A vida dá-nos mais porrada do que devia.
Estes ano não foi nada, mas mesmo nada, fácil. Se eu achava que tinha havido alturas difíceis na minha vida, estes últimos doze meses provaram-me que essas alturas foram peanuts comparadas com alguns meses deste ano, principalmente com Outubro. Aprendi que a vida nos dá porrada, muita porrada, e deixa-nos quase KO, a um ponto em que temos de ir buscar forças sobrenaturais para nos levantarmos. Ainda estou a tentar perceber o porquê de levarmos tanta porrada da vida mas também espero aprender a dar alguma porrada à vida, porque isto não pode ser só receber sem retribuir.
Os meus obrigada e gosto de ti são ditos poucas vezes mas têm sempre significado.
Este ano, agradeci muitas vezes e muitas vezes ouvia um não tens de agradecer. Mas tinha. E tenho. Nem sempre agradeço as pessoas que, felizmente, tenho comigo e nem sempre lhes digo o quanto gosto delas, mas quando o faço elas sabem que o digo de forma sentida. Os gosto de ti não saem facilmente de mim, mas quando saem, cara a cara, olhos nos olhos, as pessoas podem acreditar que aquelas três palavras dizem muito mais do que pode parecer. Digo-as cada vez menos, mas digo-as cada vez melhor.
Há erros que cometemos que são tão maus que deveriam ser cometidos novamente.
Cometi um erro gigante umas semanas depois de ter completado 21 anos e posso dizer-vos que o erro foi tão grande que o cometeria novamente, com toda a certeza. Porque aprendi que há erros assim, que quanto maiores são mais mereciam ser cometidos novamente. E é com erros destes que nos vamos moldando. E que vemos quem temos na nossa vida.
Fazer planos é bonito… o pior é quando dão para o torto.
Aprendi que nem sempre conseguimos cumprir os nossos planos como queríamos. Nos últimos meses tracei dois planos e ambos foram pelos ares. Ainda não tracei nenhum plano para recuperar do falhanço destes dois, até porque não tenho tido semanas fáceis, mas sei que, quando o fizer, me vou precaver. É que os planos nem sempre seguem o caminho que esperávamos e mais vale estar preparado.
Estar três anos sem terminar um livro não me define como escritora.
8 de Novembro de 2013. Foi o dia em que terminei um livro pela última vez. Foi há exactamente três anos. Durante muito tempo achei que isso me definia como escritora, que provava várias coisas sobre mim e sobre a minha escrita. Hoje sei que não é assim. Hoje sei que até posso não terminar um livro durante mais uns quantos anos que isso nunca me definirá como escritora.
A solução para qualquer tipo de dia chama-se Let it Be e é dos The Beatles.
Falei da minha história com a Let it Be aqui. Das pessoas que conheço e a quem já perguntei, sou a única que consegue dizer qual a sua música preferida de sempre, só um tema no meio de milhões. Quando me perguntam qual a minha música preferida eu respondo, sem hesitar: Let it Be. Este ano dei por mim a ir buscá-la muitas vezes, em muitos momentos. Dei por mim a cantá-la mentalmente num teste de Fotojornalismo, enquanto esperava por um rapaz para lhe dizer o que sentia por ele, quando ia para casa ou quando percebi a verdadeira natureza de algumas pessoas. Dei por mim a ouvi-la quando queria escrever e não sabia como, quando tinha de chorar o que havia para chorar, quando não conseguia adormecer, quando a vida me dava porrada, quando estava incrivelmente feliz, quando a Dama morreu. Se há música para todos os momentos da minha vida, a Let it Be é essa música. É aquela música que é intocável e que nunca me ouvirão dedicar a ninguém. É minha, só minha, não é para partilhar com ninguém. [fica o desafio: se tiverem uma música preferida, digam-me qual é!]
Os últimos meses de faculdade são um enorme turbilhão de sentimentos e merecem ser aproveitados.
Eu não estava preparada para isto. Não estava mesmo. O último semestre veio e deitou-me completamente por terra: afinal, como é que eu ia saber lidar com todas as mudanças, as despedidas, os turbilhões de momentos e sentimentos? A vida universitária é uma fase incrível e os últimos meses ensinam-nos muito sobre nós e sobre os outros. Valeria a pena reflectir sobre isso, mas escrevi sobre o que aprendi naquela que foi a minha casa académica aqui.
Quando as pessoas se importam realmente elas mostram-no, não arranjam desculpas.
