Parou tudo! Este é o segundo livro de poesia que leio em 2020! De facto, a poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen consegue cativar-me de uma forma única. Este livro, lido quase de rajada numa tarde de sol, mantém aquela dualidade simplicidade-complexidade que senti em Geografia. Alguns poemas fizeram-me sorrir, outros fizeram-me pensar.
É-me extremamente difícil falar sobre livros de poesia porque sinto que não tenho qualquer autoridade para falar sobre eles. Nas aulas de Português gostava de ler os poemas, mas detestava analisá-los. Uma parte de mim sempre detestou analisar textos. Para mim não faz sentido tentar decifrar o que um autor disse ou quis dizer. Por um lado, a análise pode estar correcta. Por outro lado, e se aquelas palavras forem só palavras? Se não tiverem nenhuma segunda intenção escondida? Acho que foi isso que me afastou da poesia. Se eu nem sempre conseguia compreender os significados escondidos que ela tinha, será que queria mesmo ler poemas?
Para mim, a poesia é a forma literária em que o que mais importa é o que se sente ao lê-la. Talvez exija uma certa sensibilidade ou, pelo menos, uma certa predisposição. Quando li o Milk & Honey, da Rupi Kaur, achei aquilo terrível precisamente porque a única coisa que me fez sentir foi aborrecimento. Quando li o Geografia ou mesmo o Poesia senti muitas coisas, mas nenhuma delas foi aborrecimento. Era como se tivesse aquelas palavras a entrar-me pela vida dentro, prontas para me mostrar que não preciso de ler todas as entrelinhas para encontrar poemas de que goste.
Falar de poesia é quase tão difícil como escrevê-la. No entanto, tenho descoberto uma tranquilidade crescente a lê-la. Voltarei aos poemas de Sophia, onde já sinto a familiaridade de quem regressa a casa. Talvez seja uma coisa de Soph(f)ias.
Título original: Poesia
Autora: Sophia de Mello Breyner Andresen
Ano: 2019 (1.ª publicação: 1944)
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Estive quase para adicionar este livro a uma das minhas encomendas, mas depois decidi ser uma pessoa controlada e não cavar mais a minha lista de livros por ler. Já estou arrependida ahahah
«Nas aulas de Português gostava de ler os poemas, mas detestava analisá-los», tal e qual!