daylight

A noite passada foi, por estes lados, de trovoada. Imenso barulho e as luzes dos relâmpagos a entrarem pela casa dentro. Ora, a Dama tem pavor a trovoada. Treme por todo o lado, fica num stress inexplicável, esconde-se nos sítios mais improváveis… ou seja, foi uma noite complicada. Dormimos pouco e mal e a luz tinha de estar acesa para que a Dama só ouvisse o barulho e não visse relâmpagos. A certa altura da noite, a minha mãe foi dar com a Dama a dormir na casa de banho, de resto esteve a maior parte do tempo no meu quarto, a bafejar ao meu lado, a tentar dormir na minha cama ou a andar de um lado para o outro do quarto, sem saber onde se meter.

Ter um cão não é fácil e todos os dias me deparo com a leveza com que muita gente encara o acto de ter um cão. Não pensam nos gastos, nos cuidados e na rotina em que vão ter de incluir um cão e não sei como é que o conseguem fazer. Claro que, não importa o quanto gastamos, o amor por eles há-de ser sempre maior. Este ano, por exemplo, a Dama teve de ser operada a um tumor mamário, foi aberta de cima a baixo, com uma recuperação lenta e demorada e um colar protector durante semanas. Foi incrível vê-la nos primeiros dias após a operação, em que sentia o coração apertadinho de cada vez que tínhamos de lhe colocar pó cicatrizante e ainda mais apertadinho quando tive de ir para Lisboa e sabia que ela ia ter de ficar em casa sozinha, sem poder fazer grandes esforços (o que excluía uma das suas actividades preferidas: saltar para camas e sofás). Mas ela recuperou de uma forma impressionante para uma cadela da idade dela.

Sempre que sinto o coração apertadinho por causa dela sei que tenho a sorte de ter na família um bicho lindo, meigo (e mimado, porque eu fiz questão de a mimar demasiado quando ela nasceu) e cujo amor que tem para nos dar é mais do que o mundo. Sempre que tenho o privilégio de a ter ao pé de mim sinto-me obrigada a aproveitar cada segundo, porque sei o que custa não a ter. Hoje é o Dia Mundial do Cão, mas todos os dias são dias dela.