Lembram-se da história da pizza? Foi assim que aprendi que as pessoas que se importam mostram-no, mesmo quando nós insistimos que não queremos falar ou que estamos bem. Os nossos amigos não vão nas nossas balelas, impõem-se. Não insistem nos assuntos mas ajudam-nos a espairecer, levam-nos pizza, compram-nos chocolates, gomas e bolachas daquelas mesmo boas da máquina do -1, perdem uma madrugada a falar connosco quando estamos numa crise de ansiedade, ligam-nos à uma e tal da manhã e ficam a falar connosco durante horas. Os meus amigos são-no em todos os meses e não só em alguns, são-no quer estejam solteiros ou comprometidos, são-no quer eu esteja em Lisboa ou em Fiães, são-no quer precisem de uma viagem de 20 minutos ou de 4 horas para me ver. As pessoas que se importam connosco estão lá, mostram-no, não arranjam desculpas, não nos usam como desculpa. E, sinceramente, só essas pessoas importam. O resto tem a porta aberta… para sair.
Todo o trabalho merece remuneração. É uma pena que nem todas as entidades patronais o percebam.
Porque ainda há empresas que contratam sem capacidades para pagar mais um ordenado, porque se desdobram em desculpas que poderiam ser evitadas, porque se esquecem de que primeiro se deviam preocupar em ter uma equipa a sério e em pagar-lhes e só depois deviam preocupar-se consigo mesmos. É triste trabalhar sem receber dinheiro quando se sabe que há dinheiro e que esse dinheiro está a ser usado para resolver os problemas pessoais da entidade patronal, como se o resto das pessoas não tivesse contas para pagar.
E por falar em trabalho… o bom trabalho normalmente tem sempre efeitos positivos.
Falo, claro, de outro tipo de trabalho. O trabalho que desenvolvemos em qualquer tipo de actividade a que nos dediquemos. Se fizermos um bom trabalho e nos esforçarmos realmente, o nosso trabalho é recompensado e tem efeitos positivos. Sempre soube isto, mas este ano aprendi-o realmente. E foi tudo graças a este blog!
How I Met Your Mother continua a ser uma boa opção.
Fiz outra maratona de HIMYM este ano (depois de 5 anos seguidos a fazê-la já é tradição, não?) e de vez em quando vou buscar episódios soltos. Acho que HIMYM está para mim nas séries como a Let it Be está nas músicas: nos bons e nos maus momentos, na saúde e na doença. Claro que já sei falas de cor, claro que já sei perfeitamente o que acontece em cada episódio, mas não importa. É a minha série. Só queria que me levassem a conhecer o Neil!
Perdoar as pessoas não significa ficar amiga delas. É mais uma forma de lhes dizer para irem à vida delas: nada de rancores, conhecidos para sempre.
Mencionei-a no post sobre as coisas que aprendi na universidade. Este ano eu e algumas das minhas amigas vimos várias pessoas sair da nossa vida. Se em algumas vezes nos custou, noutras foi uma bênção. Perdoei as pessoas que saíram da minha vida, mas nada disso quer dizer que sejamos amigos. Aprendi que temos de perdoar as pessoas e deixá-las ir à vidinha delas porque na nossa não vale a pena querer gente tóxica, principalmente com a certeza de que nunca conhecemos realmente as pessoas. Nunca poderemos ter certezas a 100% mas quando temos dúvidas a 99% mais vale desistir dessas pessoas, não é?
You are what you love, not who loves you.
Este vem de uma música dos Fall Out Boy e faz todo o sentido para mim. Passamos tanto tempo a inferiorizar-nos quando achamos que ninguém nos ama, que vamos ficar sozinhos para sempre, que as nossas relações vão todas à vida… e acabamos por nos esquecer de que não são os outros que nos fazem as pessoas que somos. Somos aquilo que amamos, a nossa forma de ser e de ver o mundo, não somos o conjunto de pessoas que nos ama (ou não).
Eu sou suficiente.
Se alguém nos diz que só nós não chegamos ou nos faz sentir como tal, é garantido que o problema é dessa pessoa e não nosso. Se alguém gosta de nós então nós temos de chegar para essa pessoa. E se essa pessoa não o acha então talvez não goste assim tanto de nós.
Os abraços (ainda) são das melhores coisas deste mundo.
Os dos meus rapazes, os dele, que dizia não ser muito disso, os pseudo-abracinhos dados à minha Dama… os abraços foram, durante muito tempo, excluídos da minha vida, mas é impossível viver sem algo tão bom e valioso. Se receberam um abraço meu em 2016: parabéns! Devem ser realmente pessoas especiais!
A Madeira parece um mundo à parte.
