Isto pode soar muito dramático, mas a certo ponto acho que os livros não só mudaram a minha vida como a salvaram. Sempre gostei de livros. Quando era pequena, a minha mãe lia sempre para mim e isso fez toda a diferença. No entanto, como falámos esta semana, cresci mais a reler do que a ler livros. Talvez lesse 10 a 20 livros por ano, no entanto sinto que esses livros começaram a mudar-me desde logo.
Podia ir pelos motivos habituais e dizer que os livros aumentaram a minha criatividade e o meu vocabulário, que me tornaram um bocadinho mais culta. No entanto aquilo que os livros fizeram foi ficar do meu lado mesmo quando eu estava sozinha. Quando era pequena e passava fins-de-semana e férias em casa, sozinha, tinha Uma Aventura para me acompanhar. Quando a vida dava tanta porrada que me fazia ir ao chão, os livros estavam lá a amparar a queda.
Os livros ajudaram-me sempre que perdi esperança na vida. Faziam-me acreditar em alguma coisa. Por um lado, lê-los era a distracção perfeita para um mundo imperfeito. Por outro lado, escrevê-los fez-me perceber que ao menos era boa em alguma coisa. Talvez nem tudo estivesse perdido.
No 7.º ano eu já sabia que o que queria fazer da vida era escrever. No ano em que não entrei na universidade li como nunca tinha lido e aqueles 40 e tal livros ajudaram-me a aguentar. Na universidade, quando me senti demasiado inculta para o curso de Jornalismo, os livros ajudaram-me a sentir melhor e a perceber que mesmo que sentisse que não pertencia ali havia um lugar onde pertencia. Os livros nunca me abandonaram. Infelizmente, eu abandonei-os por vezes.
Começo a perceber que algo está mal comigo quando não quero ler, quando não me apetece ver livros à frente. Foi assim em 2012, foi assim em 2016 e foi assim no ano passado. Os livros chegavam-me a casa e eu não conseguia lê-los. Abandono-os, mas volto sempre. Preciso de voltar sempre.
Os livros tornaram-me melhor, fizeram-me encontrar o meu lugar no mundo quando ainda não era moda ter um bookstagram. Os livros ensinaram-me a ser e a estar, a parar e a deixar-me levar por realidades que não me aprisionam. Aprendi com os livros a sossegar a mente, mesmo que nem sempre resulte. Os livros salvaram-me a vida e eu gostava de retribuir. É por isso que gosto de falar deles: a melhor forma de retribuir o que os livros fizeram e fazem por mim é tentar que façam o mesmo por outros. Acho que não estou a falhar na missão.
O livro que ilustra esta publicação é o Remédios Literários.
Esta semana, para celebrar o Dia Mundial do Livro (dia 23 de Abril), todas as publicações do blog estão relacionadas com livros. Esta semana literária inclui 7 publicações, de 19 a 25 de Abril, todas cheias de sugestões literárias.
Estás a desempenhar muito bem a tua missão. E tenho a certeza que inspiras outras pessoas – eu incluída – a querer ler mais e a tratar os livros com todo o cuidado ?
É declaração maravilhosa que tens aqui!
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Eu costumo dizer que os livros foram os meus pais. Numa familia desestruturada, era neles que me refugiava e educava.