as (não) promessas quebradas

Let’s do it fucking for real, Lara Jean. Let’s go all in. 

No more contract. No more safety net. 

You can break my heart. Do whatever you want with it. 

— P.S. I Still Love You, Jenny Han

Um dia, em conversa com uma amiga, disse-lhe que estava farta de promessas, que não tinha paciência para ouvir mais promessas que não seriam cumpridas e que preferia que não me fizessem promessas. Sim, eu disse que preferia que não me prometessem nada porque, para mim, prometer algo parecia meio caminho para que essa promessa fosse quebrada. Por essa altura, já eu tinha quebrado a maior promessa que alguma vez tinha feito: não voltarás a apegar-te assim a alguém. Era mais do que óbvio que esta promessa tinha tudo para correr mal, não é? I mean, quem é que, no seu perfeito juízo, acredita mesmo que será capaz de cumprir uma promessa destas? É quase estar a pedir ao universo: põe alguém na minha vida a quem eu me possa apegar demasiado, por favor! E o universo, sempre disposto a dar-nos aquilo que pedimos, mete alguém no nosso caminho. Mas com calma, para que demore muito tempo até estarmos demasiado apegados e, então, seja demasiado tarde.

Mas, como eu estava a dizer, já tinha quebrado a maior promessa que me lembro de ter feito a mim própria (ok, tinha feito uma antes desta mas já a tinha cumprido) e, por isso, no meio de muitas promessas quebradas por pessoas que me eram próximas, decidi que estava farta de promessas. Muitas pessoas tratam as promessas de forma leviana. Dizem “prometo” como quem diz “vou só ali comprar pão”, como se fosse algo banal. Mas não é. Há duas coisas que, para mim, não podem nem devem ser banalizadas: as promessas e os amo-te. É assim há muito tempo, desde que as promessas e os amo-te se juntaram para se quebrar mutuamente. Por isso, depois de quebrar uma promessa feita a mim mesma (mantenho a promessa dos amo-te, ainda assim. E cumpri a do não volto a dizer a não ser que saiba que é mesmo a sério), fartei-me de promessas.

Foi por isso que, quando, depois de me ajudar numa crise de ansiedade, alguém não me prometeu algo que outras pessoas prometeriam, achei aquela atitude boa, uma lufada de ar fresco, algo revigorante. Alguém que não me vai prometer algo que não sabe se é capaz de cumprir? Finalmente!… ou não. Porque mesmo sem prometer o que quer que fosse, sinto que está a falhar, que me está a falhar. Como é que alguém que não fez uma promessa a pode quebrar? Como é que eu posso sentir que me estão a falhar se nunca prometeram não falhar? Sei que não tenho o direito de o sentir assim ou de exigir algo mas dou por mim a pensar: será que as não-promessas também se podem quebrar?

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