Como é que é possível aquela ilha ter tantas flores e verde e parecer ficar no meio do infinito? Como é que há tantos túneis e como é que está sol quando entramos num túnel e está à chover à saída? Como é que há coisas tão boas quanto bolo do caco com manteiga de alho e aquelas espetadas em pau de louro?
Vais optar por ficar em casa quando te levantares de manhã a sentir-te na merda, de coração partido, sem conseguir olhar para a cara daquela pessoa.
E no dia seguinte vais aparecer nas aulas como se nada fosse porque essa pessoa não tem de saber o que sentes… Mas não te esqueças de que não podes fugir dos sentimentos para sempre e vais acabar por lhe contar, algures num corredor, numa sala ou num sítio totalmente random onde foste umas cinco vezes antes daquele dia e onde vais acabar por ir várias vezes, como se fosse preciso lembrarem-te das palavras que disseste ali. (daqui)
De todas as dores que já tive, nenhuma se compara à de perder a minha melhor amiga.
Nem a não entrada na ESCS, nem o fim do curso, nem ver um certo rapaz com a namorada quando ele não conseguia tirar os olhos de mim, nem cancelar viagens, nem estar desempregada, nem deixar Lisboa, nem ouvir um é melhor não ou um eu não sinto o mesmo depois de uma declaração, nem o voltar a ficar desempregada, nem perder todos os jogos importantes, nem darem uma estrela a um livro meu, nem chamarem-me todas as coisas más do mundo, nem ver amigos nossos voltarem-nos as costas e abandonarem-nos sem motivos. Nada, nada do que já senti de mau se compara à dor de perder a minha melhor amiga. Nada. Porque sim, a Dama era a minha melhor amiga.
Sou uma pessoa positiva disfarçada de negativa.
Eu digo que não, mas acredito até ao fim. Seja nos jogos em que estamos a perder 3-0 e eu acho que até ao fim do tempo de compensação conseguimos ficar a ganhar 4-3; seja nos sets em que o Djokovic está a perder por 5-0 e eu continuo a achar que é possível ele ganhar 7-5; seja em coisas que não envolvem desporto: é aquela relação que ainda pode vir a nascer, é aquele livro que eu ainda vou conseguir acabar, é aquele filme que ainda pode melhorar, é aquela pessoa que ainda pode voltar, é aquela doença de que ainda se pode curar. É assim que eu me desiludo. E que acredito mesmo muito nas coisas.
Em dias bons, tudo aquilo de que preciso na cara é batom.
Nem iluminador, nem corrector, nem rímel, nem lápis… batom é o produto de maquilhagem que faz toda a diferença na minha vida. Toda! E se há dias em que me apetece ir com tudo (base e tudo, e tudo!) há dias em que o batom é a única coisa de que preciso.
A minha vez vai chegar.
Às vezes fico chateada comigo e com a vida porque vejo tanta gente à minha volta a ter oportunidades incríveis e eu, que trabalho para caraças para conseguir alguma coisa, fico a ver navios. A verdade é que já todos nos sentimos assim uma vez ou outra. Há umas semanas, as estrelas quase se alinharam quando surgiu a oportunidade de fazer um estágio num local de renome. Não o pude aceitar porque ainda estava a trabalhar. Dias depois soube que o estágio ia ser remunerado apenas com os subsídios básicos, ou seja, não daria para pagar a minha estadia em Lisboa. Depois, deixei de trabalhar e comecei a ficar chateada com a vida. Gastar dinheiro por gastar, mais valia ter estado a fazê-lo naquele sítio de renome. Entretanto a minha cadela ficou doente e eu conheço-me: se tivesse aceitado aquele estágio não poderia ter estado com ela quando ela precisava de mim. Eu precisava de estar aqui. Se é frustrante ver oportunidades ir e vir? Se é frustrante ver pessoas conseguirem coisas incríveis e eu não as conseguir? Claro que é, mas a minha vez vai chegar. Eu só tenho de continuar a trabalhar por ela.
Muitos parabéns atrasados, Sofia! ♥
Falo por mim, com o passar do tempo passei a dar mais valor ao ~agora~ e às pequenas coisas que o dia me oferece. Não vale a pena ficarmos tristes com alguém ou com alguma atitude menos boa, quem se vai sentir mal somos nós e isso só nos vai impedir de aproveitar mais a vida.
É bom refletirmos sempre um pouco sobre o que aprendemos com mais um ano de vida 😀
let's do nothing today
Obrigada, Vanessa! 😀
Adoro este tipo de publicações! Acabei por me identificar com algumas das tuas aprendizagens, especialmente a do batom! :p
Beijinho*
P.S.: Tu já és incrível, querida Sofia. As coisas incríveis que mereces não tardarão em aparecer!