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Quando comprei Persépolis, no início do ano, dei por mim a pensar há quanto tempo não lia histórias aos quadradinhos. Não li muitas ao longo da vida e, por isso, senti que este livro seria também a oportunidade de descobrir nas novelas gráficas algo mais para me acompanhar. Acabei a ler o livro apenas no fim de Julho, para o tema de Agosto do The Bibliophile Club: banda desenhada ou novela gráfica.

Persépolis é um livro extraordinário, contado em duas partes fundamentais: a infância e o regresso. Aqui, a Marjane conta a sua vida enquanto crescia na cidade de Teerão, no Irão. A história de Marjane cruza-se com a de Teerão e é definida por ela, uma vez que havia revoluções a decorrer. Mais tarde, os pais haviam de a mandar para estudar em Viena, onde ela ficou alguns anos e onde se rebeliou. Depois de quase morrer de pneumonia, regressou ao Irão. No entanto, aquele que era o seu país, a sua casa, estava diferente.

Todo o livro impressiona primeiro pelas ilustrações magníficas e depois pelo ponto de vista da autora, muitas vezes com uma dose de humor. No entanto, estas características não lhe tiram a relevância e a importância dos relatos que partilha, o depoimento de uma menina que cresceu num clima social e político instável e que não compreendia totalmente o que estava a acontecer, mas queria compreender e, por isso, lia.

Gostei muito de ler Persépolis. Sentia-me um tanto ignorante em relação à história do Irão e consegui ter alguma ideia do que por lá se passou e passa, embora saiba que é apenas a perspectiva de uma pessoa. Além disso, vi na Marjane uma mulher forte, disposta a lutar e, mais do que isso, a informar-se porque a informação é uma arma poderosa. Precisamos de mais histórias de mulheres inspiradoras, com muito para contar. Esta é uma dessas histórias.