Aquilo que mais me impressiona nas amizade é a capacidade que temos de travar amizades casuais. Não é bem sermos amigos, pelo menos não aqueles amigos a quem queremos contar as novidades e com os quais queremos desabafar as dores dos nossos dias. É um tipo de amizade que só me lembra os princípios das relações casuais: sabemos as informações básicas, trocamos trivialidades e depois cada um vai para seu lado. Em vez de trocarmos mensagens quando temos tesão trocamos mensagens quando estamos solitários.
Impressiona-me ainda mais a capacidade de uma amizade a sério virar amizade casual tão rapidamente. Não é a rotina que leva à casualidade, mas a vida no geral. Na verdade talvez sejam as vidas — a nossa e a da outra pessoa. De repente as vidas são tão diferentes que se começam a distanciar naturalmente. E enquanto nas relações casuais há sempre forma de encaixar a outra pessoa (ou de encaixar na outra pessoa, wink wink), nas amizades casuais simplesmente começamos a ficar cada um na sua pequena ilha, sem vontade de partilhar novidades, sem vontade de desabafar dores.
As amizades casuais são necessárias, atenção. Aquelas conversas de cinco minutos no meio da rua, em que as palavras temos de combinar são proferidas sem qualquer objetivo de as concretizar, são momentos altamente constrangedores e importantes. De que outra forma aconteceriam aqueles diálogos entre pais e filhos: — Quem era aquela, mãe? — Oh, é uma amiga da mãe dos tempos da faculdade. — Nunca tinhas falado dela. — É normal, é insuportável. Sem as amizades casuais como é que reuníamos mais seguidores nas redes sociais?
Pronto, está bem, estou a ser injusta. As amizades casuais são necessárias para termos outros pontos de ligação com o mundo. Está melhor assim?
No entanto, quando uma amizade a sério se começa a tornar casual o que fazemos? Como resolvemos? E será que vale a pena resolver? Ou será que isto também segue os princípios das relações casuais em que, por vezes, precisamos é de uma coisa casual e não de algo tão sério? Havemos de descobrir…