Decidiste escrever um livro. E agora? As decisões sobre o nosso livro vêm logo no início do processo e, embora não sejam irreversíveis, vão determinar muito sobre a nossa história. Estás preparado para começar a trabalhar no teu livro?
Antes de avançarmos deixa-me lembrar-te de que a essência deste projecto é haver partilha, mas não há verdades universais. Ou seja, eu vou partilhar a minha forma de trabalhar e tu podes partilhar a tua ou tentar usar a minha. Se tiveres formas diferentes de fazer as coisas, partilha-as comigo, para que estas publicações se tornem ainda mais ricas.
A ideia
Normalmente, as ideias chegam-me antes das decisões. Assim que tenho uma ideia escrevo-a tal e qual como ela surge, sem preocupações sobre se faz sentido como está escrito e sem preocupações sobre ortografia e gramática. Aqui o objectivo é apenas ter a ideia apontada e ter algo em que pegar.
Exemplo (baseado no filme Back To The Future):
A minha ideia consiste em: um cientista consegue, depois de anos de experiências, construir uma máquina do tempo. A máquina do tempo funciona dentro de um DeLorean e o melhor amigo do cientista é um adolescente.
Ao escreveres a tua ideia garantes que: 1) não te esqueces dela; 2) consegues começar a trabalhar no livro mais facilmente. Aqui podes ter mais ou menos para escrever, de acordo com o quanto já tens a tua ideia formada. Quanto mais já tiveres pensado mais facilitas a tua escrita inicial, mas não deixes que uma ideia pouco desenvolvida te impeça de começar.
A minha ideia:
Sem revelar tudo, o primeiro impulso para escrever este livro veio há uns seis anos e escrevi 14 páginas dessa história, da perspectiva de uma rapariga de 17 anos. A família dela consistia num pai ausente, no exército, a mãe, o padrasto e uma meia-irmã mais nova. A mãe é vítima de violência doméstica.
No ano passado, sem me lembrar dessa história, escrevi um parágrafo para algo que devia ter feito parte do conto Nas Sombras da Cidade, mas depois não encaixou. Ao reler a primeira história percebi que conseguia juntá-las para o meu propósito.
As primeiras decisões
Só depois de já ter a ideia escrita é que começo a pensar nas decisões que preciso de tomar inicialmente. Aqui há uma liberdade de decisão porque não há um contracto que me obrigue a escrever dentro de determinado tema, género ou tamanho.
Também há outra questão: tomo estas decisões de início para ter um guia para a escrita, mas já foram muitas as vezes em que mudei de ideias em relação ao que tinha decidido. Não há qualquer problema se isso te acontecer.
Decisões a tomar:
- Tema do livro;
- Público-alvo;
- Género literário;
- Local da acção;
- Ano da acção;
- Tipo de narrador;
- Personagens principais;
- Tamanho esperado.
Parece muita coisa, mas vais perceber que apesar de serem as primeiras decisões não são decisões que tens de manter sem voltar atrás e, sem saberes, até já podes ter decidido a maior parte delas. No meu caso, para já a questão está assim:
As minhas decisões:
Tema do livro – famílias;
Género: romance;
Público-alvo: a determinar, mas provavelmente não vai ser restrito;
Local da Acção: indeterminado, mas em ambiente de cidade pequena;
Ano da acção: 2018/2019;
Tipo de narrador: não participante (história escrita na 3.ª pessoa);
Personagens: Diana, Martim, Guilherme e Gabriel;
Tamanho: não definido, mas andará à volta das 45/50 mil palavras.
Como vês, não compliquei muito e tenho alguns tópicos indefinidos. Como eu começo a preparar o meu livro num caderno, à mão, tenho estas informações escritas na primeira página desse caderno. Para mim é importante ter isto decidido de início porque são pontos que vão decidir algumas coisas na escrita. Ora atenta:
Tema do livro – pode implicar pesquisa, mas sobre pesquisa falamos mais à frente.
Género – pode implicar mais preparação antes da escrita, por exemplo construção de mundos de fantasia;
Público-alvo/Narrador – determinam a linguagem e a forma de escrita;
Ano/Local – pode implicar usar expressões diferentes, ou dinâmicas diferentes, por exemplo: não havia internet nos anos 80;
Tamanho – se estás a escrever para um concurso, por exemplo, podes estar limitado em número de palavras.
Agora que já te expliquei quais são as primeiras decisões que tomo quando começo a escrever um livro, está na hora de começar de facto a escrever. Mas será assim tão simples? Na próxima semana quero falar-te sobre mudar de ideias e sobre como, enquanto escrevia esta publicação, decidi alterar algo basilar na minha história.
Até lá, fica o desafio: escreve a tua ideia inicial e toma algumas das decisões (ou todas) de que falei hoje. Se quiseres, partilha-as nos comentários.
AMIGA, ÉS UM ANJO! Sinto-me iluminada, não só pelas dicas, mas sobretudo pelo facto de me ter reconhecido naquilo que partilhaste! Parecendo que não, reforçou ainda mais o facto de estar no bom caminho eheh
De qualquer modo, guiar-me-ei pelos pontos que expuseste! \Õ/
LYNE, IMPERIUM BLOG // CONGRESSO BOTÂNICO – PODCAST
O caminho certo é o que te fizer sentir melhor durante a escrita, mas é bom saber que te identificaste com esta forma de fazer as coisas! ?
Sinto que estes pontos são mesmo intuitivos e, além disso, que são o impulso que necessitamos para avançar com a nossa ideia. Parecendo que não, definir certos aspetos logo no ínicio ajuda-nos a não estarmos tão perdidos.
Apesar de me estar a centrar na poesia, é curioso como segui algumas destas indicações *-*
Ainda agora começaste e eu já estou rendida a esta série!
Ai, que bom saber que é fácil aplicar parte destas dicas a outros géneros!