Todos temos aquele livro que nos atrai pela capa, que nos deixa curiosos com o conteúdo, mas que, por se ter tornado quase mainstream, não admitimos que nos interessa e, por isso, demoramos meses a comprá-lo. Começamos a conhecê-lo aos poucos. Primeiro, vemos os cartazes. Depois, ouvimos o que as pessoas têm a dizer sobre ele. Então, aproximamo-nos devagarinho. Olhamos o livro de relance, enquanto passamos numa qualquer livraria. Um olhar rápido e insuspeito, de quem se cruza com um livro de que já ouviu falar mas que não lhe interessa à partida.
Depois, numa segunda visita à livraria, permitimo-nos olhar durante um pouco mais para o livro, como quem pondera dar uma oportunidade ao tão badalado livro. Talvez numa outra oportunidade. Vem o terceiro encontro com o livro. Desta vez, na loucura, pegamos no livro e espreitamos a contra-capa. Interessante, bonito, se calhar nem é mau de todo. Pousamos o livro e voltamos à nossa vida. Horas depois, em casa, damos por nós a pesquisar sobre o livro, a querer saber tudo o que há a saber sobre o livro: como é que ele é, quem é o autor, o que é que as pessoas dizem de bom do livro, o que é que dizem de mau. Durante alguns dias, vamos incluindo o livro nas nossas horas de navegar pela internet. Nada de sério, nada de compromissos.
É então que voltamos à livraria. Voltamos à troca de olhares com o livro (como se ele pudesse olhar para nós) e, devagarinho, aproximamo-nos, confirmando que ninguém está a olhar. Novamente, pegamos no livro, voltamos a apreciar a contra-capa, como se fosse a primeira vez. Pensamos que talvez esteja na altura e decidimos, finalmente, abri-lo. Lemos a primeira página. Interessa-nos e, por isso, largamo-lo. Não podemos permitir-nos gostar de tal livro. Não, não, não. Fugimos para longe daquele aliciante livro. Ficamos muito melhor se estivermos longe.
Mas é impossível evitar. Cruzamo-nos com o livro diariamente. Ele entra-nos pela vida. Em pouco tempo estamos novamente numa livraria, com o livro na mão. Folheamos. Lemos algumas passagens. Sabemos que gostamos do livro e que o queremos comprar. Mas também achamos que já temos livros a mais. E que aquele não é o tipo de livro que nós devemos ler. Mantemos esta relação literária assim: pegamos no livro numa livraria, lemos umas frases, fingimos que nem gostamos assim tanto do livro. Até que, depois de meses e meses de teimosia, decidimos que está na hora de pegar no livro e de comprá-lo. Não importa quantos livros temos em casa. Não importa quantos livros poderíamos comprar. Está na hora de admitir que aquele é, de facto, o livro que queremos ler, o livro que nos apaixona, que nos faz sonhar e que nos deixa o coração cheio. Aquele é o nosso livro preferido. E talvez ninguém esteja a falar de livros.
Se eu já não tivesse escrito sobre bibliotecas e finais de livros…quase que me apanhavas!
Busted!
Ai, vida de livrólico é mesmo assim!
A Vida de Lyne
estou proibida pela minha carteira de entrar em livrarias
AI EU NÃO ESTAVA PREPARADO PARA ESTE FINAL AI NÃO EU ESTOU NO CHÃO CRIATURA! Quero ser uma Sofia desta vida! Que pinta!
Eu ia perguntar (antes de terminar o post) que livro te deixou assim, mas fico-me por aqui… chocado.
Woooow, estou a adorar o drama associado a este comentário, Jota! 😀 Vou esperar que recuperes do choque!
E obrigada pelo "Quero ser uma Sofia desta vida!" 🙂