Mudei de Opinião: 6 Coisas de que já não gosto

Sinto que há algumas pessoas que sentem dificuldade em aceitar mudanças de opinião. Tu dizes que já não gostas de maçã e elas lembram-te de que uma vez, em 1999, comeste uma maçã, como se não pudesses mudar de gostos, de ideias, de opinião.

Já mudei de opinião por vários motivos: porque conheci melhor alguém ou alguma coisa e percebi que não era o que eu esperava, porque descobri algo melhor, porque deixei de me identificar com determinada filosofia ou situação, porque estudei melhor um assunto e percebi o lado que apoio. Quantas vezes não teremos já mudado de opinião ao longo da vida?

Nas últimas semanas tem sido algo em que tenho pensado muito e decidi escrever sobre o assunto. No entanto, em vez de fazer um texto de opinião sobre o porquê de mudarmos de opinião e de precisarmos de aceitar essas mudanças de opinião e yada, yada, yada, decidi falar abertamente de seis coisas de que já não gosto, ou seja, seis coisas sobre as quais mudei de opinião.

Já não gosto de...

Lisboa

Para muita gente já não é surpresa, porque houve quem tenha notado ao longo dos dois últimos anos, mas a verdade é esta: a minha simpatia e entusiasmo por Lisboa morreram há muito. Passei férias em Lisboa durante várias alturas enquanto crescia. Sempre quis estudar na Escola Superior de Comunicação Social. Mas também sempre soube que era só uma passagem. Não queria viver em Lisboa para o resto da vida. Depois ainda fiz lá a pós-graduação, mas por vários momentos pensei que devia ter ido fazê-la para outro lugar. 

E, com isso, veio a crescente percepção de que 1) não me identifico assim tanto com a cidade; 2) não tenho nada que me prenda lá; 3) quando estou lá só quero ir embora, quando estou longe não quero estar lá. Acabei por assumir perante mim e perante outros que não tenho paciência e amor que reste por Lisboa, mesmo que a cidade vá sempre ter uma parte de mim. Portanto, quando, no ano passado, precisei de dar o braço a torcer e ir para lá durante seis meses, isso afectou-me de tal forma que passei metade das consultas de psicoterapia a tentar acalmar o coração e a alma.

Acho que Lisboa é daqueles lugares de que gostamos mais quando não vivemos lá e só vamos lá passear e tirar fotos para o Instagram. Houve muitas coisas que me foram afastando de Lisboa e a verdade é que já não gosto da capital do Império. Tolero-a para concertos e curtos períodos de tempo, mas não consigo mais do que isso.

Açúcar no chá

E quem diz no chá diz em cappuccinos e outras bebidas do género.

Não sei se já tinha tocado no assunto aqui no blog, mas nos últimos dois ou três anos deixei de colocar açúcar neste tipo de bebidas e o resultado é já não conseguir bebê-las com açúcar. Aquilo que ainda bebo com açúcar é o café, porque não gosto assim tanto do sabor de alguns deles e o açúcar disfarça. Felizmente, bebo café tão poucas vezes que acaba por nem fazer diferença.

Este hábito mais saudável permite-me saborear as bebidas ainda melhor e confesso que há poucos chás de que não goste ao natural.

Deitar-me depois da meia-noite

Não quer dizer que não aconteça, porque há vários motivos para dormir depois da meia-noite, mas num dia normal já não gosto de dormir depois da meia-noite. Talvez tenha alguma relação com o facto de ter partilhado quarto durante uns quinze ou dezasseis anos, o que me impedia de ficar acordada até muito tarde.

Durante a faculdade foram muitas as noites em que só dormia depois da uma ou duas da manhã (ou mais, quando havia frequências lixadas no dia seguinte) e quando fiz a pós-graduação, em que chegava a casa por volta das 23h, também tinha dificuldade em dormir logo, mas com o tempo e com o trabalho fui gostando cada vez mais de dormir cedo e acordar cedo.

Isto também tem influência noutra coisa: a escrita. Costumava ver séries até por volta das 22h30, ia para a cama e ficava a escrever até mais tarde. Agora o meu cérebro parece mais disposto a escrever durante o dia e a deixar as horas tardias para ler e descansar.

Presets que deixam as fotografias super branquinhas

Também usei, durante algum tempo, presets ou formas de editar que deixavam as imagens mais claras e brancas, mas, com o tempo, deixei de gostar desse tipo de edição. Gosto mais de ver cor, de destacar as cores da fotografia, sejam elas mais claras ou mais escuras.

Alguns artistas e bandas

Quem nunca deixou de gostar de algo que ouvia há 5 ou 10 anos, não é? Acho que é um sinal de crescimento e de afastamento. Um desses casos aconteceu-me há poucas semanas. Estava a fazer uma playlist com tesourinhos musicais que ouvia muito em adolescente e cruzei-me com LMFAO. Lembras-te deles? Ouvi duas músicas e fiquei em choque: eu ouvia esta m****??? Não dá.

Com eles, outros tantos claro. Também já me aconteceu o inverso, em que passei a gostar de artistas de que não gostava, mas isso ficará para outra conversa.

J.K. Rowling

Deixei a pior para o fim. Em adolescente tinha na JKR uma espécie de ídolo literário. Aquilo que ela fez com Harry Potter era uma inspiração para qualquer pessoa que queria escrever e tinha-a em boa consideração. Queria conseguir algo assim.

Ao longo dos anos, em especial dos últimos, a JKR revelou-se tudo o que não quero ver associado a mim e às pessoas que admiro. Foi uma desilusão perceber que ela está mais para Voldemort do que para Hermione Granger, que ela defende coisas terríveis e discriminadoras, que certas coisas que ela vai dizendo sobre o universo HP, anos depois, soam muito forçadas.

A JKR foi uma desilusão e, neste momento, não tenciono gastar dinheiro no que quer que seja que lhe possa dar direitos de autor. Se ela publicasse um livro agora eu não queria ler. Acredito que Harry Potter terá sempre um lugar especial na vida de milhões de pessoas, mas a saga ultrapassou a sua autora e é muito bom que assim tenha sido porque de outra forma não conseguiria continuar a ter livros da saga em minha casa.

Ao longo da vida é possível que mudemos de opinião em dezenas de ocasiões. Umas vezes mudamos para melhor, outras vezes para pior, mas mudamos. Acho necessário admirar e aceitar esse facto. Como não queria dar muitas lições sobre o assunto, porque sei que nem sempre é fácil aceitar que alguém mudou de opinião, espero que esta lista tenha sido mais engraçada de ver e que te tenha permitido tirar as mesmas conclusões.

3 Replies to “Mudei de Opinião: 6 Coisas de que já não gosto”

  1. Só quem está pouco disposto a ver para lá da sua bolha é que pode acreditar que as nossas opiniões se mantêm todas inalteráveis. Mas estas mudanças fazem parte deste belo processo que é crescer. Sinto que a minha maior mudança de opinião foi em relação àquilo que, para mim, é a definição de amizade e de amor, porque, no início, achava que só aquelas que duravam uma vida inteira é que eram verdadeiras. Mas depois percebi que não é assim tão preto no branco. E ainda bem.
    Também não coloco açúcar no chá. Nem no café :p

    1. Sobre amizade e amor já mudei tantas vezes de opinião! Até este ano já mudei de opinião. Vamos aprendendo e acabamos por ganhar novas ideias do que achamos.

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