo musical dos Linkin Park têm sido frequentes. Uma banda que ficou conhecida com um álbum incrível como o Hybrid Theory, que foi disco de diamante nos Estados Unidos, que começou com um estilo próximo do nu metal, deve esperar que fazer música diferente do registo habitual dê lugar a várias críticas. No entanto, eu não as percebo.

Os Linkin Park sempre tentaram criar música diferente das que tinham criado antes. O Minutes to Midnight, de 2007, foi um dos álbuns mais vendidos daquele ano e já começava a fugir um bocadinho ao registo habitual. O A Thousand Suns é, sem dúvida, o mais pop que ouvi deles, mas o Living Things e o The Hunting Party também não se centram num único estilo e têm temas incríveis.

É assim que surge Heavy. Não, a música não é heavy. Mas ninguém disse que tinha de ser. Não há raps do Mike, mas não tem de haver. Pela primeira vez convidaram uma voz feminina para cantar com eles e eu gosto do resultado. É um tema que puxa a balada, a música pop e a algo que irá, certamente, passar nas rádios. Isso não me incomoda. Tanto quanto sei, o One More Light pode estar recheado de música incrível.

Mas depois penso nas coisas que li sobre esta música. E na lógica que tenho visto em muitas críticas a artistas. E aí percebo que reina a bipolaridade. Ora vamos pegar num exemplo chamado Adele: o 19, o 21 ou o 25 não são assim tão diferentes. Os temas são sobre o mesmo, o ritmo é similar. Não há grande inovação. A Adele mantém-se, no geral, fiel ao estilo de sempre. Ao fazê-lo, muitos acham que a música dela se tornou aborrecida, que não há inovação, que cansa. Outros acham que é assim que deve ser, porque é o registo dela, o registo de sempre.

Agora, vamos pegar noutro exemplo, desta vez um exemplo chamado Beyoncé. A Beyoncé começou com um estilo entre o pop e o r&b. Ouvir a Beyoncé do Dangerously in Love não é ouvir a Beyoncé do Beyoncé e muito menos do Lemonade. Ela experimentou algo diferente, saiu do registo de sempre, criou algo novo. Com isto, há duas reacções: a das pessoas que adoram que ela crie algo novo, que inove, que não fique presa a um estilo e se re-invente, para não se tornar aborrecida; e a das pessoas que acham que ela devia ficar sossegadinha da vida, que estava bem antes, que não devia inventar.

O que é que concluímos disto? Que é impossível satisfazer toda a gente porque nem todos querem o mesmo dos artistas que ouvem. Se eu adorava ouvir Linkin Park fazer um álbum como o Hybrid Theory? Quem não, não é? Mas acredito que eles não queiram estar sempre a fazer o mesmo tipo de música, que gostem de experimentar algo novo e diferente.

Eu também prefiro que os artistas não inventem, mas gosto de que se re-inventem. Que façam música de que gostam, porque quando o fazem a música fica melhor. Eu gostei da Heavy. Os números no last.fm não me deixam mentir. No entanto, é óbvio que espero mais e melhor do novo álbum. Só não espero que seja igual a tudo o que já ouvi deles.

4 Replies to “Heavy: Sobre Mudança e Inovação”

    1. Certo… bem, vejamos, como explicar… coloquei em repeat e estive a tarde toda a ouvir, sem mudar. Eu tenho um problema ahahahahah

  1. É normal haver mudança, faz parte do crescimento de uma banda e não tem de ser necessariamente mau.
    Tenho que ouvir a nova música 🙂

  2. Sinto exatamente o mesmo que tu e a música está uau! Aliás, esta letra é das coisas que mais se adequa a mim e a esta fase da minha vida e posso dizer-te que já a ouvi, em modo repetição, umas boas cem vezes. Está diferente daquilo que nos habituaram, é certo, mas resultou – pelo menos para mim, escreveram uma das melhores coisas de sempre. É isso mesmo que eu sinto!

partilha a tua teoria...