Like a Love Story

Comprei o Like a Love Story sem saber muito sobre ele, apenas com algumas opiniões positivas. Esperava uma leitura leve e foi por isso que a escolhi para me acompanhar num dos fins-de-semana de isolamento. Bem, meio que errei na escolha de algo leve. Este livro, do autor iraniano-americano Abdi Nazemian, tem a sua leveza, sim, mas as partes pesadas ainda me deixam um nó na garganta.

Like a Love Story: Nova Iorque, 1989

Like a Love Story é narrado a três vozes: a do Reza, um rapaz iraniano, de Teerão, que acaba de se mudar para Nova Iorque vindo de Toronto; a de Judy, uma rapariga heterossexual cujo tio, Stephen, está a morrer de SIDA; e a de Art, um rapaz homossexual, melhor amigo de Judy, que vê em Stephen uma espécie de figura paterna.

Quando Reza chega a Nova Iorque já há muito que sabe que gosta de rapazes, no entanto há um fantasma a pairar na sua cabeça, algo que o deixa paranóico e assustado: há cada vez mais casos de SIDA a surgir no mundo e para ele isso significa que gostar de rapazes é o mesmo que uma pena de morte. É com esse medo de morrer em mente que Reza decide que vai tentar, custe o que custar, ser heterossexual. Não pode deixar-se enganar pelos sentimentos que nutre por Art e, por isso, começa a sair com Judy. Já estás a ver onde isto vai dar, não é?

Como um livro leve se tornou pesado e difícil de digerir

Embora a premissa do livro seja, de facto, leve, quase cliché, a leitura não foi assim tão fácil. O Art e a Judy costumam ajudar o tio Stephen nas reuniões do grupo de activistas Act Up, que luta pelos direitos homossexuais, mas acima de tudo pelos direitos de todos os seres humanos terem acesso a medicação que permita alguma qualidade de vida a quem tem SIDA. Isto significa que o tema SIDA acaba por ser muito relevante ao longo de todo o livro, principalmente nos pontos de vista do Art.

Não foi, por isso mesmo, fácil ler todos aqueles relatos de personagens que tinham perdido amigos e namorados para aquela epidemia. Ainda mais difícil foi ver a deterioração do Stephen ao longo do livro. Aqueles nós na garganta ainda não se desfizeram por completo…

Foi isto que me fez gostar mais do livro. Sinto sempre que os livros que retratam realidades diferentes da minha me acrescentam e ensinam muito sobre o mundo. Foi o caso deste livro. Um livro passado em 1989/1990, nos Estados Unidos, sobre homossexualidade e SIDA poderia não me dizer nada, já que nasci em Portugal, em 1994, e sou heterossexual. No entanto senti-me tão próxima das personagens e sofri tanto com elas como se fossem os meus amigos a passar por aquilo.

Para concluir, algumas informações sobre HIV/SIDA

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, em 2018, tenham morrido cerca de 700 mil pessoas em todo o mundo por causa de SIDA. Se os homossexuais são um dos grupos de maior risco, importa lembrar que a SIDA pode ser contraída por qualquer pessoa, independentemente do seu género e da sua orientação sexual.

O Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH/HIV) ataca o sistema imunitário, destruindo as células CD4. O enfraquecimento destas células aumenta a probabilidade de uma pessoa poder ter tuberculose e alguns tipos de cancro. A partir do momento em que a contagem destas células diminui para menos de 200 considera-se que a pessoa sofre de Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA). Estas e outras informações importantes sobre o tema podem ser encontradas no site da OMS.

Em Portugal estima-se que, desde 1985, tenham morrido mais de 10550 pessoas com SIDA, tal como indica este artigo de 2018 do jornal Público.

Título original: Like a Love Story
Título em português: [não existe]
Autora: Abdi Nazemian
Ano: 2019

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2 Replies to “Like a Love Story”

  1. Livros com estas temáticas são sempre relevantes, até porque ainda existe vários preconceitos para quebrar. Não conhecia o livro, nem o autor, mas fiquei muito tentada a lê-lo. Apesar de também ser uma realidade diferente da minha, sinto que me acrescentaria imenso

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